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Criticado por letra machista, Frejat diz que falta senso de humor nas pessoas

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Frejat não lança álbum de inéditas desde 2008. E talvez não lance jamais. Em entrevista ao G1, o pop roqueiro de 54 anos diz que não se imagina gravando mais discos.

Mas isso não quer dizer que o show desta sexta-feira em São Paulo terá apenas covers, músicas dos tempos de Barão Vermelho e canções de seus três trabalhos solo. Uma das novidades é "Mais do que tudo", lançada no mês passado, com alguma polêmica.

Frejat canta que quer "que ela seja linda, alta e use minissaia" e "uma princesa na mesa e uma fera na cama", entre outros desejos chamados de machistas por usuárias do Facebook. "Tem que ter um pouco de senso de humor e isso está faltando para as pessoas", diz Frejat. "Eu não estou fazendo nenhuma pregação machista", completa.

"Eu queria saber qual mulher quer uma fera na mesa e um príncipe na cama. Acho que ela vai querer o mesmo que eu quero... Todo mundo quer princesa na mesa e uma fera na cama. O contrário seria uma porcaria." Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

G1 - Seus shows são românticos e com muitos casais na plateia. Isso virou uma marca sua, concorda?
Frejat - No momento em que me decidi a fazer o trabalho solo eu me fiz a pergunta: o que eu quero? Pensei em falar do universo amoroso, que é o universo que eu gosto. Ele às vezes é romântico, às vezes não. Há histórias doces, cruéis, ásperas. Me atraem as possibilidades de falar das relações humanas. A coisa romântica atraiu mais o público feminino. Agora as esposas levam os maridos.

G1 - Em entrevistas recentes, há quem reclame da crise, como Ivete Sangalo. Ela disse que é natural que um dos primeiros cortes no orçamento das pessoas seja no lazer. Você, como artista, sentiu a crise de alguma forma?

Frejat - Sim, todo país sentiu a crise desde 2014. Desde a véspera da eleição, dois meses antes. No começo de 2016, o mercado ficou bem parado. Eu e Ivete temos um público: mal ou bem, o mundo do entretenimento não fecha. O ritmo diminui, mas continuamos. Pra quem tá começando é que está ainda mais difícil.


G1 - No fim do ano passado, você havia dito que o streaming ainda não era um bom negócio para os artistas. E agora, algo mudou?
Frejat - Não mudou, continua sendo um péssimo negócio para aritstas apesar de ser o melhor modelo para este momento. Ele é ótimo modelo de consumo e péssimo modelo de negócio. Tem muita coisa para mudar, tem uma valoração pequena do uso. Existem incógnitas dentro das prestações de contas dos streamers e do YouTube. Eu dou um prêmio para quem conseguir entender a prestação de contas. Não dão precisão de números. É confuso. Para você ter uma ideia, há pouco tempo, tive uma música com 32 mil acessos. Se fossem 32 mil compactos vendidos, eu teria ganho uns R$ 5 mil. Eu recebi 13 centavos. Por aí você vê como é... Fica muito injusto.


G1 - Por que decidiu regravar 'Só você', mesmo com tantas versões conhecidas?
Frejat - Eu gravei a convite do pessoal da novela ['Totalmente demais´]. Eu já tinha tocado ao vivo e gosto desde a época do Vinicius [Cantuária] na década de 80. Eu consegui achar um caminho meu... Ela ficou com sonoridade mais contemporânea. No fim, deu certo.

G1 - Uma pergunta que muito fã quer saber: por que não lança disco desde 2008?
Frejat - Tem um "ao vivo" de 2011, mas é ao vivo. Em princício, disco não vai ter mais. Eu não me imagino com necessidade de gravar disco. Amanhã [nesta sexta-feira, dia 26], entram 15 músicas nos sites: YouTube, Google, Spotify... A música nova em duas versões e coisas que venho tocando nos últimos anos. Eu estava com isso tudo guardado procurando um formato. Mas não existe formato mais. Tem uma versão de "Satisfaction"; "Oh! Darling" em uma versão bem diferente; "Você não entende nada", do Caetano. A partir de agora se tiver um grupo de canções, eu vou colocar nas plataformas digitais.

G1 - Por que não lançar mais disco?
Frejat - Disco passou a ser um instrumento de divulgação. As pessoas não compram disco em show, elas ganham disco em show... O CD virou um cartão de visita. É um público muito reduzido que vai comprar em livrarias.


G1 - No mês passado, rolaram algumas críticas à letra de "Mais do que tudo". Sei que você não é o letrista, mas você canta. E muita gente rotulou a música como "machista", "misógina" e dizendo que o eu-lírico da música parece querer "uma boneca inflável". Qual sua opinião sobre essas críticas?
Frejat - Quando as pessoas têm esse tipo de percepção da música... Para mim, tem um erro de interpretação de texto. Na letra, eu falo "Eu quero isso, quero aquilo... Eu mais do que tudo quero que ela diga que me ama". O resto não faz a menor diferença. "Mais do que tudo" é que faz diferença. O resto... Se quer gorda, magra, se fala línguas, se é analfabeta... Tanto faz. As pessoas se apegaram ao decorrer e não ao fim da história. Tem que ter um pouco de senso de humor e isso está faltando para as pessoas. Quando as pessoas falam que é machista... Eu queria saber qual mulher quer uma fera na mesa e um príncipe na cama. Acho que ela vai querer o mesmo que eu quero... Todo mundo quer princesa na mesa e uma fera na cama. O contrário seria uma porcaria. As pessoas levam ao pé da letra. O mundo que estamos vivendo é cheio de cobrança. Eu não estou fazendo nenhuma pregação machista. Eu não estou falando que toda mulher tem que ser submissa. É o ideal tanto para um, quanto para o outro. É um exagero para chegar no final e concluir de outro jeito. As pessoas são muito literais e isso é muito frustrante.


Fonte: G1

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