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Vasectomia: dúvidas ainda afastam homens do procedimento

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Apesar de ser uma cirurgia tecnicamente simples, a vasectomia ainda assusta muitos homens. O motivo pode ser a quantidade de dúvidas que a maioria ainda tem sobre o procedimento e principalmente como ficará a vida sexual após a cirurgia. Não somente questões técnicas, mas a falta de certeza de que se quer realmente ficar infértil, faz com que o processo demore um pouco.  


Por lei, da primeira consulta até a cirurgia é preciso esperar pelo menos 60 dias, tempo em que o paciente pode ter apoio psicológico, se for o caso, repensar e decidir. Além disso, de acordo com a lei nº 9.263, ambos os cônjuges têm que estar de acordo com a vasectomia. O texto especifica também que a esterilização voluntária só é permitida em "maiores de vinte e cinco anos de idade, ou, pelo menos, com dois filhos vivos", desde que o prazo dos 60 dias entre vontade e cirurgia sejam respeitados. 


O urologista Giuliano Aita, membro do departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU),  esclarece que o procedimento, apesar de ser feito em uma área delicada do corpo masculino, é rápido e não costuma ser dolorido. "O que fazemos é bloquear o fluxo de espermatozóideds nos dutos chamados de 'deferentes', que são cortados durante a cirurgia, o que faz com o homem fique infértil. Tudo é feito com anestesia local associada ou não a uma sedação e dura cerca de 30 minutos", explica o especialista. 


Com relação ao pós-operatório, o médico comenta que é normal sentir um leve incômodo nos testículos, o que geralmente melhora com uso de analgésicos comuns. Já com relação à prática de atividades físicas, é bom que exercícios intensos sejam evitados até 7 dias após o procedimento. O paciente também deve se abster de atividades sexuais por sete dias. "A recuperação é muito tranquila e basta que sejam seguidos esses cuidados básicos", diz Aita. 


Porém, não só o medo do procedimento em si e da recuperação ainda geram dúvidas nos homens. Um dos questionamentos mais comuns é com relação à confiabilidade da técnica. Com relação a isso, Aita diz que os ductos são cortados, amarrados e até desalinhados durante o procedimento, para que não haja chances de eles se religarem sozinhos, o que deixa a cirurgia com resultado muito seguro. "Mesmo assim, recomendamos que o paciente espere cerca de 40 dias para ter uma certeza maior que nenhum espermatozóide possa ter ficado 'guardado' nos canais e que haja o risco de fecundação. Um espermograma, que mede a quantidade de espermatozóides no líquido seminal, deve ser feito para que possamos avaliar se realmente está zerado".  


Mas e como fica a ejaculação? Segundo o especialista, nada muda nesse aspecto, nem mesmo o volume do ejaculado, uma vez que os espermatozóides representam pouco mais de 1% do volume total do esperma. Não há também alteração no processo de ereção ou na produção de testosterona. Só o que muda mesmo é o aspecto reprodutivo. "Lembrando que existe a chance de tudo isso ser revertido, porém seria uma cirurgia mais complexa e delicada e nem sempre com garantia de sucesso, O fator decisivo é o tempo: se for após cinco anos da vasectomia, há sucesso em 80% dos casos, de 5 a 10 anos após a primeira operação, o sucesso já cai para 50%, se passar de 10 anos, apenas 30%", finaliza o médico.

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