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Câncer de tireoide: conheça os principais sintomas da doença

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Embora nem todo mundo tenha conhecimento e ainda considere a doença rara, o câncer de tireoide é, atualmente, a quarta neoplasia (tumor) maligna mais frequente em mulheres brasileiras.

Outro fato que chama a atenção é que: a tendência, de acordo com Carolina Ferraz, endocrinologista do Centro de Nódulos em Tireoide, do Hospital Samaritano de São Paulo, é o câncer de tireoide ultrapassar a incidência do câncer de mama.

Ludmila Koch, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a tireoide (ou tiroide) é uma das maiores glândulas endócrinas do corpo humano, com peso aproximado de 15 a 25 gramas (no adulto). “Tem a forma semelhante a uma borboleta, escudo ou letra H. Está localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo do ‘Pomo de Adão’ (uma cartilagem da laringe) e possui dois lobos laterais, um de cada lado da traqueia unidos na linha média por um istmo”, diz.

Carolina comenta que, quando o assunto é tireoide, a maioria das pessoas pensa apenas no excesso de peso e/ou em queda de cabelo. Mas a tiroide é responsável por regular a função de importantes órgãos, como coração, cérebro, fígado e rins, por meio da produção de hormônios.

Quem está mais propenso a ter câncer de tireoide?

O câncer da tireoide é a neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino. Ludmila explica que a frequência em mulheres é duas vezes maior do que nos homens. “Supõe-se que haja alguma relação com os hormônios, mas ainda não há pesquisas definitivas”, diz.

Ainda de acordo com a oncologista, cerca de 5 a 10% dos casos de câncer de tireoide têm história semelhante na família. “O carcinoma medular de tireoide pode estar associado a uma síndrome genética com forte componente hereditário familiar, chamado Neoplasia Endócrina Múltipla (NEM)”, explica.

Porém, destaca Ludmila, a principal associação de câncer de tireoide ocorre em pacientes que receberam radiação em suas glândulas tireoides. “O risco de câncer de tireoide radioinduzido é maior em mulheres, algumas populações de judeus e pacientes com história familiar de câncer de tireoide”, diz.

Dessa forma, pode-se dizer que a causa exata do câncer de tireoide ainda não é conhecida, mas alguns fatores de riscos tornam algumas pessoas mais vulneráveis à doença:

- Sexo feminino;

- Idade superior a 40 anos;

- Exposição à radiação;

- História familiar de câncer de tireoide;

- Nódulo na tireoide.

Vale destacar que ter um fator de risco não significa que a pessoa terá necessariamente o câncer de tireoide, bem como algumas pessoas desenvolvem a doença sem terem nenhum fator de risco. Mas, de toda forma, a prevenção é sempre o melhor caminho, por isso, quem tem um nódulo de tireoide ou qualquer um desses fatores de risco não deve hesitar em fazer uma avaliação médica.

Sintomas do câncer de tireoide

Ludmila explica que, tanto o carcinoma papilífero, quanto o folicular, costumam ser assintomáticos (nas fases iniciais).

De acordo com a oncologista, quando os sinais aparecem, o mais comum costuma ser o aparecimento de nódulo palpável ou visível na região da tireoide ou do pescoço.

Em estágios mais avançados, acrescenta Ludmila, podem ocorrer:

- Aumento dos gânglios linfáticos e do volume do pescoço;

- Dificuldade para engolir;

- Rouquidão (ou mudança no timbre de voz);

- Tosse (que não cessa);

- Dificuldade para respirar.

Vale destacar que outros cânceres de pescoço e outras doenças benignas podem causar os mesmos sintomas, por isso, somente exames detalhados poderão identificar se há mesmo um câncer. E ainda: quanto mais precoce o diagnóstico, maiores serão as chances de sucesso do tratamento.

Os diferentes tipos de câncer de tireoide

Embora nódulos na tireoide sejam relativamente comuns, felizmente, a maioria é benigna, conforme destaca Ludmila.

