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Mensagens provam elo entre policiais e suspeitos de fraudar concursos

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Mensagens de WhatsApp revelam a suposta ligação entre agentes da Polícia Civil e os suspeitos apontados como líderes da organização criminosa que fraudava concursos públicos no Piauí. As investigações apontam que alguns dos policiais civis aprovados no concurso por meio de fraude, após nomeação, passaram a integrar o grupo e se utilizavam do cargo público para cobrar dinheiro de outros 'clientes' da quadrilha. Para receber o pagamento, eles inclusive faziam ameaças de morte, de acordo com o Grupamento de Repressão ao Crime Organizado (Greco). 

Dois grupos teriam fraudado o concurso para agente de Polícia Civil do Piauí em 2012: um seria liderado pelo professor Cristian Alcântara e outro pelo estudante de Medicina Sávio de Castro.

"Temos conversas que mostram que eles se utilizavam da função pública de policiais civis para efetuar cobranças de pessoas que foram beneficiadas em outros concursos e estavam demorando a pagar o grupo fraudador, ou seja, eles obtiveram a aprovação no  concurso da polícia e passaram a integrar a organização criminosa fazendo a indicação de outros clientes, bem como realizando cobranças de pessoas que foram beneficiadas em outras fraudes praticadas pelo grupo", explica o delegado Kleydson Ferreira, responsável pelo inquérito. 

De acordo com o Greco, um dos prints mostra uma conversa entre o policial civil André Luís de Carvalho e o estudante de Medicina Sávio de Castro Leite.

POLICIAL ANDRÉ: vou-lhe ajudar na cobrança...
ESTUDANTE SÁVIO: mas pra dar pressão mesmo...
POLICIAL ANDRÉ: falei até em morte, caso não saia esse dinheiro...

Ontem (10), a maioria dos 21 presos ( sendo 12 policiais civis)  já haviam sido ouvidos e negavam ligação com os líderes da organização criminosa. Contudo, para o Greco a relação entre os suspeitos é evidente. 

A quebra do sigilo telefônico, por exemplo, possibilitou a Polícia Civil  reunir provas que mostram conversas frequentes entre os suspeitos, desde o lançamento do edital do concurso até dois dias após as provas. Segundo o delegado, para um líderes da organização criminosa, um suspeito chegou a fazer mais de 100 ligações em um único dia.

Segundo ele, outro print mostra uma conversa com o professor Cristian Alcântara (apontado como outro líder da quadrilha) sobre o pagamento de R$ 20 mil por uma prova. "A situação tá complicada pro cara...deixasse pelo menos por R$ 15 mil mais10 prestações de R$ 500", mostra a conversa.

Suspeita de fraude no concurso do HU

O avanço das investigações na operação 'Infiltrados' aponta ainda que parte dos suspeitos teria fraudado também outros concursos públicos no Piauí, a exemplo do Hospital Universitário e vestibulares para o curso de Medicina. 

De acordo com o Greco, em outra conversa, o policial civil André pergunta ao estudante de Medicina Sávio se já tinha saído o resultado do concurso do Hospital Universitário (HU). 

"Saiu mesmo...passaram duas pessoas...vou dar teus 1000...chegar aí a gente se acerta", mostra o print.

 

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Graciane Sousa
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