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Universitário denuncia homofobia em Teresina: "Tocaremos fogo em vocês"

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O universitário Hugo Antônio Coelho, 24 anos, deixou seu apartamento nessa segunda-feira (12) por medo de ser assassinado. Ele denunciou à polícia uma grave ameaça por meio de um bilhete deixado em seu apartamento. Segundo Hugo, ele e seus amigos têm sido vítimas de homofobia há algumas semanas, mas ontem a situação ficou mais grave. "Arrombaremos sua casa e tocaremos fogo em vocês", diz o recado. O rapaz registrou boletim de ocorrência hoje (13). 

Hugo contou ao Cidadeverde.com que ele e seus amigos realizam performances como Drag Queens e frequentemente utilizam seu apartamento, na zona Leste de Teresina, para a "montação", que é a preparação de maquiagem, roupa e cabelo para os shows. 

"Meus amigos sempre vão lá para casa se 'montar', ouvir música e conversar numa boa. Há uma semana um vizinho se mostrou incomodado. Todos os meus amigos que são Drags também são gays e esse vizinho chegou entrando na minha casa, me insultando, chamando eu e meus amigos de vagabundos, sem vergonhas. Para mim foi clara a homofobia porque no condomínio há vários jovens que bebem, fazem festa, e nenhum vizinho fala nada", relatou.

Após o episódio, o rapaz disse que buscou evitar confronto com os vizinhos. No último domingo, segundo Hugo, ele e alguns amigos estavam no apartamento até cerca de 22h30, quando ele decidiu ir até o salão de festas, para não incomodar os outros condôminos. 

Ele contou que nessa noite alguns amigos dormiram em sua casa e, na segunda-feira pela manhã, recebeu o bilhete sob sua porta. Quando saiu, não encontrou ninguém no corredor, por isso não sabe quem deixou o papel.

O bilhete diz: "Atenção: vocês não moram só no condomínio, por isso pedimos respeito e menos barulho, principalmente em altas horas com gritarias, escândalos, entre outros. Se quiserem (termos ofensivos) que façam fora daqui, ok? O aviso foi dado. Da próxima vez arrombaremos a sua porta e tocaremos fogo em vocês! Ass: condomínio.


 Hugo conta que está com medo de voltar para casa

"Depois da ameaça, eu saí de casa, porque foi algo muito forte. Se fosse apenas por causa do barulho, ele batia lá em casa. Mas eu sei que não foi, porque moro lá há oito anos, sei como funciona. Eles usaram de um palavreado invasivo, de baixo calão, como se fizéssemos algo explícito. Para mim, a homofobia foi clara", disse. 

Hugo desconfia de quem possa ter deixado o recado, mas preferiu deixar o caso sob responsabilidade da polícia. Ele saiu do apartamento porque teme pela sua segurança. O rapaz buscou a Delegacia de Repressão às Condutas Discriminatórias e registrou boletim de ocorrência. Ele agora aguarda as investigações. 

"Estou muito abalado. Eu sou assumido como Drag, todos da minha família me respeitam, isso foi horrível. Ele veio na minha própria casa. Contatei amigos mais próximos e não estou no meu apartamento porque estou com medo, medo de me queimarem só porque sou gay", disse ele.

 

Maria Romero
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