Cidadeverde.com

Filha de dançarina de funk morta é ofendida na web

Imprimir

A estudante de 11 anos filha da dançarina de funk Amanda Bueno, morta no Rio de Janeiro, deve mudar de rotina após receber ameaças em uma rede social. O advogado Paulo Cesar Gonçalves da Silva, que representa a família da criança, diz que orientou que a menina seja matriculada em outra escola e passe a viver em outro bairro, já que todos estão "com medo da insegurança". Atualmente, ela mora com a avó em Anápolis, a 55 km de Goiânia.

O defensor disse que a família está "chocada" com a repercussão do crime e das ofensas feitas à menina em uma rede social. "As mudanças seriam em função do assédio e da repercussão que tiveram a morte Amanda e postagem feita no Facebook dela", disse Silva ao G1.

Irmã de Amanda e tia da estudante, Valsirlândia Lopes Sena já havia dito ao G1 que a sobrinha estava "arrasada" após receber um mensagem na web em que dizia: “Que sirva de exemplo para você e as mulheres”, se referindo ao assassinato de sua mãe. Ela republicou o texto e pediu que seus amigos denunciassem o homem que enviou.

"Ela está muito triste com essa situação. Eu estava ao seu lado quando ela viu a mensagem. Ela começou a chorar e ficou muito chateada", afirmou na sexta-feira (23).

O advogado também disse que a família tem medo de Milton Severiano Vieira, conhecido como Miltinho da Van, noivo de Amanda, que confessou ter matado a dançarina. Apesar de estar preso, o advogado diz que ele é considerado um perigo para os parentes da dançarina.

"Ele conhecia o local onde a família da Amanda morava e mesmo ele estando preso, sabemos da influência dele. Ele tem os seus contatos com o mundo externo", disse Silva.

Depoimentos

Após ver as ofensas contra a filha de Amanda em uma rede social, a família foi até o 1º Distrito Policial de Anápolis para registrar uma ocorrência. Porém, o caso foi repassado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Anápolis.

A titular da unidade, delegada Cynthia Alves Costa informou ao G1 que a estudante e a avó, sua representante legal, devem prestar depoimento na próxima semana, mas ainda não definiu em qual dia exatamente.

"A princípio, trata-se de um caso de calúnia e difamação. Mas não descartamos outras condutas, como a ameaça. Estamos investigando para tentar descobrir quem é o usuário que postou a mensagem e de qual computador ele fez isso", destaca.

Morte da dançarina

O crime ocorreu na casa onde Amanda Bueno, 29 anos, morava com o noivo, na região da Posse, em Nova Iguaçu (RJ). Segundo a polícia, no vídeo que mostra o homicídio, é possível ver que Miltinho pegou a vítima pelo pescoço, bateu com a cabeça dela 11 vezes em uma pedra do jardim e deu 10 coronhadas na cabeça dela. Em seguida, entrou em casa, vestiu o colete à prova de balas e se armou com um revólver, três pistolas e uma espingarda calibre 12. Ao passar pelo corpo, deu tiros com a pistola e com a espingarda no rosto da vítima.

Após a morte, Miltinho saiu, rendeu dois homens e roubou um carro, mas foi preso logo depois do crime, ao capotar durante fuga da polícia. Quatro armas, incluindo uma escopeta semelhante à que aparece no vídeo, foram encontradas no veículo.

Para o delegado Fábio Cardoso, Divisão de Homicídios da Baixada, o crime pode ter sido motivado por ciúmes. Miltinho teria almoçado com uma ex-namorada que, no dia do crime, ligou para Amanda para provocá-la. A ligação teria gerado uma briga, e o noivo saiu de casa. Mais tarde, ele teria voltado cambaleando.

Após ser preso, Miltinho admitiu o assassinato, segundo afirmou o advogado Hugo Assumpção. O defensor destacou que ele alegou ter sofrido um "surto" e que está arrependido do crime. Em depoimento, no entanto, ele se reservou o direito de ficar calado, conforme esclareceu o delegado Fábio Raboso, responsável pelas investigações.

A polícia ainda apura se o suspeito tem ligação com milícias na região da Baixada Fluminense. “Diante do que a gente viu nesse crime, verificando o poderio financeiro dele, com veículos muito caros, a posse de um verdadeiro arsenal, com armas de grosso calibre e farta munição, somado ao fato dele estar envolvido com exploração do transporte clandestino na cidade e considerando essa violência desmedida com uma pessoa com quem ele vivia, tudo indica que ele pode ter envolvimento com grupos criminosos que atuam naquela região”, disse o delegado.

 

Fonte: G1

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais