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BNDES muda política de crédito e limita financiamento a 80% do projeto

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta quinta-feira (5) mudanças em sua política de concessão de crédito. Uma das novidades é a imposição de um limite de financiamento de até 80% dos projetos pelo banco de fomento. 

Na política anterior, vigente há nove anos, cada linha de crédito tinha um limite próprio, que poderia chegar a 100%. O Finame, por exemplo, que financia aquisição de máquinas e equipamentos, concedia crédito de até 90% do valor do bem.

A exceção será a linha concedida a municípios para reconstruções em caso de desastres naturais. Neste caso, o limite de crédito continua 100%.

O BNDES afirmou que acabará com as linhas de crédito específicas para setores. Em vez disso, o banco terá duas linhas para financiar os projetos: a incentivada, para investimentos considerados prioritários "pelo seu impacto positivo pela sociedade", e a linha padrão, para os demais projetos.

A linha incentivada terá taxas de juros menores, de até 80% da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Já a linha padrão, terá até 30% da TJLP.

“Vamos priorizar o uso de TJLP em projetos que tenham atributos muito claros de inovação, projetos de saúde, projetos de educação, projetos que tenham impacto ambiental positivo. São projetos que terão maior retorno social que retorno privado”, afirmou a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques.

A TJLP é considerada uma taxa de juros incentivada, abaixo da praticada no mercado. Hoje ela está em 7,5% ao ano, enquanto a Selic, a taxa básica de juros da economia, está em 13,75% ao ano.

Na política operacional anterior, o BNDES tinha cerca de 100 linhas de créditos. Com a simplificação, elas foram reduzidas pela metade. Segundo a presidente do banco, o objetivo é horizontalizar e facilitar os processos de análise e concessão de crédito.

Reformulação das linhas de crédito

Na reformulação das linhas de crédito, o banco de fomento vai oferecer crédito para capital de giro. O objetivo é fazer frente à redução da oferta de crédito do sistema bancário para este fim.

“A linha de capital de giro já existia. Nós a reativamos há alguns meses com outras condições. A novidade é que ela passa a ser oferecida também na modalidade direta, sem a intermediação de agentes financeiros. Essa linha direta é que não exista. Nós estamos anunciando hoje. O banco nunca fez capital de giro de forma direta”, explicou a presidente do banco.

A nova modalidade de crédito para capital de giro tem orçamento de R$ 5 bilhões e vigência, a princípio, até o final de 2017. O valor mínimo de financiamento é de R$ 10 milhões por operação.

Avaliação de resultados

Com as mudanças, o banco decidiu aprimorar a avaliação e o monitoramento dos projetos. Foi criado um Departamento de Monitoramento e Avaliação. Para todos os projetos financiados serão estabelecidas, antes da concessão de crédito, metas a serem cumpridas. Um quadro de resultados destas metas será disponibilizado no site do banco e a avaliação será feita na conclusão do projeto.

Segundo a presidente do banco, as metas serão estabelecidas de acordo com o tipo de projeto. “Aumento de produtividade, geração de emprego, eficiência energética. Tem ‘N’ coisas que a gente pode avaliar de acordo com a natureza do projeto.

Maria Silvia enfatizou que o BNDES sempre monitorou seus projetos. A novidade é que ele passará a estabelecer metas antes da concessão de crédito para avaliá-las na conclusão.

“Isso [estabelecer e avaliar as metas] é extremamente importante não só para a gente mostrar o impacto do trabalho do banco como um todo, mas para que a gente possa melhorar a nossa atuação”, destacou.

Nova modalidade de garantia

Dentro da reformulação de suas políticas operacionais, o BNDES passará a aceitar recebíveis como garantia para aqueles que não têm garantias reais. Segundo a presidente do banco, Maria Silvia Bastos Marques, a medida visa aumentar a produtividade e competitividade das empresas.

Maria Silvia enfatizou que a “grande mudança” na política do banco é horizontalizar a concessão de crédito. “Tradicionalmente, o BNDES sempre apoiou setores da economia. Nós estamos fazendo uma transição bastante forte para se focar no tipo de projeto e não mais no setor”, disse.

Maior apoio a micro, pequenas e médias empresas

Como parte deste processo, o banco de fomento também vai mudar a classificação de porte das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) para fins de financiamento. Na política anterior, a receita bruta anual para as MPMEs era estipulada em R$ 90 milhões, e agora passa a ser de R$ 300 milhões.

O BNDES estima que pelo menos cerca de 1,5 mil empresas sejam atingidas pelas novas políticas operacionais, sobretudo com a reclassificação das MPMEs.

“O BNDES é visto como o banco da grande empresa, mas quer ser visto como um banco que possa fazer diferença na vida do brasil”, afirmou a presidente Maria Silvia Bastos Marques. Ela defendeu que o investimento em mais setores proporcionados pelas novas políticas do banco de fomento “vai determinar, no longo prazo, a recuperação econômica, a geração de empregos e o desenvolvimento sustentável”.

Modernização

O BNDES pretende implantar, ainda este ano, novas plataformas digitais para atendimento. Segundo Maria Silvia, o objetivo é ampliar o acesso das empresas aos produtos oferecidos pelo banco de fomento. “Como o BNDES não possui agências físicas, nós precisamos aumentar o nosso acesso, ter mais capilaridade”, destacou.

Também neste ano, por meio da modernização de suas plataformas digitais, o banco quer adotar maior agilidade nos prazos para a concessão de crédito. Atualmente, os processos são demorados e podem durar até mais de dois anos. “Estamos revendo todo o processo de concessão de crédito para que ele seja feito de forma muito mais rápida”, afirmou Maria Silvia.

Questionada sobre a redução de desembolsos, Maria Silvia disse que isso não é relevante. “A questão de emprestar mais ou menos, depende da demanda. O banco pode ser mais ativo em fomentar projetos. O que a gente quer mesmo é fazer a diferença. É ter um BNDES que desembolse muito em bons projetos, que tragam impacto para a sociedade”.

Fonte: G1

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