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Dilma: "Há conspiração contra financiamento à indústria"

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A presidente Dilma Rousseff afirmou na tarde desta quarta-feira (30), para uma plateia de empresários do setor industrial, que há uma conspiração contra a concessão de financiamentos públicos pelo governo federal.

Segundo ela, há propostas pelas quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal deixariam de financiar a atividade industrial. Dilma não nomeou os supostos conspiradores.

Candidata à reeleição, ela fez a declaração na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, durante o evento "Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência da República", do qual participaram pela manhã os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

"Vocês sabem que há propostas nas quais BNDES, Banco do Brasil e Caixa deixariam de financiar nessas condições a indústria. É fato que muitos conspiram aberta e envergonhadamente contra o financiamento público. As críticas se originam dos mesmos que criticam desonerações, compras governamentais e a existência da política industrial", declarou.

Segundo a presidente, o governo atuou para resgatar a política industrial e deu como exemplo ações voltadas para a indústria naval.

"Uma das marcas dessa mudança é termos resgatado a política industrial numa perspectiva estruturante, superando fortes preconceitos. Durante muito tempo disseram que o Brasil precisava de política industrial. Nossa experiência com a indústria naval, que renasceu com a decisão tomada em 2003 e permanentemente reiterada ao longo do tempo, mostrou toda a potencialidade política das compras governamentais, e nós podemos e devemos fazer uma política em favor da indústria brasileira."

A presidente lembrou que a política industrial de seu governo permitiu "forte desoneração" de tributos e o aumento das compras governamentais. Ela disse ainda que a gestão influenciou a formação técnica com foco na inovação. Segundo Dilma, o governo retomou o estabelecimento de marcos regulatórios e os investimentos em infraestrutura.

Para Dilma, a indústria não pode ser "deixada ao sabor das situações do mercado".


"Em meu governo, mantivemos diálogo constante com a CNI. Não obviamente concordamos com tudo, mas traçamos os proncipais eixos da política industrial com base nesse diálogo. E vamos continuar fazendo o embate técnico e o embate político para a competitividade da economia."


A presidente disse aos empresários que, desde 2008, o mundo enfrenta "uma das mais graves crises econômicas" e que a indústria é "um dos setores que mais sofre", principalmente, segundo ela, quando a crise começa em países desenvolvidos.


"Vemos hoje sinais modestos de recuperação em economias avançadas, mas talvez seja cedo para celebrar o fim da crise que esperamos com ansiedade."


Segundo Dilma, o governo preparou o país para retomada do crescimento após a crise. "Não só nos protegemos da crise – para aqueles que criticam toda esta política –, como preparamos a base para a retomada do crescimento. Nós não desorganizamos a economia como se fazia no passado", declarou.


Durante a conversa, ao ser informada de que havia esgotado seu tempo para uma das respostas, Dilma disse: "Minha situaao é diferenciada, tenho que mostrar o que fiz. Eu fiz e sou capaz de fazer. Não se iludam, não. Nós nos gostamos."


Pessimismo e profecias


Dilma afirmou que, durante o período eleitoral, análises "pessimistas" podem gerar "consequências graves". "A pior coisa que pode acontecer com a pessoa, empresário, quando tem que enfrentar desafio ou uma crise, em qualquer atividade, em especial na atividade econômica, a pior coisa é ficar pessimista. O pessimismo tem o condão de ter consequências graves. Expectativas pessimistas bloqueiam as realzações", disse.


Ela mencionou como exemplo "profecias" sobre a economia e sobre o país, como questionamento à capacidade do Brasil de realizar a Copa, possibilidade de racionamento de energia ou uma "crise cambial de condições avassaladoras".


Ao ouvir de um empresário pergunta de um empresário sobre o ritmo das obras de infraestrutura, a presidente afirmou que não está "feliz". "Queria dizer que não estou feliz com a questão do ritmo de investimentos. Nós passamos todo o tempo acelerando esses investimentos. Agora, nós somos herdeiros de uma situação ruim do ponto de vista público e privado", afirmou.


Segundo ela, não havia planejamento de longo prazo antes do governo do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. "Quando chegamos ao governo, em 2003, quero lembrar que o crédito de longo prazo ia de cinco a sete anos. Quero ver fazer uma hidrelétrica em cinco ou sete anos."


A presidente anunciou ainda a sanção, no próximo dia 7, da que amplia a Lei Geral da Microempresa.


Em coletiva de imprensa após a fala a empresários, Dilma disse haver uma 'tempestade" quando se fala em "tarifaço" após as eleições, em referência à possibilidade de aumento, por exemplo, das tarifas de luz depois do pleito. Ela, no entanto, não chegou a negar de forma incisiva a possibilidade de aumento de tarifas.


“Esss história do tarifaço é mais um movimento no sentido de instarurar pessimismo, expectativas negativas, comprometendo o crescimento do país. O que uma empresa pensa quando passam a falar que vai haver racionamento? Eu não posso investir porque vai ter restrição da energia, então eu restrinjo a produção", declarou.


Sobre as críticas de adversários em relação ao elevado número de ministérios em seu governo, Dilma mencionou o papel de pastas que foram criadas nos últimos anos, como a Secretaria de Política para as Mulheres e a de Igualdade Racial. Ela também afirmou que pode discutir o assunto com os candidatos caso eles apontem quais pastas eles acreditam que devem ser cortadas.


“Agora eu discuto os ministérios do meu governo atual. Eles existem pelo seguinte motivo: se eu não tivesse a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, não teria conseguido reforma com micro e pequena empresa como foi no caso dessa lei de simplificação do Simples Nacional”, disse Dilma.


Ela também defendeu a importância de discutir a questão racial, de política para as mulheres e de funcionamento de portos em âmbito ministerial. “Qual é o ministério que querem acabar? Me digam qual é que eu discuto concretamente”, concluiu a presidente.


Direitos trabalhistas


Após pergunta de empresário sobre propostas para reduzir o gasto das empresas com judicialização dos direitos trabalhistas, Dilma defendeu mudanças na legislação para ampliar a negociação coletiva sobre direitos de trabalhadores.


"Eu acredito que não se fará reforma trabalhista se não se fizer um diálogo próximo entre empresários, trabalhadores e Congresso. Hoje não há condições políticas sem partir dessa premissa. [...] Temos que ter objetivo de atualizar o marco regulatório para condições do século 21. A principal coisa que temos que propor é a negociação coletiva", declarou.


Ela frisou que há "garantias" dos trabalhadores que "ninguém terá condições de rasgar", como o 13º salário e a hora extra.


Ela disse ainda que o governo não é contra a terceirização desde que não haja "precarização" do trabalho. "O governo não é contrário à terceirização. Tem empresas públicas que dependem da terceirização. Não temos nenhuma visão preconceituosa, mas sempre que falarmos de terceirização é prudente falar em não precarizar o trabalho."


Reforma política

A presidente Dilma Rousseff voltou a defender a realização de um plebiscito para realização de reforma política no Brasil. Após as manifestações de junho do ano passado, ela enviou ao Congresso uma proposta de plebiscito sobre temas como, financiamento de campanha e coligações.

 "Eu não tenho dúvida que o Brasil precisa de uma reforma política. Não só concordo e acho que só faremos uma reforma política de tivermos a participação popular nessa reforma. [...] Acho fundamental dentro do processo de modernização do Estado brasileiro."

 

Fonte: G1 Brasil

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