Cidadeverde.com

Homenageando Lima Barreto, Flip 2017 anuncia programação

Imprimir

A organização da 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) divulgou nesta terça-feira (30) a programação completa do evento deste ano, que acontece entre 26 e 30 de julho, em Paraty (RJ). O escritor brasileiro Lima Barreto será o autor homenageado. A curadoria, pela primeira vez, é feita pela jornalista Joselia Aguiar.

Veja abaixo as principais atrações da Flip 2017. A programação completa pode ser acessada aqui.

Questionada nos últimos anos, sobretudo em 2016, pela ausência de escritores negros, a Flip de 2017 promete que 30% da programação é composta por autores e autoras negras. Já as escritoras mulheres, que no ano passado foram quase metade dos convidados, 17 de um total de 39 participantes, neste ano superam o número de homens – 24 de um total de 46.

"Esperamos que o aumento de autoras e autores negros no programa seja um ponto de virada e que a Flip possa influenciar não apenas outras programações literárias do país, mas o próprio mercado editorial, ajudando a torná-lo mais diverso", afirma Joselia Aguiar.

Atrações
Dentre os destaques da 15ª Flip estão Marlon James, primeiro jamaicano e um dos três negros a vencer o Man Booker Prize, o principal da literatura britânica e um dos mais reconhecidos da literatura internacional. Ele será acompanhado em um encontro inédito pelo americano Paul Beatty, outro negro também agraciado pela premiação.

A chilena Diamela Eltit, conhecida pelo trabalho experimental, irá falar de "literatura latino-americana, as relações entre arte e política, feminismo e contracultura e sua trajetória como autora e ensaísta entre a América Latina e Estados Unidos".
Scholastique Mukasonga, uma das vozes africanas mais premiadas hoje e conhecida pela obra que reflete sobre o genocídio de Ruanda, também participa. Frederico Lourenço, autor de romances e de traduções de clássicos como "Odisseia" e "Ilíada", de Homero, além da "Bíblia", é outro dos convidados.

A 15ª Flip conta ainda com participações de William Finnegan, repórter da revista New Yorker que cobriu conflitos na África e vencedor do Pulitzer; a argentina Leila Guerriero, um dos grandes nomes do jornalismo narrativo na América Latina; o francês Patrick Deville, escritor-viajante que pratica o que chama de romance de não ficção; a britânica da África do Sul Deborah Levy; o islandês Sjón, apontado como o grande romancista do norte europeu e letrista de sucesso em parcerias com Björk; e o rapper e ativista Luaty Beirão.

Homenagem
A obra de Lima Barreto, conhecido pelo livro "Triste Fim de Policarpo Quaresma" e pelas críticas sociais e políticas ao Rio de Janeiro e ao Brasil, será debatida em quatro momentos. Na sessão de abertura, o ator e escritor Lázaro Ramos dará voz ao autor em apresentação criada por Lilia Schwarcz, com direção de cena de Felipe Hirsch.

Haverá Lima Barreto diretamente ainda em mais três mesas: uma sobre sua importância para a literatura, outra sobre as peculiaridades da sua linguagem e uma terceira falando das discussões urbanísticas presentes em sua obra. Mas o autor também aparece de alguma forma em outras cinco mesas.

Veja as principais atrações da Flip 2017:

