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Casais se dividem entre Dilma Rousseff e Aécio Neves

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A divisão entre petistas e tucanos, Dilma Rousseff e Aécio Neves, vermelhos e azuis, não se limitou aos programas eleitorais, às conversas de bar ou às linhas do tempo internet afora: a disputa também chegou ao cotidiano de diversos casais, e, entre uma DR e outra, quase rendeu brigas. O desafio, a partir desta noite, é a reconciliação. Ganhe quem ganhar nas urnas.

O publicitário David Costa Lima, de 28 anos, e a estudante de Comunicação Camila Alves, de 21, se chamam carinhosamente de “coxinha” e “esquerda caviar”. Ela vota em Aécio (PSDB). Ele, em Dilma (PT). A brincadeira é o segredo de uma diplomacia de quem se dividiu durante meses. Camila ensina outra tática para evitar brigas: encerrar o papo quando se torna pessoal.

A família dela vota no candidato do PSDB. Mau negócio para David: em um churrasco, sua cota de cerveja foi reduzida à metade, tão logo correu que ele votaria no PT.

— Em minha defesa, disse que uma hipotética medida assistencialista que distribuísse cerveja aos cidadãos nunca discriminaria alguém — diverte-se o publicitário.

A desavença política do casal Silvânia Roncato e Paulo Renato Dias é mais antiga. Os dois vivem há mais de uma década em “guerra’’. Ela diz não ser tucana, mas quer o PT fora do poder. Petista roxo, ele teve problemas em casa por adesivar o carro e decorar a casa.

— Você não imagina o que é ir ao banheiro olhando para a cara do Lula — lembra Silvânia, entre uma alfinetada e outra no marido.

A eleição de 2014 vem sendo considerada a mais disputada desde a histórica batalha entre Lula e Fernando Collor, hoje senador pelo PTB-AL, em 1989. Cientistas políticos identificam diferentes causas para o acirramento.

— A agressividade dos próprios candidatos contribuiu para isso, reproduzindo-se na sociedade — explica Geraldo Tadeu Monteiro, do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social.

— Mais que polarização, vejo um voto anti-PT, causado pelo desgaste dos 12 anos, mas também por preconceito e desconhecimento — pondera Alessandra Aldé, da UERJ.

Os porquês do voto de cada um

— Voto na Dilma pela continuidade dos programas sociais, algo que este país nunca teve antes. O governo FHC deixou uma taxa de desemprego muito grande e defendia o Estado mínimo (diminuição do papel do Estado na economia do país). Estive no Nordeste. Lá, as pessoas endeusam o PT porque foi o Lula que colocou luz para eles, com o Luz para Todos. Não podemos perder esse fio da meada, até porque corrupção sempre existiu. Agora, a corrupção vem à tona — explicou o técnico de Tecnologia da Informação Paulo Renato Dias, de 52 anos.

— Votarei no Aécio. Vou votar depois de três eleições sem ir às urnas, porque eu acredito que o governo tem que se oxigenar. Quero um pouco mais de transparência. Temos que clarear a máquina. O PT sempre disse que os outros partidos roubavam e que faria diferente. Não foi o que eu vi nos dois governos do Lula nem no da Dilma. Você já viu alguém que sempre criticou uma pessoa aliar-se a essa pessoa? Foi isso que o Lula fez. Também não sou a favor de assistencialismo — explicou a gestora de Recursos Humanos Silvânia Dias, de 47 anos.

— Apesar de concordar com as propostas do partido, não votei sempre no PT. Mas o Brasil tem muitos problemas estruturais, e, antes de arrumar a fachada, acredito que temos que resolver as questões internas. A política social dos governos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, apesar de estar longe da ideal, ainda é a que mais traz benefícios para os brasileiros, em comparação com as outras — explicou o publicitário David Costa Lima, de 28 anos.

— O Aécio não era meu principal candidato. Mas, para a democracia, é saudável a alternância de poder. O Brasil tem uma democracia muito recente. O primeiro presidente eleito democraticamente depois da ditadura foi o Collor, em 1989. Quando um partido fica muito tempo no poder, é prejudicial. É o que o Brasil menos precisa. A Dilma já teve o tempo dela. O que eles tinham que fazer, já fizeram. Vamos deixar outro entrar. Se eles fizerem uma besteira, daqui a quatro anos a gente troca de novo — defendeu a estudante de Comunicação Camila Alves, de 21 anos.

Fonte: Extra

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