É comum que a mulher, assim que descubre que está grávida, passe a se preocupar com a saúde do seu bebê. Afinal, quer garantir que a gestação ocorra da melhor maneira possível, sem complicações, e que a criança nasça totalmente saudável.
Muitas mulheres acabam ouvindo falar, pela primeira, do citomegalovírus somente nesta fase da vida e, por isso, é comum que surjam preocupações do tipo: o que é exatamente o citomegalovírus? Quais riscos ele oferece na gravidez? Existe tratamento? Abaixo você conhece as respostas para esta e outras dúvidas sobre o assunto.
O que é citomegalovírus?
Claudio Roberto Gonsalez, infectologista, responsável pelo Serviço de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (SCIRAS) do Hospital Villa Lobos, explica que o citomegalovírus (CMV) é um vírus que pertence à família do herpes, muito comum entre a população humana em geral. “Cerca de 65 a 85 por cento das pessoas já foram infectadas por ele”, destaca.
Semelhante ao vírus do herpes, o CMV também pode ficar por muito tempo inativo no organismo sem causar sérios problemas. Porém, se a contaminação ocorre durante a gravidez, há chances de trazer complicações para o bebê.
Sintomas do citomegalovírus
Claudio o Gonsalez destaca que a maioria das pessoas infectadas não apresenta nenhum sintoma. “A única maneira de saber se teve a infecção é através de exames específicos para detectá-la”, diz.
Mas, de forma geral, entre os sintomas principais estão, de acordo com o infectologista Gonsalez:
- Febre;
- Adenomegalia (aumento dos linfonódos, também chamados de ínguas);
- Astenia (fadiga);
- Dor abdominal;
- Aumento de baço e de fígado.
“O CMV pode permanecer latente (adormecido) no organismo depois da primeira infecção. Em situações em que o sistema imunológico fica debilitado, o vírus pode se reativar, provocando a chamada infecção recorrente”, acrescenta o infectologista Gonsalez.
Como o citomegalovírus é transmitido?
Claudio Gonsalez explica que o CMV é transmitido pelo contato direto. Entre os veículos de transmissão encontram-se:
- Saliva;
- Urina;
- Fezes;
- Sêmen;
- Sangue;
- Lágrimas;
- Secreção vaginal;
- Leite materno de uma pessoa infectada.
“A transmissão pode ocorrer em várias situações, entre elas através do uso de copos e talheres de pessoas infectadas, de um beijo ou mesmo numa relação sexual”, acrescenta o infectologista Gonsalez.
Riscos do citomegalovírus na gravidez
“Meu exame deu que tenho CMV. Então vou passar o vírus para o bebê?”, esta é uma preocupação comum entre as gestantes quando o assunto é citomegalovírus na gravidez.
Porém, a resposta mais adequada é: depende. Uma parte significativa das mulheres já possui anticorpos para o citomegalovírus antes da gravidez – resultado delas terem sido previamente infectadas. E, como a maioria das pessoas infectadas não apresenta nenhum sintoma, é muito comum que a mulher não saiba (exceto pelo exame de sangue) se já teve contato com o vírus.
Vale lembrar que o CMV pode permanecer adormecido no organismo depois da primeira infecção. E, em situações em que o sistema imunológico fica debilitado, o vírus pode se reativar, provocando a chamada infecção recorrente. Porém, felizmente, o risco de transmitir o vírus para o bebê numa infecção recorrente é baixo (de cerca de 1 por cento), e o risco de complicações mais sérias é menor ainda.
Claudio Gonsalez explica que, durante a gestação, a transmissão pode acontecer através da placenta ou através de secreções do canal de parto. Outra possibilidade de contaminação do bebê é através do aleitamento. “Nestas condições de transmissão é muito raro que os bebês apresentem sintomas graves ou sequelas”, diz o infectologista.
O grande risco ocorre no caso de prematuros, de acordo com o infectologista Gonsalez.
“Assim, em grande parte dos casos, recomenda-se que as mães tenham parto normal e amamentem seus bebês, mesmo que sejam portadoras do CMV”, destaca Claudio Gonsalez.
O profissional acrescenta ainda que cerca de 1 por cento dos recém-nascidos nasce com a infecção. “A grande maioria dos bebês com CMV não apresenta nenhum sintoma ao nascer e, na maioria dos casos, a infecção é inofensiva”, diz.
Alguns bebês, porém, nascem com vários problemas devido à CMV e podem ter sequelas. “Em outros casos, aparentemente não há nenhuma complicação no começo, mas meses ou anos mais tarde, surge uma sequela, como perda auditiva” acrescenta o infectologista.
Porém, Gonsalez destaca que, caso a infecção ocorra durante a gravidez, o risco de transmissão do vírus para o bebê é bem maior. “Cerca de 1 e 4 por cento de mulheres que nunca tiveram contato com o CMV apresentam a primeira infecção durante a gravidez (a chamada citomegalovirose primária). Quando isso acontece, a possibilidade de o bebê ser infectado gira em torno de 30 a 50 por cento. E há um risco significativo de a criança apresentar problemas graves de saúde”, explica.
Tratamento do citomegalovírus na gravidez
Claudio Gonsalez explica que não existe tratamento específico para o CMV. “Apenas a utilização de medicamentos chamados de sintomáticos para reduzir os sintomas, sem interferir na evolução da doença e na transmissão para o bebê”, destaca.
8 dicas para evitar a transmissão do citomegalovírus
Como a transmissão do citomegalovírus ocorre de diferentes formas – desde o simples contato com um copo infectado, até num beijo ou durante a relação sexual –, não existe um método simples de evitar o contágio.
Mas alguns cuidados básicos podem ajudar, conforma destaca o infectologista Gonsalez:
- Lave as mãos com frequência.
- Lave bem as mãos sempre que trocar fraldas ou tiver contato com a saliva de crianças: esfregue bem as mãos com água e sabão por pelo menos 15 segundos.
- Se você trabalha diretamente com crianças, tenha ainda mais cuidado: você deverá caprichar na higiene, por isso, lave muito bem as mãos sempre que trocar fraldas ou assoar narizes. A maior frequência da infecção é entre 1 e 2 anos e meio.
- Sempre que for brincar com uma criança pequena, lave as mãos antes.
- Não use os mesmos talheres e copos de crianças pequenas.
- Sempre lave talheres e copos antes de usá-los (independentemente de quem os usou antes).
- Use camisinha quando tiver relações sexuais, especialmente se você não estiver em um relacionamento sério.
- Evite o sexo oral, especialmente se você não estiver em um relacionamento sério.
Vale lembrar que, para evitar o citomegalovírus ou qualquer outro problema na gravidez, uma medida imprescindível é estar sempre em contato com seu médico ginecologista/obstetra e seguir todas as orientações passadas por ele.
Fonte: Dicas de Mulher