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Dois ônibus são depredados; 9 estudantes continuam presos

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A advogada Adonyara Azevedo informou agora pouco ao Cidadeverde.com – às 8h35 – que oito manifestantes foram soltos após registro na Central de Flagrantes. Permanecem detidos 9 estudantes. O movimento #contraoaumento tenta arrecadar dinheiro para a soltura dos presos. Ontem, durante confronto com a Polícia 17 foram presos, três deles menores. A Polícia cobra fiança de 10 salários mínimos (R$ 6.220,00). OAB e Câmara tentam convencer prefeitura a fechar acordo.

“Essa é uma fiança arbitrária, ilegal e os estudantes não podem pagar”, afirma Adonyara Azevedo.

Hoje pela manhã, pelo menos dois ônibus já foram depredados.

Esclarecimento

O tenente coronel José Fernandes Albuquerque, comandante de Policiamento da Capital, esclareceu que a polícia não está agredindo e nem recolhendo material máquina fotográfica e câmeras filmadoras da imprensa. Ele disse que se alguém estiver agindo assim é sem autorização do comando, mas afirma que não foi policial. 

“Se alguém tomou câmara de jornalista não foi a PM”, disse ele. O coronel afirmou que estão analisando imagens para verem se há pessoas infiltradas se passando por policiais para fazerem esse tipo de ação.

Fiança

Em relação à fiança, o delegado geral James Guerra disse que pela lei, pode ser arbitrada fiança de um a 100 salários mínimos, dependendo da gravidade dos fatos e em função da condição econômica dos presos. O valor é estipulado pelo delegado de plantão.


Ampliada às 23h40min

No sétimo dia de protestos em Teresina contra o aumento na tarifa de ônibus, 17 manifestantes – entre eles três adolescentes - foram detidos pela Polícia Militar. A prisão ocorreu no início da noite desta terça-feira após confronto entre policiais e estudantes que bloquearam a avenida Frei Serafim, principal via de acesso a capital piauiense. Pelo menos três pessoas ficaram feridas com tiros de balas de borrachas. Um dos estudantes foi ferido no olho e levado ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

O conflito na avenida Frei Serafim marcou o sétimo dia de atos contra as mudanças no sistema de transporte da capital.


Lucas Vieira, um dos advogados do Fórum, informou ao Cidadeverde.com que pretende conseguir a libertação dos presos ainda hoje. Segundo ele, alguns estão feridos por balas de borracha, usadas para dispersar os manifestantes da avenida. Eles receberam ordem para deixar o local e liberar a via, mas decidiram permanecer, dando início à reação dos PMs.

Uma outra pessoa também foi detida na Central de Flagrantes, mas não teria relação com o movimento. Fardado com a blusa de uma panificadora, ele foi defendido por um advogado. O Fórum também contabiliza que entre os presos estão pessoas outras que não participavam da manifestação.


Incitação ao crime

O delegado de plantão na Central, Antônio Marques Filho, informou que os manifestantes irão responder aos crimes de incitação ao crime, desobediência, resistência e atentado contra a segurança dos meios de transportes. A Polícia pediu fiança de 10 salários mínimos (R$ 6.220,00) para cada preso ser liberado.

O advogado Marcus Vinicius Brito Araújo, que defende os estudantes, considerou arbitrário o valor de fiança. “O delegado não está levando em conta as condições financeiras dos estudantes”, disse o advogado que pediu a justiça a liberdade dos presos. Até às 23h30, os estudantes ainda continuavam detidos na Central de Flagrantes.

Agressões

Cícero Portela, repórter do sistema O Dia, registrou queixa no 1º Distrito Policial contra PMs que teriam tomado o cartão de memória de sua máquina fotográfica. Ele relata que notou a perseguição de um manifestante por policiais até que os mesmos tomassem a mochila de suas costas. Ao fotografar o ato, foi repreendido. "Eles tomaram a câmera da minha mão, chegaram me empurrando e tiraram o cartão de memória", contou.

O repórter ainda tentou recuperar o cartão de memória e propôs apagar as imagens na frente dos policiais. Depois disso, recebeu ordem para ir embora. Cícero Portela conta que ainda ouviu um PM sugerir sua prisão, que só não teria ocorrido porque o profissional estava de crachá. O Sindicato dos Jornalistas já divulgou nota de repúdio e classificou o caso como "censura e humilhação".

Em outro caso, o estudante secundarista Diogo Andrade, 19 anos, foi até a Central de Flagrantes denunciar os dois tiros de balas de borracha que atingiram suas costas. Acompanhado de um representante da seccional Piauí da Ordem dos Advogados do Brasil, ele foi ao 1º Distrito Policial registrar queixa e depois ao Instituto Médico Legal fazer exame de corpo de delito.

Ampliada às 19h29min
Policiais usaram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para dispesar manifestantes na avenida Frei Serafim no final da tarde desta terça-feira (10), durante protesto contra o aumento da passagem de ônibus de Teresina e questões relacionadas ao sistema de integração das linhas. Um número ainda incerto de pessoas acabou preso no cruzamento com a rua Coelho de Resende, Centro da capital piauiense.

Fotos postadas no perfil do Twitter @leofreirejr

Cerca de 100 policiais militares foram acionados para tentarem desobstruir a avenida. Os PMs teriam pedido para que os manifestantes saíssem e não foram atendidos. Depois, foi montada uma barreira com os policiais, que também não surtiu efeito. Em seguida, a tropa de choque foi novamente usada.

De acordo com o Conselho Tutelar, que acompanha as manifestações, pelo menos quatro adolescentes foram feridos por balas de borracha.


Adonyara Azevedo, advogada do Fórum de Defesa do Transporte Público, que congrega as entidades participantes do movimento contra o aumento, informou ao Cidadeverde.com ainda não ter recebido a informação efetiva de quantas pessoas foram presas. Um advogado da assessoria jurídica foi enviado ao local para se inteirar dos fatos.

No início da tarde, os manifestantes se concentraram em frente ao Palácio da Cidade e, até então, haviam optado por não fecharem a Frei Serafim no sétimo dia de protestos. Eles programam um ato na mesma avenida para a próxima quinta-feira, intitulada "Ato dos Indignados".

Também no final da tarde, um ônibus que seguia para a garagem da empresa, apenas com motorista e cobrador, foi depredado na avenida Maranhão.



Raimundo Lima (TV Cidade Verde, nas manifestações)
Aline Carvalho (TV Cidade Verde, na Central de Flagrantes)
Fábio Lima (da Redação)
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