Cidadeverde.com

Psiquiatra pediu desinternação de paciente suspeito de assassinato no Areolino de Abreu

Imprimir

O médico psiquiatra e vice-presidente da Associação Psiquiátrica do Piauí, Edwyrton Freitas, disse em entrevista ao Jornal do Piauí desta terça-feira (26) que já havia solicitado a desinternação do paciente Dilson Vieira de Brito, 37 anos, suspeito de matar asfixiado Luís Nassário Nascimento Roque, 42 anos, na madrugada de ontem (25). Ambos estavam internados no Hospital Psiquiátrico Areolino de Abreu, onde ocorreu o crime. 

De acordo com o médico, o ocorrido foi "uma tragédia anunciada". Segundo ele, a situação da superlotação no hospital e da inadequação na transferência e internação de pacientes já é antiga e os médicos já esperavam que um fato do tipo ocorresse na unidade de saúde. 

"Já havia sido feito o pedido de desinternação desses rapaz suspeito. Ele é um paciente que sofre de uma psicopatologia sim, mas que não justifica a permanência dele no hospital. Além de não ser benéfico para o tratamento dele, não era seguro para os outros pacientes. A morosidade no processo deixou ele permanecer", afirmou. 

O psiquiatra afirmou que há pacientes internados há anos no hospital que não recebem a atenção necessária para que receba o melhor tratamento indicado para cada tipo de problema. 

"É preciso buscar adequação da internação clínica, porque mesmo a internação compulsória somente deve ocorrer com indicação médica e quando houver real necessidade do paciente. Há pacientes com 8 anos internados, eles devem ficar somente até obter a melhora e já poderiam ser lavados para outras unidades", declarou.  

Ainda segundo Edwyrton, o Piauí possui hoje uma das melhores redes de saúde mental do Brasil, mas falta articulação da rede de atendimento e melhora nos serviços de amparo, para não apenas garantir tratamento, mas promover a reinserção  deste paciente à sociedade. 

Ele destacou ainda que o fato deve ser analisado em sua particularidade e que os pacientes com transtornos mentais não devem ser vistos como perigosos.  

"A despeito do que ocorreu, é preciso que fique claro que a maioria desses pacientes na verdade é vítima de violência. A cada um que comete uma violência, nove são vítimas. Houve uma tragédia anunciada e evitável, mas não podemos generalizar que os pacientes sejam sempre violentos", declarou. 

Simepi aciona o CRM

O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (Simepi) denunciou, nesta terça-feira (26), junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM/PI), a situação do hospital e pediu soluções às condições do local. De acordo com o texto do ofício, o sindicato destaca que a unidade de saúde não possui estrutura adequada e nem pessoal capacitado para receber detentos com transtornos mentais. Veja na íntegra:

Maria Romero (especial para o Cidadeverde.com)
[email protected]

 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais