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Taxistas usam cooperativismo para driblar crise e mudar realidade

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Jenison Lopes Leal, diretor da Cootatero

Usar clichês sempre foi ferramenta eficaz quando o assunto era romance, mas a história agora é diferente e a prática passou a ser útil até na economia.  A união faz a força, pode ser eleito o clichê ideal para definir o real conceito de cooperativas, uma receita de sucesso para profissionais como o taxista Jenison Lopes Leal, que saiu da informalidade e hoje forma junto com outros 80 taxistas a COOTATERO (Cooperativa dos Taxistas do Terminal Rodoviário).

Para fugir da rotina desgastante e driblar a crise, cooperar foi a solução encontrada por estes profissionais para aumentar os lucros e consolidar a empresa como principal meio escolhido pelos turistas e moradores que chegam à capital usando o Terminal Rodoviário Lucídio Portela.

“Transformamos nossa associação em cooperativa e agora temos mais qualidade de vida. Nós esperávamos o passageiro chegar, éramos imaturos nesse termo. Hoje em dia nossa prioridade é ir até eles. Nós que somos taxistas temos tantas despesas nunca imaginamos, por exemplo, poder investir em um curso de inglês para receber um passageiro estrangeiro, como temos feito agora”, comemora o taxista, que é diretor da cooperativa.

O resultado é colhido em números. Segundo Jenison, o faturamento dos taxistas cooperados aumentou em cerca de 40 % em relação a anos anteriores. E são números como estes, que refletem diretamente no dia-a-dia do profissional. “Hoje podemos ter uma programação de eventos, montar uma escala de trabalho e com isso até passar mais tempo com a família. Virar cooperativa, serviu para transformar nossa realidade”, reforçou.

Jenison não está sozinho, e como ele, outros profissionais já enxergam a transformação em cooperativa como uma forma eficaz de fugir dos prejuízos provocados pela queda na clientela. É o caso dos “vizinhos” de trabalho dos taxistas. Dividindo o espaço da rodoviária com os carros, os mototaxistas da rodoviária, motivados pela idéia dos colegas decidiram procurar o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e se tornaram também uma empresa, com direitos e deveres comerciais e agora estão alavancando o negócio. Quem ganha com isso? Os mototaxistas e os clientes. 

“A mudança vai ser da água pro vinho porque a partir do momento que a gente se tornar cooperativa vamos aprender a lidar com o cliente e até mesmo a maneira de se vestir vai ter que mudar, vamos ser orientados. O cliente, já se sente seguro que somos legalizados e com esses cursos sem dúvidas irá melhoras. A crise econômica tem que ser driblada com preço e organização. A partir do momento que a gente se tornar uma cooperativa vamos ter um estatuto e estipular preços que não sejam abusivos. Vamos derrubar esse preço porque fazendo isso, o passageiro vai nos procurar”, aposta Gilvaniel Costa, representante dos mototaxistas.


Gilvaniel Costa, representante da Cooperativa dos Mototaxistas da Rodoviária

E é com o Sescoop que os jovens trabalhadores buscam incentivo e capacitação para gerir suas cooperativas. No local, além de formalizarem o negócio, eles recebem acompanhamento para garantir o desenvolvimento de suas iniciativas. Flodoaldo Alves Alencar, gestor do Sescoop no Piauí, explica que o sistema funciona sob três bases– capacitação, monitoramento e promoção social. Dentro de cada programa, são oferecidas estratégias que fortalecerão o negócio e podem impulsionar ainda mais o potencial econômico de cada setor.

“Antes do Sescoop, cooperativas eram mal geridas porque as pessoas não tinham capacidade gerencial para tocar uma empresa, então o Sescoop foi criado há 15 anos com essa finalidade, de fazer um acompanhamento da gestão da cooperativa. Para isso, nós temos vários programas, divididos em cada fase da cooperativa, desde seu cadastro até sua consolidação”, explica o gestor.

Para Flodoaldo, a importância do cooperativismo está na união das pessoas. Pois o resultado do trabalho em conjunto agrega valor à todos e não somente ao individual. “Ao tratar dos assuntos de forma coletiva se busca sempre o melhor resultado para o trabalho individual, promovendo assim o sucesso coletivo”, pontuou o gestor.


Flodoaldo Alves Alencar, gestor do Sescoop no Piauí

Com demandas específicas, colhidas com os próprios trabalhadores, o Sescoop consegue atuar de forma direta e oferecer capacitações eficazes e pontuais nas áreas de maior necessidade no mercado de atuação da cooperativa atendida. Ccom essas capacitações é possível desenvolver, por  exemplo, atividades de liderança e relacionamento interpessoal. “Esses são apenas alguns exemplos de atividades que propomos aos cooperados que tem resultados diretos na manutenção das cooperativas atendidas”, explica Márcia Régia Costa, analista de capacitação.

Colhendo os frutos da cooperação

Um exemplo claro de profissional que já colhe os frutos do sistema de cooperação é o de Pedro Ferreira. Taxista há 17 anos e a oito como diretor da cooperativa Teletáxi, Pedro conta que sua paixão pelo sistema cooperativista está no fato da ajuda mútua e no crescimento igualitário de todos os envolvidos. 

“O cooperativismo ajuda o taxista de todas as maneiras, veja só,  juntos nós somos fortes e podemos fazer a manutenção dos nossos veículos a preço de atacado por termos uma grande frota. Pneus, vidros, baterias e muitos outros materiais que antes sairíam a custos altíssimos, hoje nós podemos custear de forma muito mais igualitária. Nossos taxistas tem até seguro coletivo que inclui terceiros, ou seja, até um terceiro carro envolvido, terá seu prejuízo sanado. Juntos estamos protegidos e não somos explorados pelo mercado. Mas em contrapartida zelamos pela confiança de nossos clientes e pelo melhor serviço sempre”, garante Pedro.


Pedro Ferreira Diretor da Cooperativa Teletáxi

Existente há 19 anos, hoje esta é a maior cooperativa de táxis de Teresina com cerca de 300 veículos em sua frota. Atualmente cerca de 60 mil chamadas mensais são registradas pela central de táxi adquirida pela cooperativa que expandiu ao longo dos anos o seu serviço a vários locais.

“Através das capacitações e do conhecimento adquirido conseguimos criar novas estratégias que foram primordiais para nossa evolução. Hoje temos sistema de rádio até em motéis de Teresina e em pontos estratégicos de grande fluxo como shoppings. Quem tem os melhores pontos, tem as melhores corridas, e cooperação é o que garante que todos sejam beneficiados”, reforçou o diretor.

Modernização

E para garantir a longa duração da cooperativa não basta o investimento, a criatividade também conta pontos para quem investe em um negócio. Pedro agora aposta em um aplicativo de celular,  para concorrer com a chegada das novas ferramentas de web que permitem uma maior facilidade para os clientes de táxi.

“Não dá pra fugir da modernidade. O Über está aí e como ele, vários outros aplicativos estão chegando. Não podemos ficar atrás e estamos sempre procurando inovar. Oferecer o melhor para o nosso cliente é o que nos mantém no mercado e cooperar, reforça nossa marca. De nada adianta que um de nós tenha um comportamento diferente. Juntos somos fortes”, concluiu Pedro, deixando o exemplo que mesmo diante da crise, cooperar ainda é um caminho.

Rayldo Pereira
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