Cidadeverde.com

Veja os principais destaques do Brasil no Pan 2015 de Toronto

Imprimir

O Canadá surpreendeu com uma grande campanha. Conquistou 217 medalhas contra apenas 119 no último Pan. Cresceu na velocidade de Andre De Grasse, novo queridinho do país e vencedor das provas de 100m e 200m. Pelos Estados Unidos surgiu Laura Yihan Zeng, dona de cinco ouros e a cara da nova geração da ginástica rítmica americana. Pelo Brasil, Thiago Pereira se consagrou e uma nova geração parece surgir. Veja abaixo o que rolou em Toronto:

Top 3, mas com o mesmo número de medalhas

Foi quase uma participação cirúrgica. O Brasil encerrou a sua participação nos Jogos Pan-Americanos de Toronto com o mesmo número de medalhas conquistadas quatro anos antes, em Guadalajara: 141. Mas se a quantidade foi a mesma, podemos dizer que a qualidade caiu. Foram 48 ouros em 2011 contra 41 neste ano. Se de um lado tivemos um investimento crescente no esporte brasileiro nos últimos anos, de outro o fato de várias modalidades já estarem classificadas para as Olimpíadas de 2016 fez com que várias estrelas abrissem mão do Pan pensando em outras competições. 

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) considerou a participação brasileira altamente positiva. Destacou o fato de o Brasil ter se mantido no Top 3 no quadro de medalhas e a renovação dos atletas. Segundo os números apresentados pelo COB, dos 590 atletas da delegação, 442 disputaram medalhas e 304 chegaram ao pódio (52%). Além disso, 50% têm entre 15 e 25 anos e 75% estiveram no Pan pela primeira vez. 

Thiago Pereira, o "Mr. Pan"

Aos 29 anos, o nadador chegou a uma marca histórica em Toronto. Ao ganhar cinco medalhas - três ouros (2x200m livre, 4x100m livre e 4x100m medley), uma prata (200m medley) e um bronze (200m peito) -, Thiago Pereira se tornou o maior medalhista de todos os tempos dos Jogos Pan-Americanos. Agora, o brasileiro tem 23 medalhas (15 ouros, 4 pratas e 4 bronzes) no currículo. Thiago Pereira poderia ainda ter mais uma na conta, mas o ouro na prova dos 400m medley foi anulado pelos juízes, que consideraram que o nadador fez um movimento errado na virada do peito para o crawl.

- O legal disso tudo é que a gente vai vivendo e muitas vezes não pensa em tudo que fez, que conquistou. Quando a gente é moleque, só pensa no próximo passo. Fui para Santo Domingo (Pan de 2003) e nunca imaginei estar vivendo isso agora. Foi sendo construído ano a ano.
Ingrid, a personagem do Pan

Ingrid, a personagem do Pan

Aos 19 anos, Ingrid Oliveira é uma das promessas dos saltos ornamentais do Brasil. Mas era pouco conhecida até chegar ao Canadá. Mas uma foto tirada e postada em sua rede social no primeiro dia de treino no Centro Aquático de Toronto mudou tudo. Posada de costas e apontando para o telão, Ingrid virou a personagem da primeira semana do Pan. Em sete dias, ganhou 40 mil seguidores nas redes sociais e foi o assunto preferido dos internautas. Recebeu comentários ofensivos e machistas. Ficou abalada. Errou um salto e caiu de costas na água. Recebeu nota zero. Chorou. Mas encontrou forças para continuar e conquistar a medalha de prata na plataforma de 10m sincronizada. Voltou a chorar, só que agora de emoção.

- Estamos no século XXI. Não é mais passado, quando as pessoas iam para a praia quase de burca. Já vi pessoas na praia quase peladas, mas isso é problema delas. Porque as pessoas têm que julgar? Ofender? Entrar no meu Instagram, nem me segue e vem só para me esculachar? Vou lá e bloqueio, excluo... A foto é normal, estou apontando para o telão. Aparece a minha bunda, mas e daí? É uma foto normal, como todas as outras. Todo mundo posta foto assim, de costas, com pose quase indo para o salto. Não vejo nada demais, é do nosso esporte o maiô, o salto de costas, a foto de costas. Se eu postasse uma foto pelada, aí sim poderiam detonar. O Instagram é meu e eu faço o que eu quiser. Ninguém tem o direito de me julgar - disse Ingrid.