A oncologista explica que diferentes tipos de células da tireoide dão origem a diferentes tipos de câncer e ainda, determinam a gravidade da doença e o tipo de tratamento.

Abaixo você conhece os diferentes tipos de câncer de tireoide:

Carcinoma papilífero

Representa a maior parte dos casos (cerca de 80%). De acordo com Ludmila, se desenvolve nas células foliculares e têm crescimento lento. “Geralmente atingem um único lobo da tireoide, mas podem apresentar múltiplos focos da doença dentro da tireoide”, diz.

A oncologista acrescenta que, apesar de poder atingir os gânglios linfáticos do pescoço, o tratamento para este tipo de câncer costuma ser bem-sucedido e raramente a doença é fatal.

Carcinoma folicular

Representa cerca de 11 % dos casos e, de acordo com Ludmila, é mais comum em locais em que a população não recebe suprimento de iodo adequado na alimentação. “Ao contrário do carcinoma papilífero, esse tipo de câncer raramente atinge os gânglios linfáticos, mas pode atingir pulmões e ossos”, diz.

Apesar de um prognóstico um pouco pior do que o do carcinoma papilífero, a doença costuma reagir bem ao tratamento, conforme destaca Ludmila.

Células de Hurthle

Representa 3% dos casos e, muitas vezes, é classificado como um tipo folicular. “Tendem a surgir mais tardiamente, cerca de 10 anos depois do que a média de idade dos tumores foliculares de tireoide (que gira por volta dos 45 anos)”, explica Ludmila.

A oncologista acrescenta que não é frequente a propagação para linfonodos (gânglios linfáticos), “mas pode reocorrer localmente, no pescoço ou metastizar para fígado e ossos”, diz.

Esse tipo de câncer de tireoide é visto como uma variante mais agressiva que a folicular.

Medular

Representa 4% dos casos com origem nas células parafoliculares da tireoide. De acordo com Ludmila, em 75% a 90% dos pacientes, esse tipo de câncer ocorre de forma esporádica e, nos demais casos, é uma doença hereditária autossômica dominante.

Anaplásico

Representa 2% dos casos, ou seja, é um tumor muito raro. De acordo com Ludmila, “trata-se provavelmente do tumor sólido mais agressivo. O prognóstico é fatal”.

Diagnóstico do câncer de tireoide

Ludmila explica que a importância clínica da avaliação do nódulo de tireoide é exatamente a necessidade de exclusão de câncer de tireoide. “Nódulos não palpáveis (notados em exames de imagens) têm o mesmo risco de malignidade que os nódulos palpáveis”, diz.

A avaliação inicial, segundo a oncologista, inclui história clínica incluindo: informações sobre os sintomas apresentados, possíveis fatores de risco, histórico familiar e outras condições clínicas. “O exame físico dará ao médico possíveis sinais de câncer de tireoide e outros problemas de saúde. Durante o exame, o médico prestará especial atenção ao tamanho e consistência da tireioide e dos gânglios linfáticos do pescoço. Será solicitada a dosagem do hormônio estimulante de tireoide (TSH)”, explica.

“A avaliação inicial determinará se será necessário realizar uma biópsia aspirativa por agulha fina ou, se o nódulo tem baixo risco de ser maligno, este poderá ser acompanhado por exame físico e ultrassonografias seriadas”, destaca Ludmila.

O exame de ultrassom é recomendado para todos os pacientes, de acordo com Ludmila, “importante para determinar se um nódulo é sólido, a quantidade e o tamanho dos nódulos, e se gânglios linfáticos próximos estão aumentados de tamanho”.

Na biópsia aspirativa, explica Ludmila, o médico utiliza uma agulha muito fina, para aspirar algumas células do tumor – que são posteriormente enviadas para análise.

Às vezes, acrescenta a oncologista, os resultados da aspiração por agulha fina não são conclusivos. “Então é necessária a realização de uma biópsia cirúrgica para obter uma amostra maior de tecido, principalmente se o médico desconfiar que o nódulo pode ser maligno”, diz.

