Em clima de festa do Corso de Teresina com purpurina, confetes e serpentinas, o Coletivo Salve Rainha desafiou o coro dos contentes e trouxe à baila na temporada de carnaval 2017 a Rainha Louca: proposta temática para oportunizar uma polifonia discursiva sobre a potência da mulher levantar sua voz e lutar por seus direitos. Uma oportunidade para desconstruir discursos machistas estereotipados que deslegitimam o pensar, o falar e o agir dos sujeitos femininos. A roda de conversa ocorreu neste sábado(18/02) no Sanatório Meduna.
Nas primeiras interações da conversa, participantes socializaram reflexões questionadoras sobre o exercício cotidiano de dominação masculina através de discursos sociais, históricos e culturais que estigmatizam a mulher como louca, histéricas e exageradas. Exercer o direito de ter vez e voz altiva para romper o véu de silêncio frente às ações discursivas oriundas de uma cultura machista foi apontado como condição necessária para enfrentar situações que buscam minar a autoestima e empoderamento das mulheres.
Em outro momento, o debate problematizou as relações de parcerias e alianças entre movimentos de mulheres e homens pró-feministas. Ressaltou-se que o diálogo entre sujeitos femininos, ativistas ou não, e universo masculino para superar opressões de gênero é um caminho importante. Porém, destacou-se que o protagonismo das ações e estratégias de lutas é organizado e construído pelas mulheres.
A intersecção entre lutas feministas e ação sociopolítica e cultural dos sujeitos lgbts também atravessou as discussões. Refletir sobre as relações de apoio, solidariedade e construção de agendas em comuns do segmento trans (travestis e transexuais) e movimentos feministas enriqueceu a roda de conversa. Subjetividade e narrativas da construção da orientação/identidade homoafetiva integraram a troca de ideias.