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UFC: Ronda Rousey vence Bethe Correia aos 34 segundos no Brasil

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"Na verdade, sou muito mais forte, venho de um país subdesenvolvido, onde as pessoas lutam para sobreviver, para não passar fome. É muito diferente da realidade de vida dela. Sob pressão, ela está se mostrando fraca. Quando mamãe botou pressão, fugiu de casa. Quando perdeu, foi para as drogas. Até sofreu de compulsão de comida ela já teve. Isso não é uma super-heroína.

"Quando ela sentir a pressão e vir que estarei preparada para lutar contra ela, quero ver qual será a reação que terá. Ela não é uma pessoa boa de cabeça, precisa se cuidar. Está cheia de gente em volta dela, está vencendo, mas quando cair na real e vir que não é tudo isso, nem sei o que poderá acontecer. Espero que ela não se suicide (risos)."

Bethe Correia teve 34 segundos no octógono para arrepender de cada provocação que dirigiu a Ronda Rousey. Tomou uma saraivada de socos inacreditável. Perdeu pela primeira vez na carreira. Foi humilhada diante dos brasileiros. A norte-americana lutou com uma fúria até então nunca vista. Era uma filha querendo vingar o pai morto. Ela só parou de bater quando a Bete 'Pitbull' caiu com o rosto na lona, vencida. Nocauteada. Desacordada. Envergonhada.

Deve ter se arrependido até da escolha da música com a qual entrou no octógono: Beijinho no Ombro, de Valeska Popozuda.

Sem saber, Bethe atravessou uma linha que não deveria. Tocou na maior tragédia na família de Ronda. Ron Rousey, pai de Ronda, havia se suicidado quando ela tinha oito anos. Ele sofreu um acidente de trenó e feriu a coluna. Teve de se submeter a uma operação. Hastes metálicas foram colocadas nas suas costas. Mas não conseguia melhorar.

Exames detalhados mostrava que ele sofria Síndrome de Bernard-Souiler. Ela impede a formação de coágulos sanguíneos. O quadro era gravíssimo. O diagnóstico é que sua saúde iria piorar. Ficaria preso a uma cama. E teria pouco tempo de vida.

Ron preferiu se matar aspirando fumaça na cabine de um caminhão. Deixou um bilhete dizendo que Ronda se tornaria uma pessoa importante, famosa. O suicídio mexeu profundamente com a campeã peso galo do UFC.

Ela sempre procurava evitar o assunto em todas as entrevistas. Até que a brasileira fez a citação, que jurou ter sido sem querer. Só que o suicídio de Ronda nunca foi segredo no UFC. Pelo contrário. A brasileira foi muito criticada pela atitude. Chegou a pedir desculpas por twitter para Ronda. Mas ela não aceitou.

"Vou assegurar que essa garota não saia do octógono do mesmo jeito que ela entrou. Não quero só que ela apanhe, quero que ela se sinta envergonhada. Não se mexe com família. Vai se arrepender de ter falado do meu pai."

Dana White se aproveitou do constrangedor episódio. Ele estimula que lutadores se provoquem, criem rivalidades, muitas vezes inexistente. Quando mais raiva, mais público querendo ver os combates. Mais pessoas comprando pay-per-view. Maior visibilidade para o UFC.
Dana já adotou Chael Sonnen. Lutador que compensava sua limitação com ofensas. Principalmente ao ex-campeão Anderson Silva. Agora incentiva o irlandês Conor McGregor na perseguição a José Aldo. Quanto mais 'trash talk', melhor. Os fãs adoram. As caras entradas são vendidas. A audiência na tevê aumenta, o reflexo chega até os patrocinadores.

Nestes tempos sem Anderson Silva, Jon Jones, George Saint-Pierre, Cain Velasquez, Dana precisava de um grande ídolo. E viu em Ronda um potencial incrível. Bonita, medalhista olímpica, especialista em finalizações, principalmente chaves de braço. Não é por acaso que cada vez mais faz filmes de ação em Hollywood. Decepcionada com o doping de Anderson Silva, a Budweiser esqueceu o brasileiro e se fixou em Ronda para a atual campanha mundial da cerveja.

Reebok, Monster, Metro, Buffalo são seus principais patrocinadores. Somadas as lutas e participações em filmes, Ronda tem recebido três milhões de dólares, cerca de R$ 10,2 milhões por ano. Mas essa quantia deverá aumentar. Os convites de cinema não param. Assim como novos patrocinadores a assediam.

Só que tudo isso havia ficado para trás nesta madrugada. Ela queria não só vencer Bethe. Mas bater muito na brasileira. E só depois que a marcasse, apelaria para suas finalizações. A paraibana continuou a provocá-la. Na encarada depois da pesagem gritou. "Falei em inglês. Don't cry (não chore). Por que é o que fará depois da luta", apostava Bethe.

Dana foi muito esperto em trazer a lutar para o Brasil, para o Rio de Janeiro. Na terra da invicta desafiante. Traria dramaticidade, a atenção do mundo. Seria a 'bela do UFC' contra um país. Só que a beleza e o carisma de Ronda mudou a perspectiva. Ele conseguiu ficar com mais da metade do público no Rio torcendo por ela.

Bethe acreditava que iria vencer Ronda na trocação. Socos, pontapés. Ronda prometeu que seria o contrário. A brasileira perderia no seu próprio estilo. A americana é uma judoca de talento. Medalha de bronze na Olimpíada de Pequim, vice mundial e campeã panamericana. Começou no MMA em 2010. Fez 12 lutas e só venceu.

A brasileira só entrou no UFC em 2013. Mas não fez só barulho. Venceu Jessamyn Duke e Shayna Baszler amigas de Ronda. Esperta, Bethe desafiou Ronda. A luta foi marcada. E a infeliz frase sobre suicídio foi dita.

O que se viu nesta madrugada foi um massacre. Ronda não deixou Bethe respirar. Foram cruzados, diretos e joelhadas devastadoras. A brasileira não conseguiu detê-la. Foi uma saraivada de socos que a fez desmoronar. Parecia Mike Tyson nos bons tempos. Bethe até deu alguns diretos no rosto da americana. Mas Ronda não sentia. Continuou batendo.

Quando Bethe cambaleou, Ronda foi ainda mais cruel. Continuou dando socos e mais socos. Até que a brasileira despencasse. Ganhou, com toda justiça, o prêmio de melhor performance do UFC 190.
Ronda deve subir no ranking peso por peso. Antes do confronto, ocupava a quarta colocação. Tem todas as chances de brigar com José Aldo no primeiro lugar. Mas o que interessava à americana era ter se vingado. Diante da mãe e das irmãs.

Ela acabou aplaudida de pé pelos fãs no Rio.

"Meu pai deve estar muito feliz.

Eu espero que ninguém mais fale de família.

Espero que essa seja a última vez."

Com o rosto inchado, envergonhada, Bethe aprendeu.

 

Fonte: R7.

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