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Conspiração quer impedir que Dilma governe, diz senadora

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A senadora piauiense Regina Sousa (PT), em discurso no plenário no Senado na noite dessa terça-fiera (30) afirmou que não há história da legitimidade no processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef (PT): “O Brasil e o mundo assistem hoje o último capítulo de uma trama bem armada, uma conspiração bem articulada por uma maioria política que se formou pós eleição de 2014. Essa maioria tinha um objetivo que era impedir que a presidenta Dilma governasse”.

Regina Sousa falou mais uma vez que vários atores participaram da trama montada para “respaldar uma acusação frágil que usurpou um mandato legítimo”. A parlamentar destacou ainda: “Aqui, nesta Casa, existem campeões de denúncias, nenhuma vai pra frente, pois o santo protetor não permite nem investigar”.

A senadora piauiense destacou a importância do conjunto da obra de 13 anos de governo do PT, entre eles o Luz para Todos, o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa-Família. E arrematou: “Na verdade, a disputa aqui é entre o Bolsa Família e a Bolsa de Valores. É a disputa entre projetos de um país para todos ou um país apenas para os ricos”.

“Dispam-se de seus ressentimentos e façam Justiça, ou então que atire a primeira pedra quem não carrega nos ombros nenhuma culpa. Se o resultado for o afastamento da presidenta, este dia vai marcar a história como o dia em que a democracia no Brasil foi golpeada mais uma vez”, finalizou Regina Sousa.
 

Leia a íntegra do discurso:


"Senhor Presidente, senhoras e senhores parlamentares,
Povo brasileiro!
Quero começar desmontando a história da legitimidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef. Dizem que ele está  respaldado na Constituição. Senhores, o AI-5 foi editado dentro da legalidade da época. Esse Senado Federal teria coragem de aprovar o AI-5?
O Brasil e o mundo assistem hoje o último capítulo de uma trama bem armada, uma conspiração bem articulada por uma maioria política que se formou pós eleição de 2014. Essa maioria tinha um objetivo: impedir que a presidenta Dilma governasse, aproveitando-se do fato de ela ter sido eleita com uma base parlamentar fragilizada pela divisão de alguns partidos do bloco.
Aqui adotou-se a mesma tática que Carlos Lacerda tramou contra Getúlio Vargas: Dilma não pode ser eleita, se eleita não toma posse, se tomar posse não governa. E foi o que aconteceu.
Para chegar no impeachment, uma rede de atores, foi montada. Cada um no seu papel de respaldar uma acusação frágil para usurpar um mandato legítimo. O enredo foi envolveu os seguintes agentes:
 
Ø  O TCU, através de um conluio entre o procurador de contas e um auditor;

 Ø  O partido que perdeu a eleição encomendou um parecer jurídico para apontar os atalhos para derrubar o governo legitimamente eleito pelo povo;

 Ø  Um grupo de parlamentares chamado G-8 para planejar a conspiração (palavra deles). Até aulas tinham, de um ilustre cidadão chamado Nelson Jobim!

 Ø  O presidente da Câmara chantagista, sabotando as medidas do governo, inclusive a LOA e o PLN 5;

 Ø  A Polícia Federal – produzindo espetáculos para desgastar o governo;

 Ø  A FIESP – patrocinando patos humanos e de plástico – os humanos vão pagar o pato;

 Ø  Setores do Ministério Público e da Justiça Federal – fazendo uma operação seletiva e com a finalidade de derrubar a presidenta da República, isso foi confessado por um procurador que, em nome da força tarefa, disse que todos se sentiam usados: “éramos lindos até o impeachment se tornar irreversível, agora nos dizem chega”. Disse isso à Folha de São Paulo. Se ele se calou, é porque deve ter sido chamado ao centro da roda e devidamente enquadrado.

 Ø  O Ministério Público também, numa clara interferência no Executivo, impediu Dilma de nomear Lula seu ministro. Se o Ministério Público tivesse o zelo de impedir a nomeação do Ministério do presidente interino, não teria dificuldade para barrar 90% deles, dada a ficha corrida de cada um que lá está.

 Ø  O vice Michel Temer, que assistia todo o desenrolar dessa suja trama, na primeira fila, a esperar a oportunidade de acenar ao público no final, mesmo que a plateia lhe dê as costas.

 Ø  E o ator principal – a Rede Globo, que domina quase todo o mercado da comunicação, manipulando e inflando notícias negativas do governo através de alguns de seus jornalistas, robotizados até no sorriso.

Senhor presidente, senhores senadores, quem  não têm argumentos para refutar decretos e subvenções, diz que vai julgar pelo conjunto da obra.
Qual conjunto? Corrupção no governo? Não têm coragem. As delações estão aí envolvendo o próprio presidente interino, seus ministros e gente desta Casa, uns recebendo 3%, outros, 10 milhões e até 23 milhões.
Aí vem o ridículo dessa história: a delação de Leo Pinheiro não vale porque vazou? É pra rir ou pra chorar? Não vale porque precisa proteger os membros do governo e de partidos das suas bases.
Aqui, nesta Casa, existem campeões de denúncias, nenhuma vai pra frente, pois o santo protetor não permite nem investigar.
Vou falar rapidamente do conjunto da obra de Dilma e Lula: estão em julgamento aqui os benefícios ao povo pobre:
Ø  Luz para Todos que tirou 15 milhões de pessoas da escuridão;

 Ø  Minha Casa, Minha Vida que deu endereço a 2,6 milhões de famílias;

 Ø  O bolsa-família, que beneficiou 48 milhões de pessoas, tirando das cozinhas das madames as meninas que trabalhavam em troca de um prato de comida;

 Ø  O PROUNI, que permitiu ao filho do cortador de cana se formar em medicina;

 Ø  O PRONATEC, O SAMU, a farmácia popular, o programa das cisternas, o Ciência Sem Fronteiras, o Bolsa Atleta – ambos já cortados;

 Ø  Mais Médicos; novas universidades federais, novos institutos federais e tantas outras conquistas que mudaram o perfil social deste País.

Na verdade, a disputa aqui é entre o Bolsa Família e a Bolsa de Valores. É a disputa entre projetos de um país para todos ou um país apenas para os ricos.
Quero ainda desmontar o jargão “Nunca o Brasil viveu uma crise como esta”. Em que País os senhores acusadores moravam de 1997 a 2002?
Ø  Vou reavivar a memória de vocês. Em 1997, o Plano Real começou a fazer água pelas mãos de FHC, que comprou a reeleição. Tem confissão de deputados que participaram daquele conluio!

 Ø  Em 2002, no governo do PSDB, o desemprego era o segundo maior do mundo, 11 milhões e 454 mil pessoas estavam desempregadas, quando nossa população era muito menor!

 Ø  Em 2002, as nossas reservas internacionais eram de 37 bilhões, hoje, depois de 13 anos de governo do PT, são 370 bilhões;

 Ø  Em 2001 teve apagão elétrico – quem não se lembra?

 Ø  Tinha um tal de risco país que era o segundo maior do mundo, e nunca teve grau de investimento;

 Ø  Em 2002, a inflação era de 12% e a taxa de juros era de 25,5%;

 Ø  Entre 1999 e 2001, o Brasil foi três vezes de joelhos ao FMI para dar conta de fechar as contas;

 Ø  A dívida pública foi dobrada no governo do FHC;

 Ø  E tem o PROER, HSBC, a “pasta cor de rosa”, “privataria tucana” etc;

 
É só ir aos jornalões da época, que os senhores hoje utilizam como seus meios preferidos: FOLHA, Estadão, Globo, está tudo lá!
O dia de ontem pode não ter mudado voto, mas a população compreendeu o que se passa no Brasil.
Dilma veio, olhou nos olhos de seus julgadores, e falou com a firmeza dos inocentes. Quem esperava uma Dilma cabisbaixa, triste, abatida, pedindo clemência, viu uma Dilma altiva, firme, segura e esperançosa. Ela não veio pedir clemência, isso pede quem é culpado. Ela veio pedir justiça. Alguns dizem que ela foi repetitiva, mas como não ser, se as perguntas eram as mesmas?
Senhoras senadoras, senhores senadores, alguém já disse que não é fácil pensar, é mais fácil julgar. Pensar exige olhar para si, antes de olhar para o outro. Olhando para dentro de nós é possível descobrir coisas que não queremos ver, nossos erros às vezes transformados em crimes, de tão graves que são. Eu peço a cada um e a cada uma que olhe para si antes de proferir seu voto.
Dispam-se de seus ressentimentos e façam Justiça, ou então que atire a primeira pedra quem não carrega nos ombros nenhuma culpa. Se o resultado for o afastamento da presidenta, este dia vai marcar a história como o dia em que a democracia no Brasil foi golpeada mais uma vez.
Para Dilma e para todos que defendem o seu mandato, dedico parte do poema de Mário Benedetti:
Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio queime,
Ainda que o medo morda,
Ainda que o sol se esconda,
E o vento se cale,
Ainda existe fogo na tua alma.
Ainda existe vida nos teus sonhos.
 
Meu voto é não, senhor presidente!"

 

Da Redação
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