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Piauí registra 1º bebê que sobrevive a cirurgia cardíaca na Evangelina Rosa

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Com apenas três meses de vida, a pequena Williany Victória Amorim da Silva, tem se mostrado uma verdadeira guerreira. Ainda na gravidez, sua mãe, Enicleide Pereira da Silva, 29 anos, natural de Uruçuí, descobriu que a filha tinha um problema congênito no coração e foi orientada que tivesse a filha em Teresina para que ela pudesse ter chances de sobreviver.

“Eu descobri na ultrassonografia morfológica que tinha uma má formação no coração, e que era muito grave e é muito raro, que ia precisar ficar em UTI. E por isso eu vim para a Evangelina Rosa”, conta a dona de casa.  

A primogênita nasceu na Maternidade Dona Evangelina Rosa no dia 25 de junho com atresia pulmonar com septo interventricular intacto, que impede o coração de bombear sangue para o pulmão. O problema ocorre em 7 crianças a cada 100 mil nascidos vivos e pelo menos metade morre ainda no primeiro mês de vida. A sobrevivência do bebê de Uruçuí é considerado inédita na única maternidade estadual do Piauí.

Para a pequena Williany Victória sobreviver e conseguir chegar até a cirurgia, ela contou com verdadeiros anjos da guarda na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da maternidade. Mas, também com sua própria força de vontade, já que precisava passar por uma cirurgia urgente, que deveria ter sido feita nos primeiros dias de vida.

Cirurgia de risco

“Mantemos ela viva com uma medicação especial, enquanto a gente tentava um local para transferi-la. Tentamos São Paulo, Fortaleza-CE, Salvador-BA, mas não conseguimos. Até que o doutor Paulo Cortelazzi, do Hospital São Paulo se dispôs a fazer”, informou o diretor geral da maternidade, o médico José Brito.  

A medicação especial era inserida pela veia da recém-nascida, que teve uma parte do cabelo raspado em busca de acesso.

Enicleide Pereira conta que o médico Paulo Cortelazzi soube do problema da sua filha ainda nos primeiros dias, mas afirmou que só poderia fazer a cirurgia com três meses. “Ele disse que o tubo de 3 milímetros (mm) não tinha em Teresina, mas que era para eu voltar quando ela completasse três meses, que ele ia repetir o exame para saber se dava para colocar o tubo de 4 mm e assim nós fizemos. Mas, devo muito ao doutor Luiz Carlos (cardiopediatra), que também correu atrás para conseguirmos realizar essa operação”, com a mãe da pequena.

A cirurgia foi realizada no dia 30 de setembro no Hospital São Paulo, mas o pós-operatório foi realizado na maternidade Evangelina Rosa. Dez dias depois da cirurgia, a pequena Victória deixou a UTI e foi para os braços da mãe na enfermaria canguru.

A médica pediatra Isabel Almeida conta que o engajamento dos profissionais e a própria criança que mamava, mesmo sendo cardiopata, ajudou para que chegasse a essa etapa. “Foi uma cirurgia paliativa, para que ela possa realizar uma nova abordagem futuramente. Mas, já foi uma vitória, porque houve um grande envolvimento de todos, quando perdia o acesso, vinha cirurgiões, enfermeiras para ajudar e ela também ajudou muito, foi todo um conjunto que favoreceu esse quadro. Estou muito feliz”, afirmou a médica.

Ambulatório de cardiopatia

Segundo ela, a maternidade ganhou muito com a criação do ambulatório de cardiopatia criado em julho. “Os diretores foram muito felizes em implantar esse ambulatório, já que contamos com um médico pediatra, doutor Luiz Carlos que é cardiologista e tem acompanhado essas crianças com cardiopatia”, declara a médica, ressaltando que nascem muitas crianças com problemas no coração uns mais graves e outros nem tanto, mas que não têm como contabilizar. “A Evangelina Rosa tem um mundo de informações, mas infelizmente com poucos recursos humanos. Estamos tentando catalogar os dados, distribuindo entre a equipe, mas ainda em fase de coleta”, revela.  

Primeiro da maternidade

Por ser considerado grave e muitos pacientes não terem resistido por uma série de fatores, o caso de Victória é considerado inédito na Evangelina Rosa. “Na UTI, técnicas, enfermeiras e até médicos disseram que estava sendo um privilégio, uma novidade. Uma disse que nunca tinha visto, em 20 anos de maternidade, uma criança com a mesma doença dela sobreviver. Mas, isso aconteceu porque não desistiram dela, mesmo sem a estrutura adequada, sem a medicação, eles acreditaram nela e na saúde do Piauí”, ressalta Enicleide, que depois de quase quatro meses espera ansiosa a alta de sua filha para enfim voltar à sua terra natal.

“Desde que cheguei para tê-la nunca mais voltei em casa, mesmo esse tempo todo na UTI, eu fiquei aqui, perto dela, dando de mamar e quando ela não podia pegar no peito, eu doava para o banco de leite. Só saio daqui com ela e se Deus quiser, será ainda nesta semana, como me prometeu o doutor Luiz Carlos”, diz a mãe, esperançosa.No entanto, a garotinha ainda deve passar por outras duas cirurgias para solucionar o problema, que deverão ser feitas fora do estado. 

O primeiro dia das crianças de Williany Visctória Amorim da Silva teve um gostinho especial de VIDA e SAÚDE.  

 

Caroline Oliveira

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