Cidadeverde.com

"Quero raspar a cabeça", diz Sonia Braga na pré-estreia de Aquarius

Imprimir

Os ânimos estavam um tanto exaltados na sessão de pré-estreia do longa-metragem Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que inaugurou o complexo de cinemas da Reserva Cultural, na noite de quarta-feira (24), em Niterói. Diante de uma tentativa de boicote ao filme para ser o representante brasileiro do Oscar em 2017 – por um jornalista da comissão da Secretaria do Audiovisual – e da imposição da classificação etária de 18 anos para a obra, a atriz Sonia Braga e o cineasta protestaram.

"São apenas 13 segundos de uma cena de sexo picotada", dizia Kleber, sobre uma sequência de sexo grupal. Recentemente, filmes mais ousados, como Boi neon, que traz uma cena de nu frontal de Juliano Cazarré, por exemplo, não foram enquadrados com tanto rigor e tiveram a classificação de 16 anos. Instantes antes da sessão de Aquarius começar, Sonia conversou com a coluna. 

O que achou da classificação etária de 18 anos para Aquarius?

Absurda. Um filme como este não justifica essa classificação. Meu grande interesse no Brasil hoje é a juventude, que tem uma opinião importante. Não permitir que essas pessoas tenham acesso a essa cultura significa cercear essa liberdade. Na minha época, os filmes censurados eram simplesmente cortados. Hoje em dia, um jovem de 15 anos, que já está na internet, que assiste a filmes estrangeiros, é que está definindo o futuro. Essa plateia é importante, quero saber como eles se colocam.

Para você, a censura tem a ver com o protesto em Cannes, contra o impeachment?

Precisamos apurar isso. Qual é a razão, afinal? São flashes de cenas de sexo. E é tudo muito rápido. A não ser por ter um tubarão na praia, será que eles não querem que os surfistas saibam disso? (Risos.) Vamos investigar. 

O que achou da atitude dos cineastas Anna Muylaert e Gabriel Mascaro, que desistiram de competir com Aquarius por uma vaga no Oscar?

Quando você vê as pessoas de cultura se unindo, eu penso: "Será que isso é o máximo?". O bom seria que todos competissem. Mas, se há algo que não é justo, precisamos nos unir. A classe artística se movimenta sempre pela democracia, já que tem o poder de divulgar tudo isso. Agora virou uma causa. Uma força que vai aumentar. Não sei como vamos chegar lá.

Você já disse que está interessada em fazer mais cinema no Brasil. Existe um novo projeto?

Olha, já tenho outro projeto, sim, mas não quero criar expectativas, porque estamos com problemas de agenda. Melhor não falar nisso até que seja consumado. Eu queria raspar o cabelo depois que fiz Aquarius. Sou uma pessoa que faz uma dieta saudável, rigorosa, só como coisa crua ultimamente. Não combina ter de pintar o cabelo. Mas aí surgiu um projeto nos Estados Unidos. Adiei essa ideia. Quero raspar para saber como é o formato da minha cabeça e também do cérebro. 

Considera voltar às novelas?

Novela? Não. Eu gravei com o Fantástico, visitei a Globo do Jardim Botânico, foi legal, me trouxe boas memórias. Não penso em novela, mas gosto de fazer TV aberta porque é de graça. 

Fonte: Época

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais
Tags: