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Paciente terminal realiza sonho e se casa hospital de Recife

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"É o amor, e não a vida, o contrário da morte". A frase do escritor Roberto Freire define o que viveram nesta quarta-feira (24) o aposentado Amauri Pastor da Silva, 63 anos, e sua companheira, a dona de casa Marinalva Rodrigues da Conceição, 49. Diagnosticado com câncer de pâncreas há seis meses, ele recebeu na quinta-feira (18) a notícia de que a doença não tinha mais tratamento curativo, apenas paliativo. No mesmo momento, pediu a mão da companheira de 34 anos, com quem tem um filho de 18, em casamento. "Nunca tive condições de casar assim, no civil, na igreja e com festa. Agora ela é toda minha esposa. Meu próximo sonho é viver ao lado dela", disse um noivo emocionado, após assinar os papéis que os consagraram marido e mulher. "Hoje eu dei o 'sim' a ele para sempre", comemorou a noiva.

A realização do sonho de Amauri e Marinalva foi possível graças à mobilização da equipe da Casa de Cuidados Paliativos do Imip, hospital onde ele está internado há 15 dias, das equipes do voluntariado, do serviço social e do corpo médico da instituição. "Foi muito comovente dar a notícia ao enfermo sobre a gravidade da doença. Porque ele chorou, mas ficou muito agradecido por contarmos a verdade, pela nossa sinceridade. Logo em seguida, quando se recuperou do luto da notícia, revelou o sonho. Daí por diante, a equipe inteira se mobilizou", contou o médico geriatra Hugo Moura Melo, sem esconder a emoção.
 
Em apenas quatro dias, estava montado o casório. "Conseguimos tudo. Vestido da noiva, terno do noivo, buquê, padre, violonista, docinhos e salgadinhos, bolo, espumante, filmagem e até lembrancinhas. É fabuloso ver o quanto o amor mobiliza", conta a coordenadora geral do voluntariado do Imip, Rejane Rocha Aguiar.

E a emoção foi o sentimento comum durante a celebração. O violonista e cantor Edimirson Danda, estreante nesse tipo de voluntariado, não escondia o sentimento. "É gratificante, estou muito emocionado".

De acordo com o médico Hugo Moura, os planos do casamento inclusive melhoraram muito a maior queixa do paciente, que eram as dores abdominais. "Estamos ajustando as doses das medicações que vão trazer mais conforto, para lhe dar alta", revelou o médico. "É isso que faz a medicina ser tão bonita", completou, emocionada, a geriatra e paliativista Michelle Fontenele.

Antes da cerimônia, do lado de fora da igreja, Amauri ansiava pelo grande momento, como qualquer noivo. "Não dormi direito, estou nervoso, porque vamos realizar um sonho. Hoje digo o sim para ela para todo o tempo", adiantava, com lágrimas nos olhos. A noiva atrasava, como manda o figurino, nos últimos preparativos da roupa, maquiagem e cabelo. "O coração está batendo forte. Foi um pedido lindo, emocionante. Ele é a minha vida. Deus escreve certo por linhas tortas", disse Marinalva.

O desejo do filho dos noivos, Aldo Pastor da Silva, sacramentou a união: "Foi um momento inesquecível, que vai ficar na memória. É uma aprendizagem para mim, porque eles casaram depois de uma vida inteira juntos. Tenho um orgulho muito grande. Queria dizer a eles que Deus escreveu tudo como tinha que ser. Que sejam muito felizes, para toda a eternidade".

Fonte: G1

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