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'Minha convicção é que houve estupro', diz delegada da Dcav

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A Polícia Civil e o Instituto Médico Legal (IML) estão reunidos na tarde desta segunda-feira (30) para dar mais detalhes sobre a investigação do caso de suposto coletivo de uma jovem de 16 anos na Zona Oeste do Rio, no último dia 21 de maio. Durante o encontro, a delgada que agora conduz as investigações se afirmou convicta não apenas de que houve estupro, mas estupro coletivo, com base no vídeo da vítima divulgado nas redes sociais pelos suspeitos. A polícia, entretanto, ainda não tem elementos para confirmar a versão de que 33 pessoas participaram do crime.

"Minha convição é que houve estupro. Tanto que está no vídeo. Quero provar agora é a extensão desse estupro. Se foram cinco, dez, trinta", disse Cristiana Bento, delegada titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV). "O vídeo prova o abuso sexual, além do depoimento da vítima", afirmou a delegada, acrescentando que, na avaliação dela, o vídeo prova ainda o estupro coletivo.

O chefe da polícia Civil, Fernando Veloso, explicou que a investigação se debruça sobre dois momentos: o vídeo, que mostra provas e envolvimento de alguns suspeitos, e o momento anterior, do estupro coletivo denunciado, onde ainda há coleta de provas e depoimentos— não há "prova técnica", para o delegado, da participação de 33 pessoas. Para a Polícia Civil, porém, é claro que houve estupro coletivo porque o vídeo mostra um homem tocando a adolescente e vozes de outros, no mesmo ambiente.

Sobre o vídeo, os suspeitos podem ser indiciados por estupro de vulnerável e produção, armazenamento e distribuição de pornografia com menores de idade, de acordo com os artigos 240 e 241A do Código Penal.

De acordo com a perita legista do Instituto Médico Legal (IML), Adriane Rego, não foi constatada violência física no exame. A perita ressaltou, no entanto, que o exame foi feito cinco dias depois do ocorrido. O inquérito corre em segredo de Justiça.

Bento explicou, porém, que o fato do exame físico não constatar lesão na vítima em investigações com vítimas que denunciam estupro não quer dizer que não houve o crime. "Nesse tipo de investigação, pode não ter acontecido lesão e haver estupro; e pode ter acontecido lesão e não ter acontecido estupro", explicou. "Se ela estava desacordada não vai ter lesão, porque ela não ofereceu resistência", acrescentou a delegada.

Veloso afirmou que o fato de que os pedidos de prisão de seis suspeitos ter acontecido nesta segunda-feira e não antes está sendo avaliado, assim como a conduta do delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, que não está mais no caso. Ele afirmou, entretanto, que pesou a experiência de Bento no trato com vítimas de violência sexual e disse que a Thiers já contribuiu com a relação. "Pessoalmente entendo que não era conveniente que o delegado Alessandro Thiers não tivesse na investigação, até para preservá-lo", diz Veloso. Ele admitiu então, que Cristiana Bento tem mais conhecimento na questão do trato com a vítima. "Mais até do que eu", afirma. 

Áudios do Whatsapp são falsos, diz delegada
"É importante acrescentar aqui que chegam muitos áudios do whatsapp desse caso — a maioria especulação". Como exemplo dos áudios falsos que estão circulando, a delegada cita o áudio que um suposto morador da comunidade onde aconteceram os crimes afirma que não houve estupro na favela porque o tráfico não deixa.  "Chegaram muitos áudios do Whatsapp que dizem que isso não ia acontecer porque os traficantes não deixam. Mas eles estupram sim. Eles entram nas casas e violentam meninas. Muitas não falam. Eles não permitem que outros estupram, mas eles estupram sim. Essa menina mesmo ia ficar calada e foi convencida a denunciar", disse a delegada.

Participaram da coletiva de imprensa o delegado da Polícia Civil, Fernando Veloso; Cristiana Bento, delegada titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV); Adriane Rego, perita legista do Instituto Médico Legal (IML); Márcia Noeli, delegada da Divisão Policial de Atendimento à Mulher.

Polícia Civil procura suspeitos
A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) deflagrou nesta segunda-feira (30) uma operação policial para cumprir seis mandados de prisão e de busca e apreensão na investigação do estupro sofrido por uma adolescente de 16 anos, no Morro São José Operário, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.

Entre os procurados estão Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, jogador do time de futebol Boa Vista, apontado como namorado da vítima, Raí de Souza, que admitiu ser o autor do vídeo onde a jovem aparece desacordada e que apareceu acenando para as câmeras de TV na entrada da delegacia, quando foi depor.

Também são buscados Marcelo Miranda Correa, suspeito de divulgar as imagens, Raphael Assis Duarte Belo, que aparece em uma foto fazendo selfie com a jovem desacordada na cama, Sérgio Luiz da Silva Júnior, o "Da Rússia", apontado como chefe do tráfico no Morro do Barão, e Michel Brasil da Silva, também suspeito de divulgar o vídeo.

Além de mandados de prisão, a polícia também busca computadores e celulares na casa dos suspeitos. As buscas são realizadas na Cidade de Deus, Taquara, Recreio, Favela do Rola e Praça Seca.

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