Caso de Polícia

O polo aquático masculino terminou os Jogos Pan-Americanos com a medalha de prata após perder a final para os Estados Unidos. Mas não foi a evolução e a boa fase do esporte apenas que chamou a atenção. O polo foi parar nas páginas policiais de Toronto quando o time já não estava mais no Canadá. Na última sexta-feira, dia 24, a delegacia contra crimes sexuais de Toronto emitiu um mandado de prisão contra o goleiro reserva do Brasil, Thyê Mattos. Ele é acusado de abusar uma jovem de 22 anos, moradora da cidade.

Thyê é procurado pela justiça canadense. Ele estava em Kazan, na Rússia, para a disputa do Mundial de Esportes Aquáticos, mas os advogados da CBDA acharam melhor ele retornar ao Brasil para não correr o risco de ser extraditado. Ele desembarcou no Galeão, no Rio, no último domingo. Thyê garante inocência e a CBDA diz que a forma como a polícia do Canadá tratou o assunto foi precipitada. 

Queda de Cuba

Potência na história dos Jogos Pan-Americanos, Cuba continuou seu declínio no quadro de medalhas em Toronto. Desde a disputa em Cali, em 1971, os cubanos sempre estiveram entre os dois primeiros, mas desta vez despencaram. Ultrapassados pelo Brasil, que ficou em terceiro, Cuba também terminou atrás de Estados Unidos e Canadá. Houve uma queda significante no número de medalhas de ouro. Em Guadalajara-2011, Cuba conquistou 58 ouros. Agora, encerra o Pan com 36 (22 a menos). No número geral de pódios também houve queda.

De 136 medalhas no México, o país conquistou 97 em Toronto (39 a menos). Além disso, de acordo com a agência "EFE" cerca de 30 atletas de Cuba teriam desertado no Canadá. Mas apenas nove foram confirmados oficialmente. A queda, porém, não tira de Cuba o rótulo de celeiro de atletas. Com 12 milhões de habitantes no censo de 2012, o país conseguiu 8,08 medalhas para cada milhão de pessoas, enquanto o Brasil teve apenas 0,7 medalha para cada milhão. Cuba levou 444 atletas para o Pan, e o Brasil foi com 590.

Pódio 100% brasileiro e duelo entre fã e ídolo

O tênis de mesa brasileiro merece um capítulo a parte nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Foi do esporte que veio uma das cenas mais emocionantes para os brasileiros. Na disputa de simples no masculino, um pódio dominado pelo Brasil, o hino nacional tocando e três bandeiras brasileiras subindo até o teto do ginásio. Hugo Calderano se tornou o primeiro atleta "não chinês" a conquistar o ouro no Pan em 20 anos. E venceu na final justamente o seu ídolo, Gustavo Tsuboi. No Pan do Rio, em 2007, a jovem promessa do esporte brasileiro assistiu Tsuboi conquistar o ouro por equipes.

A competição também marcou a estreia de Hugo Hoyama, dono de dez medalhas de ouro, uma de prata e quatro de bronze em Jogos Pan-Americanos, como técnico da seleção. E o time feminino teve o melhor resultado da história. Pela primeira vez, a equipe chegou na disputa de uma final. Perdeu para os Estados Unidos e ficou com a prata. Já no individual, jamais uma mulher tinha subido ao pódio, e Gui Lin foi prata, enquanto Caroline Kumahara levou o bronze. Veio da modalidade também uma das maiores histórias de superação, com Gustavo Tsuboi conquistando duas medalhas jogando com 26 pontos no braço.

Natação soberana, atletismo decepciona

A natação foi a modalidade que mais conquistou medalhas em Toronto. Foram 26 no total, com dez de ouro, seis de prata e dez de bronze. Além do recorde de Thiago Pereira, tivemos um bom desempenho da equipe feminina. Etiene Medeiros se tornou a primeira nadadora do país a conquistar ouro em uma edição de Jogos Pan-Americanos. Para completar, fez o tempo de 59s61 e se tornou a primeira brasileira a nadar abaixo da marca de um minuto.

A pernambucana de 24 anos venceu a prova dos 100m costas e ainda ganhou outras três medalhas: 50m livre (prata); revezamento 4x100m livre e revezamento 4x100m medley (bronze). Veio da natação também o maior medalhista de ouro do Brasil em Toronto. João de Lucca ganhou três, sendo nos 200m costas e nos revezamentos 4x200m livre e 4x100m livre. Quem também esteve muito bem foi a canoagem.

Foram 13 medalhas. Já o atletismo decepcionou. O hino nacional foi tocado apenas uma vez em York. Com uma delegação recorde, o atletismo teve um rendimento abaixo do esperado. Foram 13 medalhas no total, com um solitário ouro, seis pratas e seis bronzes. Os números estão bem atrás de Guadalajara (23 no total e 10 ouros). O único ouro veio nos 5.000m feminino com Juliana dos Santos. 

