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Dilma brinca com Cardozo: "Chorou, hein?"

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A presidente afastada Dilma Rousseff telefonou por volta das 15h30 para seu advogado, José Eduardo Cardozo, para parabenizá-lo pela defesa que fez na manhã desta terça-feira e brincou com ele por ter chorado, depois que fez o discurso no plenário. Essa foi a primeira vez que os dois se falaram hoje.

— Chorou, hein? — brincou Dilma ao telefone.

Cardozo disse que se indignou com a forma como a advogada Janaína Paschoal acusou Dilma, afirmando que o fazia pelos netos da petista.

— O dia que a pessoa perde a capacidade de se indignar, ela se desumaniza. Ela (Dilma) tem muitos defeitos, mas nenhum deles são passíveis de condenação — afirmou.

O ex-ministro tem buscado inspiração em lição que ouviu nos anos 70 de um professor de direito sobre como deveria se comportar quando estivesse falando, mas de nada adiantavam os bons argumentos, porque quem deveria ouvir não estava aberto a isso. Segundo ele, o conselho do professor foi: "grite mais alto para ser ouvido fora da sala de aula".

O ministro contou sobre a lição para responder à pergunta sobre o que sentia diante da constatação de que a maioria dos senadores está com a convicção formada sobre o impeachment, por isso não ouviam seus argumentos. Na entrevistas, ele afirmou várias vezes não saber se tinha conseguido reverter votos, mas que isso deveria acontecer porque as provas de que Dilma não cometeu os crimes de que é acusada são claras.

— Um professor, não me lembro agora, numa palestra em 1977/1978, ao dizer como devia se comportar um advogado quando ele apresentava seus argumentos, mas ninguém queria ouvir, ensinou: Se ninguém quiser ouvir, grite mais alto para ser ouvido fora da sala de aula" — respondeu Cardozo.

O advogado de Dilma está seguindo à risca o ensinamento. Além de já avisar que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal e a Cortes Internacionais caso o impeachment se consolide, nesta terça-feira, depois de defender Dilma por uma hora e meia em plenário, deu várias entrevistas no Salão Azul e no túnel do tempo do Senado.

Pacientemente, repetindo os argumentos e deixando fluir a emoção com o que considera uma injustiça com Dilma, atendeu em coletiva os diferentes órgãos de imprensa, mas também concordou em entrar ao vivo ou gravar para as emissoras com links, para a imprensa internacional para os documentaristas que registram o processo, falou com jornalistas da mídia impressa e também com um jornalista do Diário Catarinense que gravou com ele um "vídeo selfie" com perguntas e respostas. A sessão, com os senadores se revesando em falas a favor e contra o impeachment já estava acontecendo e Cardozo mantinha as entrevistas.

Fonte: O Globo

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