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Areolino de Abreu abriga presos que tiveram alta há mais de 10 anos

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Os recentes casos de violência no Hospital Psiquiátrico Areolino de Abreu levaram o Conselho Federal de Medicina a realizar uma vistoria no local, marcada para esta sexta-feira (05). No mês de maio, um interno foi morto por asfixia e na tarde de ontem um paciente teve 50% do corpo queimado. O psiquiatra Leonardo Luz, membro do Conselho Federal de Medicina, disse que a situação do hospital é calamitosa e o grande problema é a convivência de apenados com pacientes psicóticos. 

“Desde a gestão passada, estamos reunindo OAB, Conselhos Regional e Federal de Medicina, para fazer denúncias. No hospital existem apenados- que desde 2004 tiveram alta e ninguém veio busca-los- juntamente com pacientes agudos, que precisam de vagas e vem para cá. Todos ficam juntos, por mais que digam que não. Há menos de um mês, um paciente foi assassinado e agora um supostamente ateou fogo no próprio corpo, o que só a polícia através de inquérito poderá confirmar o que de fato ocorreu, pois quem garante que não foi um dos apenados, uma vez que a maioria é psicopata, quem ateou fogo nesse paciente?”, interroga Luz. 

Na vistoria serão observados a estrutura física do hospital, condições de trabalho dos funcionários e médicos, além do tratamento ao qual os internos são submetidos. Leonardo Luz ressalta que, após inspeção, o Conselho Federal de Medicina poderá entrar com uma interdição ética, o que impõe restrições ao trabalho dos médicos. 

Em entrevista ao Notícia da Manhã, desta quinta-feira (04), Luz disse ainda que o atual modelo de funcionamento do Areolino de Abreu infringe a lei Paulo Delgado, de 2001, que instituiu um novo modelo de tratamento aos portadores de transtornos mentais no país. 

“Os apenados não poderiam estar juntos com os pacientes psicóticos. O próprio governo e algumas pessoas do judiciário mandam internar no hospital e temos que fazer isso. Porém, no Aerolino não é para ter preso e nem segurança. O hospital hoje funciona contra a lei, em um sistema misto: prisional e para pacientes agudos. Não sabemos mais o que fazer, pois já recorremos a todo mundo e agora estamos tendo que tomar atitudes mais drásticas”, finaliza o psiquiatra. 

 

Graciane Sousa
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