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Ator de 'Cidade de Deus' que morou na Cracolândia critica repressão

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O ator e cantor Rubens Sabino, que interpretou o personagem Neguinho em "Cidade de Deus" (2002), diz que “somente a descriminalização de algumas drogas e dos usuários pode pôr fim à Cracolândia”, em São Paulo, e defende um modelo de assistência constante do governo aos viciados, com fornecimento de doses controladas e acompanhamento médico diário.

Anos após participar do filme, Sabino viveu por muitos anos na Cracolândia como usuário de drogas e conhece bem a realidade do local. Ele disse que largou o crack há dois anos e retomou a carreira artística. Para o ator, "a Cracolândia é um pedacinho do inferno".

“Todo mundo sabe que a Cracolândia de São Paulo não vai acabar com repressão”, escreveu o ator em seu perfil no Facebook. “Acredito que somente a descriminalização de algumas drogas pode pôr fim à Cracolândia.”

Sabino cita o exemplo da Suíça e como o país combateu o problema de usuários de heroína. “O governo local descriminalizou a heroína, montou vários alojamentos com uma equipe de saúde gigantesca, onde o usuário pode ir até esse alojamento do governo, pegar todo dia sua dose de heroína e voltar para casa e trabalho e não para a cadeia, como no Brasil.”

O ator sugere ao governo de São Paulo montar um projeto com o Ministério da Saúde para preparar um local onde os usuários de crack receberiam quatro pedras para o dia sob a vigilância de uma equipe de saúde. “Isso deu certo em vários países da Europa, pode dar certo aqui também.”

Em abril de 2015, o G1 encontrou Rubens Sabino morando na Cracolândia. Ele revelou que morava no local desde 2011. "Eu vim para cá por causa do crack mesmo", disse, na época. Mas ele afirma ter largado o crack pouco antes do carnaval daquele ano.
"Aqui é um pedacinho do inferno", disse Rubens Silva na ocasião. Apesar da mudança pessoal, ele diz que viu poucas transformações no cenário da Cracolândia no período que viveu lá.

"Eu acho que para acabar com isso tinha que legalizar talvez a maconha. Por que eu acho que tinha que legalizar a maconha? Não tem como tratar essa galera daqui usuário como caso de polícia, caso de repressão e criminalização. Aqui é questão de saúde pública, questão de educação, de amadurecimento da sociedade", disse Sabino em 2015.

Prefeitura diz que fez mais de 2 mil acolhimentos

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, disse que equipes da assistência social da Prefeitura de São Paulo realizaram 917 abordagens na região da Nova Luz apenas nesta quinta-feira (25).

"Deste total, 425 foram encaminhadas para o atendimento socioassistencial, que inclui higiene e alimentação, e 492 pessoas não aceitaram atendimento.

Entre as aceitações, 149 ocorreram de manhã, 131 à tarde e 145 no período da noite. As negativas aconteceram mais de manhã (267), à tarde (138) e apenas 87 foram durante a noite. Profissionais da Secretaria da Saúde realizaram 241 atendimentos na região da Nova Luz apenas nesta quinta-feira.
Desde domingo (21), quando ocorreu a operação policial na Nova Luz, a assistência social realizou mais de 5 mil abordagens e 2.445 acolhimentos no Complexo Prates e no CTA. Cerca de 600 funcionários de assistência social e de saúde percorrem a região para atender os dependentes químicos e pessoas em situação de rua.

Houve 26 internações na Casa de Saúde São João de Deus, que tem 90 leitos disponíveis para atendimentos psiquiátricos. A rede municipal conta com mais 180 leitos para internações. Além disso, 60 pacientes tinham sido internados no Cratod, da rede estadual, até esta quinta-feira."


Fonte: G1 

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