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Mãe de jovem que ficou em coma após cesárea lamenta: 'Não sabemos como vamos fazer'

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Fotos: Roberta Aline/Cidade Verde

Dona Elisângela chora ao falar da situação da filha. Ela parou de trabalhar e praticamente mora no HGV

Dona Elisângela Maria, 37 anos, era vendedora ambulante na porta de festas, mas teve de largar o trabalho para morar com a filha no Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina (PI). Karen Rafaela completou 17 anos, na última segunda-feira (16), em um leito do hospital, internada depois uma cirurgia cesariana que a família ainda tenta entender. 

Alegando erro da equipe que atendeu a jovem na maternidade do bairro Buenos Aires, zona Norte, a mãe acionou a justiça contra os possíveis responsáveis por sua filha estar em coma até hoje. E depois de tanto tempo, resolveu desabafar. Disse que deu entrada com a filha no dia 8 de setembro na maternidade do Buenos Aires já com a bolsa da filha rompida. Ela confirmou que a jovem também apresentava um quadro de infecção urinária.

"Ela entrou com dois centímetros de dilatação e internaram ela imediatamente. Eles não fizeram a cesariana na hora porque não quiseram e ela ficou sofrendo até fazerem o parto. Assim que ela voltou para a enfermaria, ela começou a reclamar de dores por volta do meio dia. As enfermeiras diziam que era normal e que era por conta da anestesia, mas somente às oito da noite levaram minha filha para a Evangelina Rosa", disse a mãe de Karen Rafaela.

Hoje morando no hospital com a filha, Elisângela relata que chegando na maternidade, a jovem foi levada direto para a sala de cirurgia, onde teria sido descoberto o rompimento de uma artéria e uma hemorragia interna. A adolescente teve uma parada cardíaca, que segundo a mãe durou cerca de 25 minutos, e em seguida foi reanimada e ficou em coma. 

"Ela permaneceu no estado de coma até novembro. Há dois meses ela acordou, mas agora em estado vegetativo. Ela não tem movimentos e não fala. Apenas tem estímulos corporais de dor. Mas eu tenho certeza que minha filha consegue me ouvir", acrescentou. 

Antes da cesariana da filha, Elisângela trabalhava como vendedora ambulante. Ela teve de abandonar o trabalho para cuidar exclusivamente da filha, que mora há quatro meses no hospital Getúlio Vargas. A mãe da adolescente pede ajuda das pessoas porque a família não teria como arcar com os custos de uma UTI domiciliar. 

"Hoje em dia ela usa cerca de três pacotes de fraldas por dia. Eu tive de largar o emprego para cuidar dela e minha outra filha cuida do bebê. Não sabemos como vamos fazer agora pois ela já está em processo de alta, mas precisa de uma UTI em casa e não temos condições."

Elisângela explica ainda que não havia tornado o caso público porque move um proceso judicial contra todos os envolvidos no atendimento a Karen Rafaella. Contudo, o momento a fez revelar o drama da família. As mensagens se espalharam pelas redes sociais. "Eu já não aguentava mais. Eu precisava contar isso para as pessoas para que não aconteça com outras moças o que aconteceu com ela", contou emocionada. 

A ambulante chora ao relembrar da filha e diz ter esperança de vê-la curada. "Minha filha é uma pessoa maravilhosa. Falava muito, ajudava em casa e sempre foi uma boa menina. Hoje, ao vê-la nessa situação, só consigo me sentir triste. E precisava fazer esse alerta para que outras mães não passem pelo mesmo", conclui. 

O bebê de Karen nasceu saudável e tem quatro meses. O pai da criança também é adolescente e tem ajudado da forma que pode, segundo a mãe da jovem. 

Maternidade nega erro

Em contato com o Cidadeverde.com, a maternidade do Buenos Aires disse que a paciente deu entrada na maternidade para tratamento clinico de uma infecção e não em trabalho de parto como foi divulgado. Segundo a diretora Rosélia Sena, somente dois dias após chegar ao hospital, a gestante iniciou trabalho de parto.

"Ela realmente foi paciente da maternidade, mas ela tratou de uma infecção. O trabalho de parto foi dois dias depois. A cirurgia ocorreu normalmente e somente na enfermaria ela começou a se queixar de dor", afirmou.

Rosélia acrescenta que a jovem foi encaminhada para a Evangelina Rosa onde foi atendida em relação as dores. "Quando ela saiu daqui, estava bem, consciente e estável. Pedimos o prontuário na maternidade para checar o que houve por lá, mas vamos investigar o caso", pontuou a diretora.

Já a maternidade Evangelina Rosa, para onde Karen Rafaela foi transferida, informou que abriu sindicância para apurar se houve responsabilidade da equipe da unidade de saúde no caso. Um corpo de médicos trabalha na elaboração de um relatório, que será encaminhado ao departamento jurídico.

Nota da Prefeitura

Segundo a diretoria do Hospital Buenos Aires, a paciente Karen Rafaela deu entrada no hospital, no dia 9, para tratamento de uma infecção pré-existente. No terceiro dia de internação ela entrou em trabalho de parto, que evoluiu para a indicação de cesariana. O procedimento foi feito normalmente e a paciente encaminhada para a enfermaria e depois transferida com consciência para a maternidade Evangelina Rosa, referência para gravidez de risco em Teresina. A maternidade informa que o caso está sendo investigado para detectar as causas da complicação.

Rayldo Pereira (flash)
Fábio Lima (da Redação)
[email protected]

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