Alex Pombo, o único sem medalha

O judô conquistou 13 medalhas em 14 possíveis. Um aproveitamento de 92,8%. Foi a modalidade com o melhor desempenho em Toronto. Foram cinco ouros (Érika Miranda, Charles Chibana, Tiago Camilo, Luciano Côrrea e David Moura), duas pratas e seis bronzes. Único judoca do Brasil a deixar Toronto sem medalha foi Alex Pombo, que ainda sofreu uma lesão na decisão do bronze e voltou para o Brasil de muletas.

"Jamaica abaixo de zero" versão tupiniquim

O hóquei sobre a grama é praticamente amador no Brasil. Com uma média de idade de 24,5 anos, todos os jogadores da seleção precisam ter outras fontes de renda além do hóquei para sobreviver. Era a única modalidade ainda não garantida nas Olimpíadas. O Pan era a última chance. E a seleção não apenas conseguiu a vaga em 2016 como emocionou. Foi a grande vencedora, mesmo sem ganhar uma medalha. Ficou em quarto lugar. Mas conquistou o respeito de forças do esporte com boas atuações.

A emoção dos jogadores brasileiros ao conseguir a chance de disputar os Jogos Olímpicos foi comovente. Muitos choraram, outros não conseguiam se expressar. Uma seleção que foi se formando aos poucos. Um advogado abandonou a carreira pelo sonho de disputar as Olimpíadas. Nascido no Recife, outro jogador foi adotado por um casal estrangeiro quando tinha apenas seis meses e, hoje, sonha conhecer a mãe biológica. Paul Duncker, holandês, tem sangue brasileiro, e conseguiu um lugar na seleção enviando um e-mail. 

Pan das selfies

Desde último o Pan de Guabalajara, em 2011, o mundo mudou. E os atletas acompanharam essa evolução. Em Toronto, tivemos o Pan das selfies. Com celulares com câmeras potentes, os atletas registraram milhares de momentos e compartilharam para seus seguidores nas redes sociais. Eram fotos em frente ao espelho, antes ou após um treino, sozinhos na vila, em grupos, junto com mascote, logo após vitórias, exibindo as medalhas, em pontos turísticos nos momentos de folga... Encontramos até o "Mr. Selfie" do Time Brasil.

Continências no pódio

Dos 590 brasileiros no Pan, 123 eram ligados à Marinha, à Aeronáutica ou ao Exército, dentro do Programa de Alto Rendimento dos Ministérios da Defesa e do Esporte. Isso acabou gerando um hábito que ganhou destaque em Toronto: o gesto de continência à bandeira do Brasil durante a cerimônia do pódio. Principalmente na primeira semana dos Jogos, em que ganhamos muitas medalhas no judô e na natação, o gesto foi visto muitas vezes.

- Represento o Exército Brasileiro. E lá somos ensinados que sempre que ouvimos o hino tocar, por sinal de respeito, o militar tem de prestar continência e ficar em posição de sentido. É uma forma de respeito pela minha bandeira e meu país - explicou Léo de Deus, medalha de ouro nos 200m borboleta, que é sargento do Exército. 

O grande jogo

Brasil e Argentina fizeram uma grande final no handebol masculino. Algozes da seleção brasileira nas três últimas finais que disputaram, os argentinos entraram com certo favoritismo, mas acabaram tendo que voltar para Buenos Aires com a prata. Com direito a prorrogação e um jogador a menos em quadra, o Brasil venceu or 29 a 27 em uma partida com muita catimba e provocação. No fim, a festa foi brasileira!

A maior decepção

O Brasil é visto como o país do futebol, mas vem colecionando um fracasso atrás do outro nos últimos tempos. Em todas as categorias. No Pan não foi diferente. Na semifinal contra o Uruguai, o Brasil jogou com um a mais desde os nove minutos do primeiro tempo. Saiu na frente. Mas permitiu a virada uruguaia no final da partida e acabou ficando fora da briga pela medalha de ouro. Após virada, o meia uruguaio Nicolás Albarracin ainda tirou onda com o futebol brasileiro: "Parece que ficam com medo".

No fim, o Uruguai ficou com a medalha de ouro, a única do país nos Jogos Pan-Americanos. Ao Brasil, restou se contentar com o bronze, que veio após uma vitória suada na prorrogação sobre o Panamá.

 

Fonte: GloboEsporte.com

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais