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Paciente renal morre no HUT ao esperar por diálise peritoneal; 2ª morte

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Morreu no último domingo (23) no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) o cobrador de ônibus Francisco Macedo, 49 anos, ele era paciente renal e precisava realizar diálises peritoneais regularmente, mas passou 17 dias sem atendimento porque não havia kits para o procedimento. O Hospital Getulio Vargas (HGV), segundo a associação, não estava recebendo os pacientes. Esta é a segunda morte em menos de três meses por complicações da falta do tratamento.

Segundo Luiz Filho, presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Piauí (Aprepi), o Ministério Público Federal já havia determinado que o HGV fizesse o atendimento desses pacientes, já que as clínicas particulares estavam se recusando. Contudo, a Aprepi diz que o HGV nunca os recebeu para tratar do assunto.

“O problema continua para os pacientes que precisam de diálise. Estamos sempre tendo nosso tratamento negado. Não conseguimos falar com o HGV, mesmo com a determinação do MPF. Essa é a segunda vida que perdemos, em menos de três meses, porque não temos nossos direitos atendidos. É a segunda morte apenas de pacientes que procuraram a associação. Quantas outras vidas que não nos procuraram já se perderam? O HGV continua desrespeitando a determinação do MPF”, lamenta o presidente. 

Luiz Filho explica ainda que as clínicas particulares estão se recusando a fazer o atendimento porque desde 2003 não recebem o reajuste no valor dos kits para as diálises peritoneais e, por conta disso, não podem fornecer nem o material e nem o equipamento  apropriado para o procedimento. 

O paciente renal, cujos rins não funcionam ou não funcionam adequadamente, precisa realizar a filtragem do sangue por meio de equipamentos. A hemodiálise é feita a cada três dias, tem duração de quatro horas e é feita por meio de acesso venoso. Contudo, alguns pacientes em estado mais crítico precisam realizar a diálise peritoneal, feita quando o paciente já perdeu os acessos venosos para realizar a hemodiálise, caso do cobrador de ônibus Francisco Macedo, morto no domingo. 


Luiz Filho, paciente renal e presidente da Aprepi.

Para a diálise peritoneal é necessário fazer uma cirurgia de acesso ao peritônio - fina membrana que envolve os órgãos internos do corpo - e o paciente precisa de um equipamento junto dele, para realizar o procedimento a cada quatro horas ou durante oito horas no período noturno.

Ao todo, são 20 pacientes que precisam, no Piauí, da diálise peritoneal e que, segundo Luiz Filho, correm o risco de morrer por falta de atendimento.

A assessoria de comunicação do HGV informou que não foi notificada sobre a morte do paciente ou sobre a solicitação dos referidos atendimentos pela Associação dos Pacientes Renais e que vai se pronunciar posteriormente sobre a demanda.   

 

Flash de Maria Romero 
Redação Caroline Oliveira
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