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Obama e Trump se reúnem e prometem transição pacífica

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O presidente eleito Donald Trump chegou à Casa Branca nesta quinta-feira para se reunir com Barack Obama, no primeiro passo público para uma transição de poder após uma acirrada disputa eleitoral. Milhares de manifestantes foram às ruas em várias cidades dos Estados Unidos na quarta-feira para protestar contra o republicano, cuja vitória sobre a democreta Hillary Clinton continua provocando uma onda de choque no mundo.

O presidente disse que espera que o seu futuro sucessor se sinta bem-vindo na Casa Branca. Ele assumirá o governo em 20 de janeiro e, a partir de então, a sua família ocupará a mansão de Washingto. Segundo Obama, eles discutiram assuntos de política interna e externa dos EUA.

Em resposta, Trump disse que encontrar o presidente foi uma "honra" e a conversa passou por temas "maravilhosos" e "difíceis" sobre o governo. E ressaltou que espera ter novas reuniões produtivas com o atual chefe da Casa Branca.

A comitiva de Trump chegou pela entrada sul da Casa Branca por volta de 11h (14h no horário de Brasília), fora do alcance das câmeras de televisão. Obama e Trump devem posar brevemente para fotos no Salão Oval. Trump tomará posse no dia 20 de janeiro.

Michelle Obama também se encontra de maneira muito discreta e reservada com a próxima primeira-dama, Melania Trump.

— Eu o convidei a vir à Casa Branca para discutir como assegurar uma transição bem-sucedida — explicou na quarta-feira Obama, que assumiu um tom conciliador após a vitória do bilionário populista que surpreendeu os Estados Unidos e todo o resto do mundo. — Antes de tudo, somos americanos. Antes de tudo, somos patriotas. Todos queremos o melhor para este país.

PROTESTOS SE ESPALHAM PELO PAÍS

De Nova York a Los Angeles, passando por Chicago, Filadélfia, Portland (Oregon), Seattle e outras grandes cidades, milhares de manifestantes saíram às ruas para denunciar as posições racistas, sexistas e xenófobas de Trump.

Os manifestantes gritavam "Love trumps hate" (O amor supera o ódio) ou "Trump Grabbed America by the Pussy!" (Trump pegou a América pela vagina!).

Em Los Angeles, milhares de californianos invadiram uma importante avenida e queimaram uma imagem do presidente eleito em frente à prefeitura. A imprensa relatou várias detenções.

Em Nova York, a polícia prendeu 15 pessoas, segundo o "New York Times". Centenas de manifestantes com cartazes que diziam "Dump Trump" (Descartar Trump) se reuniram em Union Square e depois marcharam em direção à Trump Tower, residência do presidente eleito na Quinta Avenida.

As manifestações foram pacíficas, embora tenham sido registrados incidentes em Oakland, Califórnia. Garrafas e fogos de artifício foram lançados contra a polícia, ferindo vários agentes. De acordo com uma autoridade, duas viaturas foram incendiadas.

Algumas horas antes, Barack Obama havia lançado uma mensagem de conciliação.

"Desejamos a ele sucesso para unir e dirigir os americanos", declarou, sem esconder as "divergências muito significativas" com o ex-apresentador de TV.

A eleição de Donald Trump, impulsionada pela ira de um eleitorado que se sente ignorado pelas elites e ameaçado pela globalização, acabou com os sonhos da democrata Hillary Clinton de se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos. Todas as pesquisas apontavam a democrata como vencedora.

AMEAÇA ÀS CONQUISTAS DE OBAMA

Mas a vitória de Trump também ameaça as conquistas de Obama, extremamente popular.

O presidente eleito prometeu acabar com a maioria das reformas ou avanços emblemáticos do 44º presidente: a reforma do seguro de saúde (Obamacare), a luta contra as mudanças climáticas (Trump prometeu "anular" o acordo de Paris concluído no final de 2015), o acordo de livre comércio Ásia-Pacífico, etc.

A inimizade dos dois tem raízes às vezes mais pessoais do que políticas: há anos, Trump tem alimentado uma teoria da conspiração com conotações racistas sobre o local de nascimento de Obama, antes de voltar atrás durante a campanha, sem explicação.

Trump nunca ocupou cargo eletivo. Ele terá que trabalhar duas vezes mais antes de tomar posse em janeiro.

Na quarta-feira, ele permaneceu na Trump Tower em Manhattan. O vice-presidente eleito, Mike Pence, e vários membros de sua equipe de campanha se juntaram a ele para começar a preparar seu governo.

Aos 70 anos, Trump será o mais velho presidente a assumir a presidência americana.

Visivelmente emocionada, Hillary Clinton também cumprimentou Trump por sua vitória nas eleições de terça-feira e revelou ter se colocado à disposição do futuro presidente para trabalhar "em benefício do nosso país".

DIFERENÇA DE 230 MIL VOTOS

A candidata derrotada também expressou sua "esperança de que ele será um presidente bem sucedido para todos os americanos".

Amargo consolo para a democrata: ela perdeu a eleição, cujo resultado é contabilizado estado por estado, mas em nível nacional obteve cerca de 230 mil votos a mais do que o seu adversário, segundo resultados provisórios divulgados nesta quinta-feira pelo "New York Times".

Trump irá governar com o apoio de ambas as Casas do Congresso. O Senado e a Câmara dos Representantes mantiveram sua maioria republicana.

Na terça-feira, ele prometeu "ser o presidente de todos os americanos".

Sua eleição foi recebida com preocupação e muitas vezes frieza no mundo. A chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu Donald Trump que um futuro de "estreita cooperação" entre os dois países deve ser baseado em valores comuns democráticos.

Após o pânico da véspera, os mercados parecem ter se recuperado nesta quinta-feira na Ásia, depois na Europa, assegurados pela resistência das praças ocidentais.

A agência de classificação SP Global Ratings confirmou nesta quinta a nota "AA+" acordada à dívida dos Estados Unidos, argumentando que as instituições do país eram fortes o suficiente para compensar a "falta de experiência" e "incerteza" sobre o 45º presidente americano.

Fonte: O Globo 

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