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Patrícia Mellodi e 086 Trio gravam ‘Esmalte velho’ de Benicio Bem

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Do Piauí nasceu o arranjo e do Rio de Janeiro a voz. A banda Zero Oito Meia Trio e a cantora Patrícia Mellodi se uniram em prol de uma boa causa: homenagear o artista Benicio Bem. Da junção surgiu uma versão inédita da música “Esmalte velho” que é lançado nesta quinta-feira (22) pela Rádio Cidade Verde e pelo site Cidadeverde.com. O internauta pode ouvir e baixar a canção. 

Veja na íntegra relato de Patrícia sobre o projeto: 

“Tudo começou com a Clara Mello, minha filha, que foi passar uns dias no Piauí com o pai, João Claudio Moreno,  e logo que chegou veio conversar comigo. – Mãe, a Benicio Bem está doente,   passando por dificuldades, vamos fazer alguma coisa por ela? Grava uma música, mãe!   Imediatamente eu acolhi o pedido dela por várias razões. Primeiro, eu tenho pela Benicio um afeto muito grande, eu acho ela uma pessoa muito bonita, muito espiritualizada, muito pura, foi imediata a empatia que senti quando fui assisti-la há uns anos no Bar Ar livre em Teresina. Inclusive tirei a rosa que usava no cabelo na época, e dei a ela, que na hora incorporou ao seu figurino. -  De cigana pra cigana.  Falei assim mesmo. 

Acho incrível  ela ser um artista trans no Piaui, imagino as dificuldades e seu pioneirismo, ela é uma artista de origem muito humilde,  e de um talento imenso pra compor, pra fazer sorrir e pra fazer pensar.  É um artista militante de várias causas, incluindo a cultura popular do Piauí, e a mais recrudescente,  a causa LGBT. Que é a minha causa também, pois eu sou absolutamente contra o preconceito, contra a homofobia.  E acho que nesse momento de retrocesso de conquistas, de endurecimento de valores e carência de humanidade, mas que nunca é preciso  lutar pelo direito a igualdade e ao respeito acima de tudo. 

Eu realmente acho que a obra dela tem valor musical e cultural, desde suas paródias que relatam o dia a dia com muito humor, até suas canções de amor, de protesto, e ainda existe uma face muito interessante, até desconhecida da maioria, as canções espirituais, com influencias orientais, indianas, ciganas, é algo realmente interessante e pra ser estudado. E como eu acredito em espirito...   Benicio é mulher, tão mulher quanto eu.  

E um pedido assim de uma filha tão especial e sensível, não se nega. Fui logo tratando de produzir isso. Liguei para os meninos do ZeroOitomeia Trio, minha parceria musical que atualmente muito me emociona e anima e faz totalmente parte de projetos atuais e futuros, e eles disseram: - Massa! Vamos nessa! Clara, me sugeriu “Esmalte Velho”, uma canção conhecida do trabalho dela e das mais populares.   

Pedi a eles que respeitassem a picardia do ritmo original da canção, dessa mistura de forró com carimbó, que não tirassem isso, não queria  uma faixa fria, uma releitura que falasse do alto dos arranjos sofisticados, queria uma faixa popular, queria ir onde nunca tinha ido, me excita a ideia de fazer diferente, de  me colocar em risco artístico, em questão. Como é o próprio trabalho da Benicio.  Todo mundo espera de mim uma bossa nova, um samba de partido alto,  um pop rock, uma balada MPB, mas não espera de mim um forró, um brega cult, um carimbó estilo Pinduca que tanto nos influenciou no Piauí,  e nem espera isso também do ZeroOitoMeia que é um trio extremamente jazzístico,  então é pra lá que nós vamos, para a surpresa.  E foi assim que fizemos, sem preconceito, com vontade de se divertir e de levar a música da Benicio para as pistas, para cada canto da cidade e para fora desses limites,  sem fronteiras. E escolhemos o Carnaval para fazer a festa de lançamento. Tempo perfeito para todas as nossas fantasias. 

Sem querer parecer arrogante, Benicio não precisa da “caridade” de ninguém, Benício precisa de luz no trabalho dela, de reconhecimento, de aplauso,  de direitos autorais, da venda de shows e é isso que pretendemos fazer. Espero que consigamos.  E todo mundo que compartilhar e disser, isso é Benicio Bem, estará fazendo a melhor das ações.  Eu Patricia Mellodi  e ZeroOitomeia Trio colocamos luz nesse trabalho e somos iluminados por ele. 

Artistas desconstruídos, que usam seu próprio corpo e sua vida como bandeira, estão em alta  e são super necessários em tempos apocalípticos.  

Inauguro com essa faixa o  projeto MADE IN PIAUI, onde gravarei canções significativas dos compositores mais relevantes do Estado.  E como o Piauí é múltiplo, é rico, é colorido e sem preconceito, assim será este trabalho.  Je´ sui Piauí, Je´sui  Benicio Bem”. 

 

Da Redação
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