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'Cinquenta tons mais escuros' recupera picância perdida da franquia

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Esqueça a versão bem-comportada do primeiro filme, de 2015, que atenuou a sexualidade explícita do livro “Cinquenta tons de cinza” e trouxe “ação” apenas depois de 40 minutos de novelinha. “Cinquenta tons mais escuros”, que estreou ontem no Brasil, recupera a pornografia perdida e já entrega aos fãs da saga, nos primeiros dez minutos, aquilo que pagaram para ver e com que fantasiaram durante a leitura da trilogia. Na sala de cinema, muitos gritos de surpresa e sussurros. É uma cena de sexo vanilla, no vocabulário Grey, apenas para começar.

— Abrimos com um ato sexual mais convencional para mostrar como o casal voltou nessa nova fase do relacionamento, sem regras, sem punições, sem segredos. Essa primeira cena não envolve dominação, mas, a partir do momento em que a relação se intensifica, tudo se torna mais excitante, e o sexo reflete isso — conta James Foley, que assumiu a direção deste segundo e também do terceiro capítulo, “Cinquenta tons de liberdade”, com lançamento previsto para 2018. As duas sequências foram filmadas simultaneamente.

“Cinquenta tons de cinza”, primeiro filme da saga, foi dirigido pela inglesa Sam Taylor-Johnson, que saiu do projeto depois de desentendimentos com a escritora dos best-sellers e também produtora, E.L. James. O primeiro filme foi agraciado com cinco troféus Framboesa de Ouro, paródia do Oscar que aponta os piores do ano, levando inclusive a premiação de pior combo, para o casal Dakota Johnson e Jamie Dornan.

O fato de pegar o bonde andando e ter milhares de fãs vorazes para ver a continuação desse jogo sexual não intimidou o cineasta que traz no currículo a direção de 12 capítulos de “House of cards”. Foley admite que “Cinquenta tons...” é bem diferente da série sobre os bastidores políticos de Washington, mas diz adorar histórias dramáticas com realismo psicológico.

— Filmar cenas de sexo é sempre estranho, mas Dakota e Jamie estavam muito à vontade. Depois de fazerem o primeiro filme, viraram amigos, o que facilitou o meu trabalho. Dakota é muito engraçada, trouxe a sensibilidade e o humor dela à personagem. Acho que no livro Anastasia não é tão divertida — diz o diretor, antes de contar que algumas frases da própria Dakota foram incorporadas à trama.

O longa traz ainda uma clara referência a “9 ½ semanas de amor” (1986), com a presença da atriz Kim Basinger, hoje com 63 anos. Ela vive a polêmica Mrs. Robinson, amiga da mãe de Grey e responsável por apresentá-lo ao universo sadomasoquista.

— Adoro olhar o meu filme e ver que tem uma grande estrela — elogia Foley.

Dentre as mudanças que a equipe do primeiro filme sofreu, houve ainda a troca de roteirista. Saiu a inglesa Kelly Marcel e entrou Niall Leonard, marido da escritora E.L. James, a toda-poderosa que prova o domínio sobre seus projetos:

— Ele está envolvido em “Cinquenta tons...” há muito tempo, sabe como eu penso, então ficou fácil. Mas, muitas vezes, eu pedia: “por favor, vamos rever isso, essa cena, essa sequência”. Ele sempre dizia que estava ocupado, é uma prima-dona, um irlandês mal-humorado. Mas continuamos casados, acho que é um bom sinal — brinca a escritora.

MAIS OUSADIA NO PRÓXIMO LONGA

Apesar de o filme explorar as fantasias femininas, é o corpo de Dakota Johnson o que mais aparece nu na tela. Jamie Dornan se restringe a mostrar o peitoral, os braços malhados e suados e alguns outros pequenos detalhes. Os dois atores estão mais à vontade do que no primeiro filme — que foi um “ensaio” para as novas sequências, nas palavras da escritora.

Se o desconforto não aparece mais na tela, na vida real ele segue existindo. O casal do filme não gosta muito de falar sobre sexo e sempre leva as respostas a divagações sobre o amor:

— Esses três livros têm um toque de conto de fadas, é um tipo de mundo de sonhos, com duas pessoas reais, que se amam e deixam tudo acontecer. Isso cativa e gera identificação — diz Dakota, atriz que faz o papel da insegura ex-virgem que se apaixonou pelo moço bom partido, lindo, bilionário, problemático, que a levou a conhecer o sadomasoquismo.

Para Dornan, no próximo filme o casal “avançará ainda mais”:

— Tiramos muitos freios, e, como em toda sequência, tivemos que avançar, isso é natural. Alguns dias não são fáceis, somos sempre questionados. Uma coisa boa da Dakota é que só ela sabe o que eu estou passando, e só eu sei o que ela está passando também.

 


Fonte: O Globo

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