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Inflação oficial desacelera, mas continua acima do teto aceitável

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Os preços dos alimentos subiram menos e deram um alívio para a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que recuou de 0,57% em setembro para 0,42% no mês seguinte, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 12 meses, o indicador acumula alta de 6,59%, abaixo dos 6,75% no mês anterior, mas ainda acima do teto da meta de inflação do Banco Central, de 6,5%. A taxa, nessa apuração, é a maior para o mês de outubro desde 2011. No ano, de janeiro a outubro, o IPCA tem alta de 5,05%.

A expectativa dos economistas para a inflação deste ano está em 6,45% e para 2015, em 6,32%, segundo o último boletim Focus, do Banco Central.

“Em outubro, apesar de os preços continuarem subindo, a taxa se reduziu em 0,15 ponto percentual. Quando a gente olha as regiões, a maioria delas apresentou redução. Foi mais ou menos generalizada quando consideramos as regiões metropolitanas”, afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Em outubro, o avanço dos preços de alimentos e bebidas, que respondem pela maior parte do cálculo do IPCA, foi menor e, dessa forma, influenciou o comportamento da inflação oficial. De setembro para o outubro, a variação do indicador foi de 0,78% para 0,46%.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, classificou como "benigna" a alta no IPCA. Em evento sobre política fiscal em São Paulo, Holland destacou que o governo já esperava um resultado mais positivo em relação a setembro – quando a inflação oficial subiu 0,57% – ainda que o índice continue estourando o teto da meta em 12 meses, com alta de 6,59%. Em outubro do ano passado, o IPCA evoluiu 0,57%.

Apesar de o preço do tomate, ex-vilão da inflação, ter voltado a subir (de -9,42% para 12,37%), a alta do custo da carne desacelerou, de 3,17% para 1,46%, trazendo alívio para o bolso do consumidor.

“O principal item que influenciou setembro por causa do nível de variação foram as carnes, com 3,17%, e o peso da carne (2,7%) é muito grande, por isso que mesmo com 1,46% [de IPCA], exerceu impacto forte o índice de outubro. A cebola contribuiu para conter [-12,60% em outubro], mas o peso é menor do que a carne.”

Segundo Eulina, os preços do mercado mundial cederam e influenciaram o custo no mercado interno. "As commodities estão caindo, tem a questão da crise na Europa e, mesmo assim, a carne tem sido exportada. O Brasil tem exportado bastante carne. E pode ter havido também uma redução do mercado interno.”

As passagens aéreas, que no período da Copa do Mundo ficaram mais caras e pressionaram a inflação oficial, mostraram uma alta bem menor de setembro para outubro, de 17,85% para 1,94%. Com isso, a variação do grupo de despesas com transportes, do qual as passagens fazem parte, recuou de 0,63% para 0,39%. Na contramão, ficaram mais caros o etanol e a gasolina: a variação dos dois combustíveis, que estava perto de zero em setembro, subiu para 0,18% no mês seguinte.

“O grupo de transportes perdeu fôlego por causa das passagens aéreas. Aumentou muito na época da Copa, e a expectativa era que a demanda fosse muito forte, mas isso não aconteceu. O Brasil saiu antes e a demanda não foi tão forte. E grande parte de quem viaja, são viagens a negócios e no período da Copa ficaram paralisados, então, os preços caíram muito. Agosto refletiu a queda e setembro as promoções saíram e chegou a 17,85%. Por isso nos parece mais normal o resultado de outubro de 1,94%”.

Entre todas os grupos de despesa pesquisados pelo IBGE, a maior variação, partiu dos preços de habitação (de 0,77% para 0,68%), ainda que o avanço tenha sido menor de um mês para o outro. Subiram menos os preços de energia elétrica (de 1,37% para 1,20%), aluguel (de 0,57% para 0,61%) e mão de obra para pequenos reparos (de 1,04% para 0,82%).

“A energia elétrica também tem peso expressivo, qualquer diferença traz efeito sob a inflação”, disse Eulina.
A variação da taxa de água e esgoto, que havia recuado 0,45% em setembro - influência do Programa de Incentivo à Redução de Consumo de Água do Estado de São Paulo -, voltou a avançar, ficando em 0,26%.

Poucos grupos de despesa mostaram alta de preços: vestuário (de 0,57% para 0,62%) e saúde e cuidados pessoais (de 0,33% para 0,39%).

"Quando se trata dos grupos de produtos dos serviços pesquisados, a maioria deles também mostrou resultados inferiores abaixo do mês de setembro. Mas dois deles foram fundamentais, que foram o grupo dos alimentos e bebidas e dos transportes. Esses dois são os principais grupos nas despesas das famílias, juntos eles pesam 43,24%”, explicou Eulina Nunes.

Questionada sobre de que maneira o câmbio e a gasolina costumam impactar no comportamento do IPCA, Eulina afirmou que o combustível - reajustado a partir desta sexta-feira, tem impacto direto sobre o próprio item. "Podem haver alguns impactos indiretos por conta do aumento da gasolina, até restaurantes, quem é proprietário, tem custo com a gasolina reajustada.”

“O câmbio tem efeito direto também sobre alguns itens como o milho, adubo e eletrodomésticos. Em que medida o câmbio pode afetar, nós vamos ter que medir. Isso tudo depende também da reação do consumidor. Do nível de atividade do comércio, se o comerciante vai poder passar ou não depende do que os agentes econômicos vão fazer em função da realidade que estamos vivendo.”

Neste ano, até agora, os principais impactos partem de refeição (7,80%), seguido por energia elétrica (14,55%), empregado doméstico (9,29%), que aumenta em função do salário mínimo, e carnes também (13,87%)”.

Onde os preços subiram ou caíram
Os maiores índices foram os de Campo Grande (0,79%) e de Goiânia (0,78%). Na outra ponta, com o menor índice, está Salvador (0,05%).

Inflação pelo INPC

Nesta sexta-feira, o IBGE ainda divulgou o comportamento da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que variou 0,38% em outubro, menos do que o 0,49% de setembro. No ano, o indicar acumula alta de 5,02% e, em 12 meses, de 6,34%.

 

Fonte: G1 Brasil

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