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"Tive oportunidade na vida outra vez", diz vítima de estupro em Castelo

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Há um ano o Piauí era surpreendido com um dos mais brutais crimes de sua história: o estupro coletivo de quatro garotas no município de Castelo do Piauí, a 190km ao Norte de Teresina. A barbárie aconteceu quando elas tiravam fotos em um local conhecido como Morro do Garrote. As adolescentes, com idades entre 17 e 18 anos, além de sofrerem violência sexual, foram espancadas e jogadas amarradas do alto do morro. Uma delas, Danielly Rodrigues, de 17 anos, morreu após 10 dias internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). 

Nesta sexta-feira (27), a TV Cidade Verde conseguiu conversar com uma das sobreviventes.  O sofrimento daquela data ficou apenas na memória. Hoje sua vida é movida a sonhos. E eles são muitos e normais como o de qualquer pessoa, como se formar e constituir uma família. "Eu sonho em me formar, claro, trabalhar e construir uma família", afirmou.

A jovem, que mora em Teresina com os tios há  quase um ano, completa 19 anos em julho e dedica a maior parte do tempo aos estudos. Nesse período, tenta seguir a vida normalmente com o apoio de várias pessoas, dentre elas, a sua psicóloga. "Considero ela assim como uma amiga e não como uma psicóloga. Na verdade até uma mãe, se duvidar. Tem também o pessoal da Sasc, que sempre esteve por perto", lembra.

Outras duas sobreviventes da violência brutal estudam com a adolescente na mesma escola. O plano dela é de se formar em Medicina Veterinária. "Não sou de brincar com animais, aquela coisa toda. Na verdade é de cuidar. Isso desde pequena", conta.

Fotos: Thiago Amaral/Cidadeverde.com


Morro do Garrote, local onde as adolescentes foram jogadas amarradas

Serena, ela foi a única que se dispôs a falar. Mas falar apenas de futuro. Segundo a estudante, o passado ficou para trás. "Prefiro me reservar e ficar calada assim. É um momento para esquecer. O passado ficou no passado. Se o passado fosse bom era presente", disse a estudante, única mulher de 4 irmãos.

Voltar à Cidade de Castelo, só se for para visitar amigos e familiares. "Eu achei que nunca ia me acostumar aqui, mas aprendi a gostar e hoje não me vejo mais em Castelo. Só para ir ver os amigos, a família, mas para morar, não! Não dá mais", destaca.

A jovem, que teve traumatismo craniano com perda de massa encefálica, se considera uma pessoa mais amável e se define como guerreira. "Tenho mais amor, uma pessoa com mais paz, mais amável. Como eu tive a oportunidade na vida outra vez, todo mundo fala que sou uma guerreira e me considero assim. Agradeço a Deus e a todos que me ampararam", concluiu.

Quatro adolescentes e um adulto, Adão José da Silva Sousa, 42 anos, são suspeitos de participar do crime. Um dos adolescentes, Gleison Vieira da Silva, 17 anos, foi assassinado em Teresina no dia 17 de julho do ano passado, a chutes e pontapés.

Hérlon Moraes (com informações de Gorete Santos)
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