“Os exames de imagem ajudam a localizar a lesão e são extremamente úteis para determinar a extensão da doença (o que se denomina estadiamento do câncer de tireoide), individualizando cada caso. Podem ser utilizados: Radiografia de Tórax, Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Cintilografia da Tireoide ou Tomografia por Emissão de Pósitrons”, destaca Ludmila.

Assim, de forma geral, são/podem ser utilizados para diagnóstico do câncer de tireoide:

- Avaliação de história clínica;

- Exame físico (com atenção ao tamanho e consistência da tireioide e dos gânglios linfáticos do pescoço);

- Dosagem do hormônio estimulante de tireoide (TSH);

- Exame de ultrassom;

- Biopsia aspirativa;

- Biopsia cirúrgica;

- Exames de imagem.

Tratamento para o câncer de tireoide

O tratamento primário, segundo Ludmila, envolve “cirurgia, iodo radioativo adjuvante e supressão dos níveis do hormônio estimulante da tireoide (TSH). É realizado por especialistas em cabeça e pescoço, medicina nuclear e endocrinologia”.

Vale destacar que o tratamento varia, dependendo do tipo de câncer e, também, se ele se espalhou. De forma geral, as opções de tratamento incluem:

Cirurgia: remove-se parte ou toda a glândula tireoide e nódulos linfáticos anormais. Pode-se ainda, em alguns casos, remover os linfonodos próximos (mesmo que eles não estejam visivelmente anormais). Após a cirurgia, a pessoa passa a tomar hormônio tireoideano em substituição aos hormônios de tiroide que não pode mais produzir.

Iodo radioativo: ingere-se uma pequena quantidade de iodo radioativo para destruir o tecido tireoidiano não removido pela cirurgia. Ele pode ainda tratar o câncer de tireoide que se espalhou para os nódulos linfáticos e outras partes do corpo.

Radiação externa: é um tratamento menos comum, no qual a radiação é dirigida para os nódulos de uma fonte externa ao corpo.

Quimioterapia: pode ser utilizada em pacientes com tumor anaplásico, mas dificilmente é utilizada para tratar as outras formas. Na quimioterapia, utilizam-se drogas para eliminar as células cancerosas.

Como prevenir o câncer de tireoide?

Ludmila explica que, infelizmente, não há como prevenir o câncer de tireoide. “O importante é o diagnóstico precoce”, destaca.

Dessa forma, consultas médicas regulares e exames adequados são o melhor caminho. A qualquer sintoma diferente, a pessoa deve procurar orientação médica. E, além disso, é claro, deve estar sempre atenta à sua saúde, fazendo exames em geral regularmente.

Como um dos principais fatores de risco é a exposição à radiação, pessoas que trabalham com radiação ou pacientes que realizam muitos exames que envolvam substâncias radioativas devem ficar ainda mais atentos.

As principais novidades sobre câncer de tireoide

Muitas pesquisas importantes a respeito do câncer de tireoide continuam sendo feitas em todo o mundo. A expectativa é descobrir cada vez mais sobre causas da doença, se é possível evitá-la e melhorar seu tratamento.

Abaixo você confere informações sobre as principais novidades/estudos que têm sido feitos sobre câncer de tireoide:

1. Inibidores de tirosino quinase

Ludmila explica que, quando houver progressão significativa e sintomática e os tumores diferenciados não responderem a iodoterapia, pode-se considerar agentes que bloqueiam a formação de novos vasos sanguíneos, impedindo que as células tumorais recebam nutrientes e oxigênio através da circulação. Isso é feito através de drogas conhecidas como inibidores de quinase, “como, por exemplo, o lenvatinibe, sorafenibe, sunitinibe, pazopanibe, axitinibe, vandetanibe ou cabozantinibe a depender do tipo histológico”, diz.

“Nem todos estes inibidores de tirosino quinase (TKIs) estão aprovados no Brasil e existem muitos outros sendo analisados em estudos clínicos”, acrescenta a oncologista.

