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CEIR fará pesquisa inédita para uso do canabidiol em crianças com microcefalia

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Foto: Yala Sena

O Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) vai iniciar uma pesquisa inédita no Piauí que envolve o uso do canabidiol no tratamento das crises convulsivas refrativas. O medicamento é derivado da Cannabis Sativa, popularmente conhecida por “Maconha”.  O foco será voltado para crianças com microcefalia.

Segundo o diretor da Associação Reabilitar, Benjamim Pessoa Vale, o trabalho cientifico contará com instituições como a UFPI e UESPI, além da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi). “Temos hoje uma parceria embrionária com a Fapepi para fazer trabalho cientifico no uso das crises convulsivas refratais com uso do canabinóide. É uma pesquisa que estamos começando a dar andamento. Estamos elaborando o projeto e discutindo com a comissão de ética. Nosso grupo de estudo será as crianças com microcefalia”, disse o diretor ao Cidadeverde.com

Benjamim explica que o uso do canabidiol é liberado para pessoas com crise convulsiva refratária e que a pesquisa vai ajudar a mostrar para a população os seus efeitos. “O que nós vamos fazer na instituição é um trabalho de pesquisa randomizado e prospectivo. Qual a eficiência do canabidiol? O que facilita para o Ceir é que nós temos o público e temos as pessoas para participar da pesquisa. Para se tocar um trabalho de pesquisa dentro de uma instituição precisa um certo número de doutores formais e nós temos isso. É um trabalho conjunto com as universidades”, afirma, ressaltando que o medicamento ainda é alvo de preconceito.

“Precisamos mostrar para a população os efeitos benéficos do canabidiol e os efeitos colaterais. Precisamos comprovar isso cientificamente, não em casos isolados. Precisamos tirar o preconceito também, de que o canabidiol é derivado da Cannabis Sativa, de que pode ser substituído pelo chá da canábia. Não. O canabidiol é um derivado do extrato da canábia. São pesquisas cientificas comprovadas, é diferente. Precisamos desmitificar. Esse medicamento está controlando as crises convulsivas”, destaca.

A pesquisa ainda está em fase embrionária e não tem data para ser concluída. “Vai demorar o período suficiente da pesquisa. Se os efeitos colaterais são superiores aos benéficos, por exemplo, o trabalho é suspenso. No trabalho cientifico o tempo é institucional”, afirma.

Ainda não há uma previsão orçamentária para a pesquisa, no entanto, segundo Benjamim, um dos principais obstáculos é a qualificação profissional. “A principal dificuldade é financeira, mas também temos a deficiência de capital humano. Não temos pessoas em quantidade suficiente preparada para desenvolver toda uma cadeia. A instituição está se preocupando em preparar essas pessoas para que elas sejam multiplicadoras. Fazemos isso trazendo as pessoas de fora, da AACD, realizando cursos, investido no capital humano. O capital financeiro limita, mas quem limita mesmo é o capital humano.

9 anos

A pesquisa integra uma série de projetos que o Ceir vai desenvolver. O centro completa 9 anos de criação agora em maio e atende 1.400 pessoas por mês. “Nossos projetos estão todos em andamento. Um dos nossos trabalhos grandes hoje é o fortalecimento da parte cientifica. A nossa missão no Ceir é o cuidado com as pessoas. Dedicar às pessoas com necessidades especiais o nosso talento, que é o que nós fazemos. Sempre digo que não cuidamos de doenças e nem de doente, nós cuidamos das pessoas para que elas consigam conviver com sua deficiência normalmente. Fazemos a inclusão social. Esse é o nosso papel”, destaca o diretor.

Hérlon Moraes
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