O escritor e poeta Salgado Maranhão recebeu nesta segunda-feira (20) o título de cidadão piauiense na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi). A solenidade contou com a presença do governador do Estado, Wellington Dias (PT). A proposta da entrega do título de cidadania é do deputado estadual João de Deus (PT).
Wellington Dias comentou que é um orgulho para todo o Piauí ter o Salgado Maranhão como cidadão piauiense.
"Ele tem uma vida inteira voltada para a piauiensidade. E, agora, com título, é de fato e de direito um cidadão piauiense; ele que e é um grande brasileiro".
O professor Cineas Santos disse que o Salgado é respeitado não somente no Rio de Janeiro, mas como em todo o mundo. "Ele é disputado nas universidades americanas para proferir palestras, sempre foi um embaixador da cultura do Piauí. Esse título é redundante, pois ele já é cidadão piauiense por opção. E é um titulo que é dele pro direito", disse Cineas.
O deputado Joao de Deus destacou que a obra,a história e as raízes do escritor também estão no Piauí, pois possui uma ligação muito forte com o Estado. "É uma honra para todos os piauienses", acrescentou.
Durante o discurso, o escritor Salgado declarou o amor que sente pelo Estado. "O Piauí representa tudo pra mim. É um pedaço da minha história onde comecei meu trabalho literário. Esse título é uma explosão de afeto onde se oficializa toda a minha ligação com o Piauí", disse Salgado que, durante o seu discurso na solenidade, fala recitou a poesia "Senteça" (veja abaixo). Na oportunidade, o governador Wellington recitou a poesia "O Retirante", que foi lido do livro A Cor da Palavra, que é uma antologia com varias publicações do escritor.
Sentença (Salgado Maranhão - 1953)
faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem surfa no trilho
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
pra sobrar na contagem.
por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita.
Veja o que disse Cineas na sua rede social
Flash Yala Sena
Redação Carlienne Carpaso