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Corregedoria da PM investiga fatos anteriores a suicídio de soldado

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O soldado do 9º Batalhão, Raniel Araújo de Moraes, 30 anos, tirou a própria vida no último sábado (4), com um tiro na cabeça, na casa da irmã, no bairro Promorar, zona Sul de Teresina.

A situação que antecede o suicídio é bastante conturbada. Um vídeo que está sendo compartilhado nas redes sociais de aparelhos celulares mostra uma confusão em frente à casa da irmã de Raniel, envolvendo um outro policial militar da Companhia do Promorar, identificado como Charles.

Para a família de Raniel, ele seria o culpado da pressão sofrida por Raniel, que acabou levando-o a tirar a própria vida. O militar tinha 10 anos de polícia e não possuía nenhum registro de indisciplina contra ele.

Testemunhas afirmam que o problema entre os dois policiais começou em um posto de lavagem localizado no bairro Promorar, por conta do som de um carro. 

"O Raniel chegou aqui por volta das 10h e ficou bebendo com o som do carro ligado. Às 11h, o soldado Charles chegou com um capitão e bateu no carro, perguntando quem era o dono. O Raniel foi até lá, mostrou os documentos, disse que também era militar, mas o Charles avançou e tentou tirar a chave do carro, se alterou e deu voz de prisão. Em seguida, Raniel entrou no carro e fugiu", conta o funcionário do posto de lavagem, Valdec Gonçalves.

A irmã de Raniel, Raionea Araújo de Moraes, explica que a partir daí, seu irmão foi em direção a casa dela. No caminho, ele teria colidido com dois outros automóveis. "Meu irmão chegou na minha casa e procurou meu esposo (o policial civil Amarildo Carlos, do 1° DP). Eu estava dormindo, quando ele me acordou e pediu que eu fosse pegar os documentos que estavam no carro. Ele estava com a boca ensanguentada. Quando fui no carro, o policial Charles chegou, tentou tomar os documentos e a chave, me algemou e começou a me espancar. Meu sogro interveio e também foi agredido. Os outros militares ficaram pedindo calma, mas o Charles não parava. Depois contou até três e deu um tiro para cima. Tentaram prender meu marido, mas não conseguiram e levaram meu sogro para a Central de Flagrantes", descreve a irmã do soldado.

O aposentado Francisco de Carvalho Costa, 54 anos, disse que foi chutado, ferido no pulso e bastante xingado. "O soldado Charles arrastou minha esposa e ficou batendo nela. Eu sai para apaziguar, mas acabei sendo agredido e levado à Central por desacato", lembrou.

A mãe de Raniel, Dione Maria de Araújo Matias, disse que seu filho era um homem carinhoso, feliz e não tinha motivos para se matar. "Tudo aconteceu por conta da pressão psicológica que ele sofreu ao ver a irmã sendo espancada e o sogro dela sendo preso. Eu quero uma audiência com o governador, o apoio da OAB, dos Direitos Humanos e da população. Vou lutar até as últimas consequências pelo meu filho. Eu quero justiça. Isso não vai ficar assim", declarou.

A esposa do soldado, Talita Cristina Soares, diz que ao contrário do que foi veiculado em um canal de TV, seu marido não era dependente químico e não havia sido expulso do Rone.  "Ele estava cedido para o 9° Batalhão, mas pretendia fazer um curso e voltar para o Rone. Todos sabem que ele era um bom policial e gostava muito do trabalho. Agora, nosso filho não consegue dormir e fica chamando pelo pai durante a noit, pedindo para que seu pai acorde. Eu não consigo me conformar", acrescentou a viúva aos prantos.

O outro lado
O corregedor adjunto da Polícia Militar, tenente-coronel Ricardo Lima, explicou que o procedimento realizado pelos policiais do 6° Batalhão foi considerado correto. Ele acrescenta que a confusão em frenta à casa da irmã do soldado que se suicidou aconteceu por conta da interferência dos familiares, que tentaram impedir a prisão do militar.

"O capitão e o soldado do 6° Batalhão foram até o posto de lavagem a pedido dos populares que reclamaram do volume do som, que estava muito alto. Eles foram até lá a pé e pediram que o proprietário do carro diminuísse. Ele desligou o som e os policiais perceberam que ele estava armado e com sinais de embriaguez, então, quiseram levá-lo ao batalhão ao qual ele pertence, mas ele arrancou e, na fuga, ainda bateu em outros veículos, provocando um crime de trânsito", explicou.

O tenente-coronel acrescentou que a Corregedoria abrirá uma sindicância para apurar se houve excesso por parte dos militares e ver se há alguma relação entre a abordagem e o posterior suicídio do soldado. "A princípio, descartamos o nexo da casualidade. Segundo o registro da ocorrência, o soldado estava embriagado. Pelo vídeo, é possível ver que houve interferência da família numa ação legítima da polícia. Vamos abrir a sindicância para verificar se houve abuso", acrescentou. 

Comandante da Polícia Militar reage
O coronel Lídio Filho revelou que a família do militar foi recebida no Quartel de Comando Geral (QGC). Um inquérito já foi aberto e a Corregedoria da corporação já está no caso ouvindo as partes que devem ser levadas em consideração. 

“Temos que correr atrás da veracidade dos fatos. A Polícia Militar não admite equívocos, por isso não podemos condenar ninguém antes de ouvir a todos. Só assim é que vamos concluir e chegar a verdade sobre o que aconteceu”, disse o comandante. 

Flash de Carlos Lustosa Filho
Redação de Jordana Cury
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