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Estreante em Paralimpíada, Marinalva de Almeida mostra sua beleza e diz: 'O Brasil não precisa de Photoshop'

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Superar marcas, dominar o vento e bater adversários nem sempre é o bastante para os paratletas. Muitas vezes, derrotar o preconceito vale tanto quanto a sonhada medalha. A paranaense Marinalva de Almeida é um caso de sucesso na luta pelo reconhecimento das pessoas com alguma necessidade especial. Estreante em Paralimpíadas, ela é a única mulher da vela na seleção brasileira que vai competir na Rio-2016, a partir do dia 7 de setembro, na Baía de Guanabara.

— Tenho controlado a ansiedade, porque já estamos na aclimatação e a demora para chegar ao evento é muito grande. O tempo não passa. Me agarro aos livros, como chocolate... — brinca a atleta, que competirá na classe eskud 18 e está há apenas três anos na vela.

Em um ensaio sensual para uma campanha com paratletas, a velejadora, que completou 38 anos no sábado, comentou a polêmica criada com artistas que posaram como se fossem paralímpicos.

— O Brasil não precisa de photoshop para representar nossas deficiências. O que precisamos é de coragem para nos reerguer, assumir nossas deficiências e fazer delas um bom motivo para encarar todas as diversidades — ressalta Marinalva: — Acredito que a campanha não teve a intenção de desrespeitar ninguém. Mas há tantas outras maneiras melhores de apresentar esta situação, como fotos de paratletas reais. E junto de artistas, que aí sim teriam a visibilidade pretendida.

Mãe de três filhos — Robert, de 20 anos; Pedro, de 15; e Bento, de 7 —, a velejadora sempre exalta sua sensualidade. Marinalva perdeu a perna esquerda quando completaria 15 anos, em um acidente de moto.

— O importante é não sentir vergonha. Eu uso muletas e próteses, e adoro andar de alto salto. É saber se valorizar. Conquistei um respeito, mas, primeiro, foi por mim mesma. Me sinto realizada, não sou uma coitada. E gosto de causar, usar vestidos, roupas mais justas. Gosto de instigar. Eu não sou anormal. Sou apenas incomum. Gosto de ser sensual sem ser vulgar — diz: — Uma vez, coloquei uma calça jeans justa e uma blusinha curta. Fui com meu namorado ao shopping e um cara ficou me encarando muito. Deve ter pensado: “Como uma mulher sem perna pode ser bonita e sensual?”. Conheço várias.

A paranaense conta como, por imprudência, precisou amputar a perna. O possível trauma de pilotar uma moto novamente foi vencido três anos depois do acidente, que aconteceu em Mato Grosso do Sul.

— Na época do acidente não tinha carteira, não sabia pilotar e disse que só daria uma voltinha. Foi sorte, porque poderia ter morrido. Três anos depois, já estava pilotando de novo. Poderia se tornar um monstro, mas consegui vencer esse trauma. Hoje, não tenho vontade de pilotar — conta.

Criada na roça, na cidade de Santa Isabel do Inaí, Marinalva trabalhou na colheita: — Minha mãe não tinha com quem nos deixar. É uma mulher batalhadora.


Fonte: Extra 

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