  • Quarta-feira, 26 de julho

19h15: Mesa 1 – Sessão de abertura – "Lima Barreto: triste visionário". Com Lázaro Ramos e Lilia Schwarcz.
Quinta-feira, 27 de julho
12h: Mesa 2 – "Arqueologia de um autor". Entre a paixão e a minúcia, recupera-se a obra dispersa de um autor à margem e se define o lugar de Lima Barreto entre os clássicos e no cânone afro-brasileiro, nesta conversa que soma história e crítica literária. Com Beatriz Resende, Edimilson de Almeida Pereira e Felipe Botelho Corrêa.
19h15: Mesa 5 – "Odi et amo". A tradição greco-latina, seus mitos, poesia e narrativas, a Bíblia grega, a literatura e a cultura medieval: nesta conversa entre dois grandes tradutores do latim e do grego, tem-se uma breve história das ideias e dos sentimentos do Ocidente. Com Frederico Lourenço e Guilherme Gontijo.
21h30: Mesa 6 – "Em nome da mãe". Histórias de guerras e de sobrevivência, de invenções e reconstruções artísticas a partir do ponto de vista feminino, no encontro entre uma brasileira filha de uma sobrevivente de Auschwitz e de uma ruandesa tutsi que perdeu a família no genocídio e é influenciada pela literatura do holocausto. Com Noemi Jaffe e Scholastique Mukasonga.

  • Sexta-feira, 28 de julho

12h: Mesa 7 – "Moderno antes dos modernistas". A singularidade da linguagem de Lima Barreto é evidenciada a partir de sua aversão ao bacharelesco e da visão da arte como militância, na sua escrita para jornal e nos diários do hospício. No debate, são lembrados autores que foram seus contemporâneos e autores posteriores sob sua influência. Com Antonio Arnoni Prado e Luciana Hidalgo.
15h: Mesa 8 – "Subúrbio". Uma visita aos lugares por onde Lima Barreto passou no Rio de Janeiro, com seus personagens de crônicas, contos e romances, seguindo a linha do trem e arrabaldes de ontem e hoje, a etnografia e a poética das ruas, a partir de dois olhares: o de uma especialista em sua obra e em literatura contemporânea e o de um historiador que entende de Ifá, encantados, samba e cultura popular carioca. Com Beatriz Resende e Luiz Antonio Simas.
19h15: Mesa 10 – "A contrapelo". Uma escritora experimental chilena referência na crítica feminista e um refinado documentarista brasileiro, que contou a trajetória do poeta Wally Salomão e do pintor Leonilson, conversam sobre linguagens na fronteira e resistência artística. Com Carlos Nader e Diamela Eltit.
21h30: Mesa 11 – "Por que escrevo". Um jornalista que cobriu conflitos na África e que, nas horas vagas, praticava obsessivamente o surf e fez dessa experiência um premiado livro de memórias se encontra com uma escritora nascida na África do Sul do apartheid: uma conversa sobre as diferentes motivações de um escritor e a entrega ao ofício. Com Deborah Levy e William Finnegan.

  • Sábado, 29 de julho

17h15: Mesa 14 – "Mar de histórias". Borges é o ponto comum entre os dois autores, um da Islândia e outro do Rio, que conversam sobre contos de fada, mitologias, narrativas antigas que viajam e surrealismo. Com Alberto Mussa e Sjón.
19h15: Mesa 15 – "Trótski e os trópicos". Os limites da ficção e da não ficção, os protagonistas e os coadjuvantes, o local e o global são os temas desta conversa entre um escritor viajante francês e uma jornalista que, baseada na Argentina, escreve para toda a América Latina. Com Leila Guerriero e Patrick Deville.
21h30: Mesa 16 – "O grande romance americano". Dois autores de uma mesma editora independente venceram, em anos sucessivos, o mais prestigioso prêmio de língua inglesa, o Man Booker Prize (2015 e 2016). Esta conversa revelará em que medida renovam a tradição a partir do seus pontos de vista particulares, a de um americano negro e a de um jamaicano negro que migrou para os EUA, onde ambos lecionam escrita criativa. Com Marlon James e Paul Beatty.

  • Domingo, 30 de julho

12h: Mesa 17 – "Amadas". Ao refazer sua trajetória com imagens e leituras, Conceição Evaristo, em conversa com Ana Maria Gonçalves, presta um tributo a outras vozes femininas africanas e da diáspora negra, como Angela Davis, Audre Lorde, Carolina de Jesus, Josefina Herrera, Nina Simone, Noêmia de Sousa, Odete Semedo, Paulina Chiziane e Toni Morrison. Com Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo.


Fonte: G1

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais