Cidadeverde.com

Elize chora ao descrever morte em vídeo inédito

Imprimir

Um vídeo inédito mostra como foi o julgamento que condenou Elize Matsunaga a 19 anos, 11 meses e um dia de prisão pelo assassinato e esquartejamento do marido, Marcos Matsunaga, herdeiro da empresa Yoki. O G1 teve acesso exclusivo às gravações do interrogatório da bacharel em direito e as divulga nesta reportagem (assista acima). As filmagens foram feitas pela Justiça no final de 2016, durante os sete dias de júri.

Por quatro horas, a mulher chorou ao responder às perguntas feitas pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, advogados de defesa e jurados. Ela só se recusou a ser questionada pelo Ministério Público (MP) e pelo assistente da acusação.

“Eles não querem saber a verdade”, respondeu Elize ao magistrado sobre o motivo pelo qual não queria ser interrogada pelo promotor José Carlos Cosenzo e pelo advogado Luiz Flávio D'Urso, contratado pelos pais de Marcos para auxiliar a Promotoria.

A acusação sustentava que o crime foi premeditado e que Elize matou o executivo da empresa de alimentos após descobrir uma traição. E que depois quis ficar com o dinheiro do seguro de vida dele. Ela negou essa versão. Confessou, sim, o crime cometido há cinco anos no apartamento onde o casal morava com a filha na Zona Norte da capital, mas alegou que agiu movida por forte emoção.

As quatro mulheres e três homens que integraram o júri aceitaram a tese de que Elize matou Marcos sem premeditar o crime, após uma discussão na qual foi agredida, como queria a defesa. A versão de que ela planejou assassinar Marcos por dinheiro, como pregava a acusação, não foi aceita pelos jurados.

No plenário 10 do Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste, jornalistas e plateia ouviram as versões de como Elize matou o empresário com um tiro na cabeça e porque usou uma faca para esquarteja-lo em 19 de maio de 2012. Marcos tinha 41 anos. Elize completou 35 durante o julgamento.

Elize alegou que não teve a intenção de matar o executivo. Que isso ocorreu após discutir com Marcos sobre uma amante dele, uma prostituta, que foi descoberta por um detetive particular que contratou. A bacharel disse que só atirou após ter sido xingada e agredida pelo marido.

“Ele começou a me xingar, ele me deu um tapa”, disse Elize. “Ele tava [sic] vindo em cima de mim. Ele não ficou parado. Eu não sei. Não sei o que ele queria fazer. Eu disparei”.

'Jamais fiz com crueldade'

Elize contou que atirou após ouvir o marido dizer que ela perderia a guarda da filha. “Quando ele [Marcos] falou que..., ele falou que ia me internar. Quando ele falou que eu não ia mais ver minha filha (...) Eu não aguentei.”

“Eu tava [sic] com medo dele”, falou Elize, que conheceu Marcos na época em que também foi garota de programa. Depois do crime, ela colocou os pedaços do corpo em sacos e malas e os espalhou em Cotia, na Grande São Paulo e na capital. À época, mentiu sobre o sumiço do marido, dizendo que ele tinha fugido com uma amante. Só confessou o crime dias depois à polícia. Em seguida, foi presa.

“Eu queria falar que eu não queria matar o Marcos. Jamais fiz com crueldade. E se isso... se eu tiver mentido, que Deus me castigue da pior forma possível”, falou Elize, que juntamente com sua defesa, conseguiu convencer a maioria dos jurados de que não matou o executivo com crueldade e por motivo torpe, como acusava a promotoria.

Para a promotoria, Elize cortou Marcos - começando pelo pescoço - quando ele ainda estava vivo. Já a defesa da viúva, feita pelos advogados Rosello Soglio e Luciano e Juliana Santoro, sustenta que a vítima já estava morta quando foi esquartejada.

Elize falou que começou a esquartejar Marcos pelos joelhos e, por último, cortou o pescoço. “Infelizmente a única forma que eu encontrei foi cortá-lo. Infelizmente”, disse ela, que relatou ter ficado com medo de ser presa e ficar longe da filha.

Ela alegou ter esquartejado o marido para se livrar do corpo e não ser presa já que estava preocupada com a filha. “A minha filha tava [sic] sozinha em casa. Podia ser que levassem ela pra algum abrigo, eu não sei”.
Filha

Elize também falou do relacionamento com Marcos, de como o conheceu quando ainda era garota de programa. Contou que descobriu traições do marido, mas desistiu de pedir a separação quando a filha do casal nasceu.

“Ela [filha] foi o presente mais maravilhoso que deus me deu”, disse Elize, que chorou a falar da criança que não pode ver por decisão judicial. Atualmente, a menina tem 5 anos e está sob a guarda dos avós paternos. “Quero pedir perdão pra [sic] ela.”

Durante o julgamento, Elize ficou sentada ao lado dos advogados, onde permaneceu cabisbaixa a maior parte do tempo. Ali, ela ouviu os depoimentos das 16 testemunhas, tanto da defesa quanto da acusação.

O julgamento teve início no dia 28 de novembro e terminou na madrugada do dia 5 de dezembro. O júri popular a condenou por homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima e destruição e ocultação de cadáver.

“[Estou] muito [arrependida]. Infelizmente eu não posso voltar no tempo. Mas se eu pudesse, eu voltaria”, disse Elize ao responder uma pergunta de sua defesa. Atualmente ela cumpre a pena em Tremembé, interior de São Paulo.
Defesa e acusação

Procurada nesta semana, a defesa de Elize informou que ainda pretende recorrer à Justiça da decisão dos jurados que a condenaram pelo assassinato e esquartejamento de Marcos.

“A defesa recorrerá da pena imposta, que não encontra correspondência com a decisão dos jurados”, disse Santoro. “Infelizmente, a defesa não concorda com a sobreposição da vontade do magistrado sobre a decisão soberana dos senhores jurados”.

“Ao mesmo tempo, a defesa discorda do posicionamento do Ministério Público que por ter praticamente perdido o júri, agora quer anular o julgamento, sem fundamento nas provas dos autos. Além de se tratar de um verdadeiro desperdício do dinheiro público.”

O G1 não conseguiu localizar Cosenzo, do MP, para comentar o assunto.


Fonte: G1 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais