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'Administrei fim de casamento de 27 anos e coma da minha mãe', diz Fernanda Abreu

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Doze anos após lançar seu último álbum em estúdio, Fernanda Abreu está de volta com uma mensagem de tolerância e respeito às liberdades individuais em seu novo CD "Amor Geral". A cantora, que acaba de sair em turnê pelo país e fará duas apresentações em São Paulo neste fim de semana, retorna com um discurso corajoso. "É um disco sobre o amor, que parece um tema banal, mas se afirma como força fundamental e a mais bela e eficiente forma de resistência nos dias atuais", disse a artista à Marie Claire. "Ele foi criado dentro do cenário político que o Brasil vive. As músicas acabam refletindo a atmosfera política do momento".

Fernanda sobe novamente aos palcos da capital paulista após um longo hiato em que priorizou os dramas de sua vida pessoal. "Precisei administrar uma separação de 27 anos de casamento e um coma de 6 anos da minha mãe". O mood do novo projeto de trabalho, no entanto, é leve. Tem a ver com suingue e balanço, assim como sua canção mais famosa, "Rio, 40 Graus" --presença confirmada na setlist da turnê. "Não pode faltar! Amo cantar essa música! Ela é um clássico! Atemporal como podemos constatar nos dias de hoje".

Marie Claire: Por que demorou 12 anos para lançar um álbum em estúdio inédito?
Fernanda Abreu: Primeiro porque a crise total na indústria fonográfica e no mercado da música me desanimaram. Ainda vivemos um situação bastante delicada para compositores, intérpretes, músicos e produtores, ou seja, toda a cadeia produtiva da música foi afetada. Precisamos achar um equilíbrio de remuneração entre quem cria e quem negocia música. Segundo, porque eu precisei priorizar minha vida pessoal. Precisei administrar uma separação de 27 anos de casamento e um coma de seis anos da minha mãe. Então, apesar de participar de inúmeros projetos em estúdio com outros artistas, de continuar viajando com meu show e de ter criado um novo show “Eletro-Acustico”, que apresentei em teatros, resolvi caí de cabeça nesse projeto inédito  “Amor Geral" apenas em 2013.

MC: Você comentou estar preocupada e decepcionada com o momento político atual após a vitória nas eleições municipais de João Dória, em São Paulo, e MarceloCrivella, no Rio. Quais são seus temores sobre a candidatura dos dois?
FA: Antes de mais nada, espero como cidadã que Dória e Crivella, como prefeitos das duas cidades mais importantes do país, façam um governo para a população e não para seus aliados políticos. Não votei no Crivella e não votaria no Dória, mas não sou o tipo de pessoa que torce contra. O meu temor é em relação a um possível retrocesso relacionados aos direitos sociais, individuais e coletivos que a sociedade brasileira está a duras penas tentando avançar nos últimos anos. Precisamos manter na pauta do dia a agenda contra o racismo, contra a homofobia, contra o machismo e a violência contra as mulheres, avançarmos no debate sobre a legalização do aborto, a legalização das drogas; aprofundarmos temas como o respeito `as diferenças religiosas e culturais etc… Ou seja, que ambos não foquem apenas numa agenda econômicista, pois sabemos que as transformações mais profundas precisam de um investimento na educação e na cultura.

MC: Você é considerada uma das artistas que ajudou a formatar a dance music brasileira dos anos 90, ou seja parte do pop nacional. Como avalia a evolução desse gênero no país e seu estado atual?
FA: O pop no Brasil hoje é outra coisa do que nos anos 90. Aquele conceito de pop não existe mais. Acredito que a musica pop dançante hoje passa pela mistura do hip hop, do trap, do funk carioca, e de ótimas produções de DJs da nossa cena de música eletrônica brasileira.

MC: Quais foram as inspirações para seu novo álbum “Amor Geral”?
FA: As inspirações foram muitas. Minha própria história e sentimentos diversos. O amor como um enigma a ser decifrado pela humanidade. Sempre. É um CD bem autobiográfico que ultrapassa a fronteira do “eu” e chega no “outro”.

MC: Assim como acontece com muitos artistas, você se cansa de cantar os maiores sucessos nos shows?
FA: Não. Tenho o amor orgulho e prazer em cantar meus sucessos. Nesse show novo “Amor Geral” canto varias musicas do disco novo e canto os sucessos na mesma vibe que as novas.

MC: Você imaginou, no início, que a música "Rio 40 Graus" se tornaria o hino que é até hoje? Como foi a concepção deste hit?
FA: Não imaginamos. Quando estávamos lá em casa (eu, Fausto Fawcett e Laufer) compondo  apenas queríamos fazer uma música sobre o Rio de Janeiro que estávamos vivendo em 1992. Percebíamos que todos aqueles clássicos maravilhosos sobre a nossa cidade maravilhosa não davam conta de um sentimento chapa quente que a cidade respirava e que respira até hoje. Essa música é realmente a cara do Rio.

MC: Você permanece com um espírito jovem mesmo aos 55 anos e parece que não irá mudar tão cedo. A que você credita sua jovialidade?
FA: No prazer de trabalhar no que amo, em ter duas filhas maravilhosas, lindas, inteligentes e atuantes, em amar um homem que me ama, em ter amigos muito especiais e em fazer meu ballet.

MC: Aos 55 anos, você se preocupa com o aparecimento das marcas da idade?
FA: Com as marcas menos do que com a idade propriamente dita. Mas se preocupar com o envelhecimento é perda de tempo pois envelhecer faz parte do ciclo natural da vida. O importante é investir na saúde física e mental para seguir com energia e criar novos projetos, conhecer pessoas bacanas e estar sempre aberta pra aprender e evoluir.

Fonte: Revista Marie Claire 

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