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Vítimas do acidente com avião da Calypso serão enterradas nesta segunda

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O domingo era para ser só mais um. Era. Não fosse um acidente aéreo que transformou um bairro residencial na Zona Oeste do Recife no palco de uma tragédia. E de um milagre. Um avião bimotor, vindo de Teresina, no Piauí, com o piloto e nove passageiros caiu por volta das 11h15 de ontem na Rua Imbituba, no bairro de San Martin. Falta de combustível e problema técnico em uma das duas turbinas podem ser as possíveis causas. A aeronove pertencia à Chimbinha da Banda Calypso.

 O comandante Eurico Pedrosa Neto, 47 anos, e o produtor financeiro da banda, José Gilberto da Silva, 46, morreram. Mas o desfecho do acidente poderia ter sido ainda pior. Os sobreviventes dessa história não são oito. São 24. Dezesseis pessoas, incluindo quatro crianças e uma adolescente, moravam em cinco das sete casas atingidas pelo bimotor. São "quase vítimas" de um acidente aéreo. Mesmo sem, na maioria dos casos,nunca terem colocado os pés em um avião.

 Por alguns segundos, elas se salvaram. Por dois minutos, a aeronave não pousou no Aeroporto Internacional dos Guararapes, que fica a cerca de quatro quilômetros dali e era o destino final do vôo. Dos 16 moradores das casas danificadas, três foram atingidos por pedaços de telhas, mas tiveram apenas cortes leves. Destroços do avião foram arremessados nos quintais e terraços de várias residências, deixando marcas e causando medo nos moradores da área.

O impacto foi tão grande que um dos passageiros foi jogado para fora do avião, chocando-se contra a grade de uma casa, no lado oposto da rua. Aparentando estar com as pernas quebradas, vomitando sangue e com o rosto bastante ferido, ele foi socorrido por moradores. O horror tomou conta de quem mora no local e a cada passageiro que deixava a aeronave, o que se ouvia eram "graças a Deus".
 
 
"A gente ouviu o barulho e eu falei: caiu aqui em casa. Corremos e vimos que não. Sempre tomamos susto com os aviões. Eles passam por aquimuito baixo", contou Maria do Carmo Araújo dos Santos, que mora em frente ao local do acidente e chamou o Samu para socorrer as vítimas. A casa dela ficou intacta. Marília Marques da Silva, 21 anos, tem uma história e tanto para contar. Sentada no sofá, ela viu, pela janela, o avião se aproximar da sua casa.
 
 
Balançando e com hélices desligadas, a aeronave arrancou grande parte do telhado da residência, de número 324 da Rua Mineirolândia. "Só deu tempo de dizer: Ezequias (nome do marido), o avião está vindo aqui para cima", contou. Ela e o esposo se jogaram por cima das filhas, uma de 2 anos e outra de 3 meses. Marília teve escoriações. O bebê sofreu um arranhão na testa e o pai um corte no braço.
 
 
A tragédia também poderia ter sido bem pior para Maria Najila Tibúrcio de Souza, 15 anos. Ela estava na cozinha ouvindo música quando o avião tocou no fio e acabou desligando o aparelho. Sem saber o que acontecia, ela foi até a sala, onde estava o equipamento. Foram poucos segundos.
 
O bimotor se chocou com a área onde fica a cozinha, no primeiro andar, destruindo-a completamente. Onde Maria estava, restaram apenas destroços. "Quando olhei, só tinha fumaça e tudo tinha desmoronado", falou.

"Se fosse mais cedo, estaria todo mundo morto", disse Moisés Francisco da Silva, que tinha saído horas antes com a família da casa 408, uma das mais afetadas.

O acaso funcionou às avessas para cinco passageiros da aeronave. Entre eles, o produtor da Calypso que morreu. Assim como ele, o deputado federal Eduardo da Fonte, os empresários Valmir Oliveira, Eduardo do Ó e o superintendente do Metrorec, Davison Almeida, pegaram carona naquele avião.

Passageiros
Eduardo Henrique da Fonte de Albuquerque - deputado federal por Pernambuco (coligação PP/PDT/PSC/PL/PSB)
Eduardo do Ó - dono do Hospital Alfa e do laboratório Albuquerque do Ó
Davidson Tolentino de Almeida - chefe de gabinete do Metrorec
Valmir João de Oliveira - empresário da ND Distribuidora
Helena Lúcia Ferreira de Souza
Rogério Paes da Silva - empresário da Banda Calypso e sócio da Luan Produções
Luiz Augusto Nóbrega Oliveira - um dos donos do Chevrolett Hall e da Luan Produções
Bruno de Carvalho Carneiro Lins - piloto de avião
Eurico Pedrosa Neto - comandante da aeronave. (morto)
José Gilberto da Silva - produtor financeiro da banda Capypso (morto)

Passo a passo
Faltando dois minutos para aterrissar no Aeroporto dos Guararapes, o avião King Air B-200 teve que fazer um pouso forçado. A aeronave encostou a asa no telhado de uma casa. Quando ia entrar de frente em outra, o piloto ergueu a aeronave livrando-a

Mas o avião, ainda desgovernado e com as turbinas paradas, chocou-se contra a cozinha de outra casa, ficou com parte do motor preso e levou o telhado de mais duas residências da Rua Imbituba, no bairro de San Martin

Por fim, a aeronave chegou ao chão, partindo-se em várias partes e arremessando destroços em outras residências, além de projetar um passageiro para o outro lado da rua. Uma asa ficou parcialmente queimada e duas pessoas morreram.


Fonte: Diário de Pernambuco

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