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Auditores fiscais fazem nota de repúdio contra retaliações a inspeção do trabalho

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O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) no Piauí divulgou uma nota pública de repúdio, na manhã desta quarta-feira (18), sobre as retaliações à Inspeção do Trabalho na fiscalização de empresas que se beneficiam do uso de mão-de-obra análoga à escravidão no Estado. 

“A razão dessa nota é porque a auditoria fiscal do trabalho vem sofrendo interferências do governo e da cúpula do Ministério do Trabalho. O Supremo Tribunal Federal reconsiderou a constitucionalidade da lista suja dos empresários que se beneficiam do trabalho análogo à escravidão, mas a lista, enviada em 2015, nunca foi divulgada para a sociedade”, declarou a presidente da delegacia sindical do Sinait no Piauí, Soraya Lima.
 
A presidente disse ainda que a nota denuncia a exoneração de profissionais em cargos estratégicos da fiscalização, sendo substituídos por pessoas sem conhecimento específico. Para ela, o cargo é de confiança e essa substituição repentina pode vir a prejudicar as denúncias feitas pelo órgão.  

“Essa semana tivemos a exoneração de dois coordenadores em cargos estratégicos, foram substituídos por pessoas sem conhecimento; isso nunca tinha acontecido, mas nós decidimos não empossá-los, pois a convenção e as normas proíbem esse tipo de situação. Nós estamos sofrendo as mais absurdas interferências”,  declarou.
 
Confira a nota pública na íntegra:
 
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) vem a público denunciar uma investida sem precedentes sobre a autonomia da Auditoria-Fiscal do Trabalho, por meio de ataques de autoridades da cúpula do Ministério do Trabalho - MTb à estrutura da Secretaria de Inspeção do Trabalho - SIT. A exoneração de Auditores-Fiscais do Trabalho que compõem a equipe da SIT, seguida de nomeações de pessoas estranhas ao quadro, sem o conhecimento ou comunicação à atual secretária, têm o claro objetivo de enfraquecer e desestabilizar a fiscalização.
 
O pivô da “crise”, fabricada intencionalmente, é a publicação da Lista Suja – cadastro de empresários e empresas que, comprovadamente, exploram o trabalho análogo ao escravo e que foram flagrados pela fiscalização.
 
A publicação foi suspensa no final de 2014 pelo Supremo Tribunal Federal, com decisão revista em maio de 2016. Desde então, o Ministério Público do Trabalho cobra do MTb a volta da publicação da Lista Suja. A SIT atualizou o documento e, há tempos, o encaminhou para publicação, mas a cúpula do Ministério o engavetou. O MPT propôs ação contra a União e obteve liminar recente que determina a publicação imediata, o que ainda não foi cumprido.
 
As investidas contra as atividades de fiscalização não param por aí. Houve tentativas de interferência política direta em ações fiscais que resultaram em interdições nos aeroportos de Brasília e de Porto Alegre, em 2016, quando Auditores-Fiscais identificaram situações de grave e iminente risco para trabalhadores e usuários dos terminais. A SIT manteve as interdições sempre respaldadas em critérios estritamente técnicos e legais.
 
A resistência da secretária e sua equipe a várias outras tentativas de interferências motivaram a retaliação em curso. O Sinait também denuncia que causa estranheza que o Ministério do Trabalho mantenha em sua cúpula advogado militante assessorando o ministro e que oferece entre os serviços prestados em seu escritório particular “a elaboração de defesas e recursos administrativos” na área trabalhista.
 
Além disso, lista outros serviços como “Auditoria trabalhista”, “Delegacia Regional do Trabalho”, “Relações sindicais”.
 
Para o Sinait, isso configura um verdadeiro escândalo consentido pelo governo. Muitas outras situações absurdas estão acontecendo e o Sinait segue vigilante, para que a Inspeção do Trabalho e a proteção aos trabalhadores brasileiros não sejam, mais uma vez, prejudicadas.

 
Carlienne Carpaso
[email protected]

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