2. Causas genéticas

Conhecendo as causas genéticas do câncer de tireoide medular hereditário, fica possível identificar quais membros de uma família são portadores do gene anormal RET – o que pode levar à eventual remoção da tireoide deles para prevenir a doença.

3. A cirurgia

A cirurgia já é um tratamento eficaz para a maioria dos tipos de câncer de tireoide e, geralmente, é realizada sem provocar grandes efeitos colaterais.

Porém, é fato que alguns pacientes se sentem incomodados com a cicatriz no pescoço após a cirurgia. Por isso, novas pesquisas têm sido feitas no sentido de buscar melhorias na questão estética desse tipo de cirurgia.

4. Uso da quimioterapia

Pesquisas continuam sendo feitas com a proposta de testar a eficácia de medicamentos quimioterápicos, bem como a quimioterapia associada à radioterapia no tratamento do câncer de tireoide anaplásico.

5. Terapia alvo

Embora, de forma geral, os cânceres de tireoide não respondam bem à quimioterapia, estão surgindo dados interessantes sobre alguns medicamentos. A chamada terapia alvo ataca alvos específicos nas células cancerígenas (diferentemente do caso dos medicamentos quimioterápicos padrão, que agem sobre as células em desenvolvimento).

Esse tipo de medicamento pode funcionar em alguns casos e muitas vezes apresenta efeitos colaterais menos severos.

Perguntas e respostas sobre câncer de tireoide

Abaixo, a oncologista Ludmila responde algumas das principais dúvidas sobre câncer de tireoide.

1. É possível remover a tireoide?

Ludmila Koch: É possível e essa cirurgia é denominada tireoidectomia. O tipo de cirurgia, tireoidectomia parcial ou total, irá depender de diversos fatores, discutidos entre o paciente e o médico.

2. A pessoa com câncer na tireoide vai necessariamente ficar rouca?

Ludmila Koch: De uma forma geral, a cirurgia de tireoide evolui bem, com raras complicações. Toda cirurgia, porém, envolve risco de complicações e a alteração da voz (como a rouquidão) pode ser uma complicação devido à proximidade da glândula com os nervos responsáveis pelos movimentos das cordas vocais. Normalmente, ela regride em algumas semanas, mas pode seguir por vários meses. A reabilitação vocal pode ser indicada através da terapia fonoaudiológica, mostrando a importância do trabalho da equipe multidisciplinar.

3. Quais são as chances de cura para a pessoa com câncer de tireoide?

Ludmila Koch: Os cânceres de tireoide estão entre os cânceres menos letais. Podem ser diagnosticados precocemente e a taxa de sobrevida 5 anos após o diagnóstico chega a 97%.

4. Câncer de tireoide mata?

Ludmila Koch: O câncer de tireoide bem diferenciado pode causar metástases em 3% dos casos e, dependendo da progressão, pode ser fatal. Contudo, o carcinoma anaplásico, extremamente raro, é o tipo mais agressivo e tem o tratamento mais difícil. É responsável por 2/3 dos óbitos de câncer da tireoide.

5. É sempre utilizada quimioterapia para o câncer de tireoide?

Ludmila Koch: A quimioterapia é raramente utilizada para o tratamento da maioria dos tipos de câncer de tireoide. Ela é combinada com radioterapia para câncer de tireoide anaplásico e, às vezes, é utilizada para outros cânceres avançados. Esquemas baseados em doxorrubicina com cisplatina, ou gemcitabina com oxaliplatina, são as combinações mais ativas para tumores bem diferenciados e podem ser utilizadas em pacientes que falharam à terapia alvo.

Agora provavelmente você esclareceu suas principais dúvidas sobre o câncer de tireoide e já sabe: sinais como aparecimento de nódulo no pescoço, alteração do tom de voz, dificuldade de engolir, falta de ar ou histórico de câncer na família podem ser indícios da manifestação da doença. Não é necessário se desesperar, mas é muito importante procurar ajuda médica nesses casos e, além disso, estar sempre atenta à saúde de uma forma geral, realizando consultas e exames de rotina.

 

Fonte: Dicas de Mulher

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