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Mais um jornalista é morto no México; 6º somente este ano

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O fotojornalista mexicano Rubén Espinosa, de 31 anos, que já foi alvo de agressões e vinha recebendo ameaças, foi assassinado dentro de um apartamento, num bairro de classe média da Cidade do México. Espinosa foi personagem de uma reportagem publicada por O Globo no dia 23 de julho: “Com seis mortes de jornalistas desde janeiro, México já iguala número de todo 2014”. Outras quatro mulheres que estavam no local também foram mortas. Ainda não se sabe o motivo do crime. O México é um dos países onde há o maior risco para exercer o jornalismo, com mais de 80 profissionais assassinados e 17 desaparecidos nos últimos dez anos, segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras.

De acordo com a procuradoria da capital mexicana, as cinco pessoas morreram por “disparo de arma de fogo”, num apartamento no bairro de Narvarte, no Sul da cidade. As identidades das mulheres não foram reveladas, a não ser o fato de uma delas trabalhar com serviços domésticos. Uma fonte da polícia local afirmou que vizinhos alertaram do crime e que os corpos “estavam algemados e, alguns, com presumíveis marcas de tortura”.


Espinosa, trabalhou para a AVC Noticias, do estado de Veracruz, e foi correspondente da prestigiada revista “Proceso”, da Cidade do México, além de também ter trabalhado para a agência Cuartoscuro. Como fotojornalista, ele participou de investigações sobre corrupção de políticos e cobriu manifestações que exigiam o esclarecimento de assassinatos de jornalistas.

Em Veracruz, dois jornalistas foram assassinados, do total de seis profissionais de imprensa mortos no México no primeiro semestre deste ano — desde 2010, 13 jornalistas foram assassinados no estado. No começo de junho, pela segunda vez em cinco anos, Espinosa deixou Veracruz, após começar a perceber que pessoas estavam vigiando sua casa e seus passos, dia e noite, tirando fotos dele. Ele já havia sido vítimas de agressões e ameaças de pessoas ligadas a políticos, de um policial e de traficantes.

— Estou de volta ao Distrito Federal por questões de segurança, longe de onde fiz minha vida. Não estou trabalhando e busco apoio de organizações de jornalistas. É difícil: dá tristeza — relatou o fotojornalista em entrevista ao GLOBO.

A “Proceso” publicou, na noite deste sábado, que o cadáver de Espinosa tinha a marca de um golpe no rosto e dois buracos de bala. Vizinhos do edifício onde ocorreu o crime disseram não ter percebido ruídos, disparos ou algo que apontasse para qualquer ato de violência.

De acordo com a ONG Artículo 19, de defesa da liberdade de imprensa, Espinosa não residia no lugar onde foi morto, e estava apenas em “uma reunião” com pessoas “amigas”, que não tinham nenhuma relação com jornalismo. A ONG informou que está reunindo elementos para determinar se o crime está relacionado com o trabalho do fotojornalista e solicitou que as autoridades não descartem essa linha de investigação.

 
Em meados de junho, a Artículo 19 emitiu um alerta sobre a segurança de Espinosa, e havia solicitado às autoridades que fizessem vigilância sobre ele na Cidade do México. Neste sábado, a ONG publicou em sua página na internet: “O homicídio de Rubén Espinosa é um novo marco na violência contra a imprensa no México. É a primeira vez que um jornalista deslocado internamente é assassinado no Distrito Federal. A violência sofrida por Espinosa era conhecida publicamente, e o homicídio do fotojornalista ocorreu sem que as autoridades encarregadas de proteger jornalistas neste país movessem um só dedo a favor de Espinosa. A Artículo 19 vê com profunda preocupação que a Cidade do México deixe de ser um refúgio seguro onde se abrigam dezenas de jornalistas deslocados.”

Na entrevista que deu ao O GLOBO, Espinosa fez uma severa crítica às ameaças contra a imprensa mexicana e ressaltou que gostaria de voltar a trabalhar:

— Creio que estamos numa decadência jornalística em todo o país, sobretudo em Veracruz. Espero que as pessoas, a comunidade internacional, atentem para a situação. Quero voltar a trabalhar como fotojornalista. Com a sociedade mal-informada, há mais pobreza e abusos. Que nós, como comunicadores, não permitamos que esse país vá mais ladeira abaixo do que já foi.


Fonte: G1

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