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Vítima de estupro no Piauí diz que agressores lhe ofereceram dinheiro para não denunciar

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A jovem que aparece em um vídeo gravado com cenas de um estupro coletivo, na cidade de Sigefredo Pachedo (164 km de Teresina), disse em entrevista que os autores do crime lhe ofereceram dinheiro para que ela não denunciasse o crime. Ela disse ainda que não lembrava do que tinha acontecido e que soube por conta do compartilhamento do vídeo em que ela aparece nua e cinco homens tocam suas partes íntimas. A vítima destacou que quer justiça. 

"Eu senti a ausência do meu celular no dia seguinte e procurei eles, um dos amigos, e ele disse que me daria outro celular no lugar do meu. Quando voltei, soube do vídeo e fui direto procurar a polícia, mas não havia ninguém na delegacia, aí fiquei na minha. Depois, eu que fui procurada. Nos outros dias, eles me procuraram, pediram que eu não desse parte. Eles disseram que me davam qualquer quantia para eu não dizer nada", declarou. 

A moça contou que, mesmo intimidada e temendo retaliações - ela deixou a cidade por temer a repercussão do caso -, quer justiça. 

"Desde o início eu achei que precisava tomar providências. Eu só quero que bote para frente esse caso, eu não quero que façam com um filho meu, com a população de Sigefredo, o que fizeram comigo", afirmou. 

A vice governadora, Margarete Coelho, comentou a atitude da jovem e destacou que o governo pretende aparelhar melhor as delegacias da mulher e capacitar os policiais das delegacias distritais e do interior para atender mulheres vítimas de violência sexual. 

"Ela fez a coisa certa, buscou a polícia, mas temos que estar preparados para receber e aparelhar nossa rede, com profissionais do sexo feminino, como manda a lei Maria da Penha, para que seja um ambiente acolhedor. Precisamos de uma delegacia da mulher aparelhada, para que ela saiba que vai encontrar um braço amigo do estado. Essa vergonha que a mulher tem, de denunciar, incentiva esses crimes. Ao mesmo tempo, não podemos ter em cada povoado uma delegacia da mulher, então toda a polícia tem que estar preparada. Sejam homens, mulheres, mas preparados para esses casos", disse. 

Ela relatou como os abusos tiveram início. Ela e mais duas amigas participavam dos festejos da cidade, de pouco mais de 9 mil habitantes, quando os cinco rapazes - já identificados pela polícia como os autores do estupro - convidaram as três moças para beberem com eles. Ela parece ter sido drogada pelos homens. 

"Quando a gente ia passando para o banheiro, eles chamaram a gente. Duas desistiram e não foram, e eu aceitei. Quando bebi um pouco, já comecei a passar mal. Aí as duas foram ao banheiro e quando voltaram, eu já estava no banheiro apagada. Daí em diante, não lembro de mais nada", disse.

O crime

A Polícia Civil do Piauí soube do caso na última segunda-feira (13), mas o crime aconteceu no dia 3 deste mês. 

"A polícia só tomou conhecimento dez dias após o fato e só soubemos por conta do vídeo que estava circulando na cidade e procuramos a vítima, porque esse é um crime de natureza de ação pena pública incondicionada, a autoridade policial é obrigada a agir, tendo iniciativa da vítima ou não. Contudo, somente após ela ser ouvida é que tivemos informações claras sobre o caso e podemos iniciar a investigação", esclareceu o gerente de policiamento do interior, delegado Willame Moraes.

Em fotos e vídeos divulgados pelos próprios autores da violência sexual, cinco homens aparecem tocando as partes íntimas da vítima, que está desacordada dentro de um carro. Um deles chega a dizer que a "turma do azeite" será presa pela polícia por conta do ato. Ela contou à polícia que saiu com cinco homens, dos quais conhecia somente três. Ela conta que ingeriu um copo de bebida e depois não lembra mais dos fatos da noite. 

A garota esteve Teresina, onde realizou atendimento no Serviço de Apoio à Mulher Vítima de Violência Sexual (Samvis). No Samvis, além realizar exames e ser medicada contra doenças sexualmente transmissíveis, foi atendida por psicólogos e assistentes sociais

 

Maria Romero
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