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Estudante ferido em protestos do #contraoaumento pode perder visão

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O estudante de Filosofia da Universidade Federal do Piauí, Hudson Silva Teixeira, 21 anos, ferido no protesto que ocorreu na terça-feira, 10 de janeiro, está temporariamente cego do olho direito atingido por estilhaços de uma bomba de efeito moral lançada pela tropa de choque da Polícia Militar. Ele afirma que deve entrar com uma ação coletiva contra o Estado juntamente com outros manifestantes que foram feridos ou presos durante os atos. 


“Estou com uma cegueira temporária no olho direito que está cheio de edemas e com um traço no fundo. O médico disse que é normal este machucado regredir com o tempo, mas que pediu que eu ficasse atento caso piore”, descreveu. 

O universitário revelou ao CidadeVerde.com que o incidente aconteceu após a chegada da tropa de choque do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegou à avenida Frei Serafim. “Estava todo mundo sentado quando os policiais chegaram e mandaram a gente sair. Ninguém deu atenção. Depois eles vieram de novo e em seguida a tropa de choque armada e dando tiro em todo mundo”, narra. 

Hilton conta que neste momento houve um tumulto muito grande. “Jogaram spray em todo mundo. Muita gente correu. Eu corri, mas voltei depois. Foi aí que jogaram a bomba no meu pé e deram os tiros de borracha que me atingiram pelo menos duas vezes: na perna e nas costas. Quando a bomba explodiu eu pensei que era de gás, mas quando eu corri, comecei a ver muito sangue saindo do meu olho. Na mesma hora o meu olho inchou muito e fechou . Foi quando eu percebi que não estava enxergando muito”, descreve. 



Socorro
O estudante diz que os estilhaços da bomba atingiram diretamente seu olho e nariz. Ele afirma ainda que os policiais jogaram o explosivo de muito próximo. “Não conseguiria reconhecer quem jogou porque eles vieram em pelotão, com uma parede de escudo na frente  e os de trás atirando”. 

Após ser atingido, Hudson diz que foi amparado por outros manifestantes e uma jovem ligou para o Samu chamando a ambulância que foi apanhá-lo próximo ao IFPI e levá-lo ao HUT. “Tentaram me atender na enfermaria do Cefet  (sic) mas não tinha lugar e acharam por bem me levar ao hospital”. 


Processo
O universitário disse ainda que deve entrar com uma ação contra o Estado. “O pessoal que foi preso ou agredido já entrou em contato comigo e devemos entrar com uma ação coletiva com todos”, pontua. 

Hudson, que trabalha como auxiliar administrativo, teve que se afastar do emprego por 20 dias. “No momento eu não estou trabalhando, recebi folga por causa do acidente, mas o ferimento atrapalha muito no cotidiano”, revela. Enquanto isso, ele continua indo ao médico esporadicamente. 

Manifestação
O estudante também dá sua opinião sobre a postura da prefeitura de Teresina e dos próprios estudantes  e membros de diversas entidades que participam dos protestos. “Tá uma coisa meio em cima do muro. A galera não está desistindo e o Elmano também não. É preciso abrir caminho para negociar, para baixar (o valor da passagem)”, avalia. 

Ele acrescenta que, em sua opinião, a integração está sendo feita de forma precipitada. “Aqui é o único lugar onde você tem que pagar a segunda viagem e é possível ver que piorou o trânsito. Quando chega o meio-dia, a Frei Serafim está um caos. Os ônibus ficam enfileirados e só se liberam quando chegam na praça da Bandeira”, critica. 

Quando questionado se se arrepende de ter participado dos atos, Hudson é taxativo: “Não me arrependo de nada e faria tudo de novo mesmo”. 



Carlos Lustosa Filho

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