Atualizada às 13h53
O procurador regional eleitoral Kelston Pinheiro Lages comentou a apreensão de R$ 11 mil feita na noite de ontem (2) em São Raimundo Nonato, 517 quilômetros ao Sul de Teresina (PI). O representante do Ministério Público criticou o fato dos dois ocupantes do veículo terem usado o direito de ficarem em silêncio durante depoimento e afirmou que a polícia investigará a possibilidade de que uma "quadrilha" esteja agindo no Estado na prática de compra de votos.
"Quem está fazendo a coisa certa não se cala. Pelo contrário, ela quer se explicar. Foram encontrados R$ 11 mil em cédulas de 50 reais e isso é típico de quem quer comprar voto. Recebemos até informações de que o dinheiro seria distribuído em cinco municípios do Sul do Estado", disse Kelston Lages na manhã desta sexta-feira (3), antes da sessão no Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI).
"A polícia está investigando e queremos que os fatos sejam esclarecidos, pois não é razoável as pessoas transportarem tanto dinheiro na véspera de uma eleição, escondido dentro do carro", acrescentou o procurador, que aguarda o avanço das investigações e lembrou que os celulares dos dois detidos já foram apreendidos, para se saber se houve comunicação com alguém envolvido em campanha eleitoral.
Kelston Lages ainda citou a apreensão de R$ 180 mil ocorrida em setembro em Barreiras (BA). O dinheiro estava em poder de um assessor do senador Wellington Dias (PT), que disputa a eleição para governador.
Wilson Filho/Cidade Verde
O procurador pediu que fosse investigada a possibilidade de haver uma quadrilha praticando o crime de compra de voto no Estado. "Pedi que retornasse um delegado e ele foi a São Raimundo Nonato conduzir a investigação. Essa apreensão dos R$ 11 mil, em cédulas de 50 em série e mais uma vez as pessoas se omitiram, se negaram a esclarecer. Estamos pedindo ao delegado para saber se há uma quadrilha porque há o outro caso dos R$ 180 mil, que ocorreu da mesma forma, com o dinheiro escondido debaixo de banco do carro", explicou.
Em desabafo, o procurador eleitoral condenou a ocorrência da prática da compra de voto no Estado. "É uma demonstração de que no Piauí os políticos insistem em fazer campanha com compra de voto. É uma praga, uma prática danosa. Se ficar comprovada a relação disso com algum candidato, vamos pedir a cassação do registro, do diploma do candidato. Sei que é pai e filho que estariam relacionados com alguma candidatura, mas preciso checar de forma responsável para fazer esse elo", declarou.
O Ministério Público Eleitoral deve pedir ainda a quebra dos sigilos telefônicos dos envolvidos para usar como prova no processo.
Emanuela Pinto (especial para o Cidadeverde.com)
Fábio Lima (Da Redação)
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