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Na ONU, Dilma diz que Brasil não tem 'problemas estruturais graves'

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Em seu discurso na sessão de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente Dilma Rousseff (PT) admitiu aos líderes mundiais que o Brasil passa, atualmente, por um momento de dificuldades econômicas, com aumento da inflação, desvalorização cambial e queda de receitas. Ela, no entanto, ressaltou que, apesar da crise, o país não vive "problemas estruturais graves", e sim dificuldades pontuais.

Após destacar que, nos últimos seis anos, o Brasil adotou uma série de medidas para tentar reduzir os efeitos da crise econômica internacional de 2008 e que essas ações chegaram “ao limite”, Dilma frisou que o objetivo de seu governo é gerar mais oportunidades de investimentos, ampliando a geração de empregos no país.

Ao longo de cerca de 20 minutos de discurso, ela disse que a economia brasileira é “mais forte e sólida” do que em anos anteriores e tem condições de superar as dificuldades e “avançar na trilha do crescimento”. Como em discursos recentes, a petista voltou a afirmar que o momento é de transição para o “novo ciclo de desenvolvimento econômico”.

"A lenta recuperação da economia mundial e o fim do superciclo das commodities incidiram negativamente sobre nosso crescimento. A desvalorização cambial e as pressões recessivas produziram inflação e forte queda da arrecadação, levando a restrições nas contas públicas. O Brasil, no entanto, não tem problemas estruturais graves, nossos problemas são conjunturais e, diante desta situação, estamos reequilibrando o Orçamento e assumimos uma forte redução de nossas despesas, gastos de custeio e parte do investimento”, enfatizou.

Dilma citou no auditório da ONU que, na tentativa de conter a crise econômica, seu governo propôs ao Congresso Nacional “cortes drásticos” de despesas no Orçamento do ano que vem. Conforme a petista, o país deverá se reorganizar na economia, buscando a estabilidade macroeconômica e a retomada do crescimento com distribuição de renda.

“Propusemos cortes drásticos de despesas e redefinimos nossas receitas. Essas iniciativa visam a reorganizar o quadro fiscal, reduzir a inflação, consolidar a estabilidade macroeconômica e garantir a retomada do crescimento com distribuição de renda”.

A chefe do Executivo falou ainda sobre as políticas sociais e de transferência de renda implantadas nos últimos anos pelo governo brasileiro. Segundo ela, a “eficácia” do programa Fome Zero pode ser vista na retirada do Brasil do chamado "mapa da fome", um dos itens dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Corrupção

Dilma também abordou, em meio ao discurso, o tema da corrupção. A presidente afirmou que, graças ao “vigor de suas instituições”, o Estado brasileiro tem atuado de forma “firme e imparcial”, por meio de seus órgãos de fiscalização, para investigar e punir desvios e crimes. Ela destacou que, no Brasil, o governo e a sociedade "não toleram a corrupção".

“Queremos um país em que as leis sejam o limite. Muitos de nós lutamos por isso quando as leis e os direitos foram vilipendiados durante a ditadura. Queremos um país em que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos, além de juízes que julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza, desligados de paixões político-partidárias”, ressaltou.

Dilma também dedicou parte do discurso à defesa da democracia no Brasil. Em um dos trechos, ela citou uma declaração do ex-presidente do Uruguai José Mujica, na qual ele afirma que a democracia não é perfeita, mas é preciso defendê-la para melhorá-la.

Sem mencionar diretamente o atual momento político do Brasil, a presidente foi enfática ao dizer que o Brasil “continuará trabalhando” pelo caminho democrático e não “abrirá mão” das conquistas pelas quais “tanto lutamos”.

“Queremos um país em que o confronto de ideias se ambiente de civilidade e respeito. Queremos um país em que a liberdade de imprensa seja fundamento dos direitos de opinião e manifestação”, declarou a petista.

Refugiados

A presidente da República também usou seu discurso na Assembleia Geral da ONU para comentar a crise de imigração que o mundo vive atualmente (assista ao vídeo acima). Na avaliação de Dilma, é um "absurdo imperdir o livre trânsito de pessoas". Ela se referia a situação de refugiados que tentam chegar a países da Europa.

Nas últimas semanas, a Europa tem recebido milhares de imigrantes ilegais saídos de países em conflito na África e no Oriente Médio. A emigração em massa vem gerando acirramento da repressão nas fronteiras europeias e acidentes envolvendo imigrantes que se arriscam para chegar a um novo país.

"Em um mundo onde circulam livremente mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas", opinou a presidente brasileira.

Dilma voltou a declarar, a exemplo do que fez durante reuniões preliminares da ONU no fim de semana, que o Brasil está aberto para receber imigrantes.

"O Brasil é um país de acolhimento, um país formado por refugiados. Recebemos sírios, haitianos, homens e mulhers de todo mundo. Assim como abrigamos há mais de um século europeus, árabes  e asiáticos, estamos abertos e de braços abertos para receber refugiados. Somos um país multiétnico", disse a presidente, sendo intensamente aplaudida pelos governantes mundiais.

Fonte: G1

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