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Brasileiro perde o costume de aproveitar pequenas promoções

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O cenário é bastante comum: no final do mês, você resolve fazer algumas contas com seu dinheiro e percebe que não conseguiu economizar nada do que havia programado. A situação não muda com o passar do tempo, e, no final do ano, aquela compra ou aquela viagem tão desejada volta a ser um plano distante. Se você se identificou, temos uma pergunta que pode te ajudar a pensar em como mudar essa realidade. Será que você tem aproveitado as promoções do dia a dia como deveria?

Um levantamento feito com mil pessoas em 70 cidades espalhadas por todas as regiões do Brasil mostrou que o consumidor não anda muito atento a elas. De acordo com os dados, 82% dos entrevistados disseram não se lembrar de ter aproveitado promoções em bens de consumo (alimentos, produtos de limpeza e de higiene) em suas últimas idas ao mercado. Essa desatenção tem a ver com uma mudança de comportamento do brasileiro – que parece ter perdido de vez o medo da inflação que assombrou o País nos anos 1980 e 1990, apesar de o índice ter registrado elevações nos últimos meses.

“Antes tínhamos a ‘compra do mês’. Você recebia o salário e ia gastar no mesmo dia, sabendo que os preços logo aumentariam. Isso vem caindo em desuso em detrimento da ‘compra de ocasião’. Você tem mais segurança para ir mais vezes ao ponto de venda”, afirmou Davi Bertoncello, presidente da  brasileira Hello Research, empresa que realizou a pesquisa. “O problema é que, quando fazia compra programada, você ia geralmente com uma lista com os preços que os itens estavam na última vez, para não pagar muito mais caro, e essa comparação de custo também deixou de ser feita. Assim não tem como identificar os descontos”, completou.

As informações são compatíveis com os números. Em um curto intervalo de 15 dias, 71% dos entrevistados frequentaram algum tipo de supermercado. A liderança ficou com as mulheres, com 75% da frequência, mas não muito distantes dos homens, com 66%. Os mais assíduos foram os indivíduos com idade entre 25 e 34 anos, com 76%. Por região, destaque para o Sudeste, onde a frequência de visita chegou a 77%.

Outro dado desse levantamento merece destaque. Os consumidores que menos se atentaram às promoções, com índice de lembrança de apenas 14%, foram os de menor poder aquisitivo, pertencentes às classes D e E. “Os que mais deveriam se preocupar com cada centavo gasto são os que mais passam batidos pelos descontos. No final das contas, por essa falta de atenção, eles perdem oportunidades importantes de fazer economias. Não param para pensar que, somando a economia de centavos de um detergente ou uma carne moída, podem ter mais de um salário mínimo economizado em um ano inteiro”, contou Bertoncello.

Uma boa dica, então, é voltar aos hábitos antigos. Não é necessário retomar a prática da “compra do mês”, mas, mesmo indo ao mercado toda semana, você pode fazer anotações com os valores dos produtos ou apenas guardar a nota fiscal. “Desta forma, na próxima vez em que for às compras, poderá fazer um comparativo mais claro de preços para ver qual promoção é verdadeira e qual não é. Precisamos entender de uma vez por todas que a soma dos pequenos descontos tem, sim, um grande impacto no bolso ao final do ano. Esse é o principal aprendizado que tivemos com a pesquisa”, disse presidente da Hello Research.

Eletrodomésticos e eletroeletrônicos
Ainda de acordo com os dados, esse cenário se inverte completamente quando os produtos em questão são não mais os bens de consumo, mas os bens duráveis (eletrodomésticos e eletroeletrônicos). No caso deles, o instituto identificou que 13% dos brasileiros fizeram alguma compra nos últimos três meses, sendo que 51% adquiriram o item em promoção.

Os 51% revelam que a atenção dos consumidores aumenta com as promoções de bens duráveis. A compra é mais cara, o comprador tende a acreditar que está economizando muito quando paga R$ 500 a menos em uma TV que custaria R$ 13 mil. Ele deveria entender que os descontos somados das compras do dia a dia representam um desconto ainda maior”, afirmou.

Lojistas
Mas calma, o problema não é só com você, consumidor. Os estabelecimentos de venda também têm uma parcela de culpa nesse baixo índice de aproveitamento. Para Bertoncello, o varejo tem que trabalhar para conseguir desenvolver mecânicas mais persuasivas ao criar e demonstrar suas promoções.

“O diálogo promocional de marcas está sofrendo um impacto do ‘tudo é promoção, nada é promoção’. O cliente é bombardeado por promoções o tempo todo. Essa ‘enxurrada’ faz com que ele desconfie. Será que é verdadeira ou será que só querem me fazer acreditar que seja? Isso também tem que ser revisto”, criticou.

Fonte: Terra

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