Dia 2 de janeiro de 2015, aeroporto de El Prat, o principal da região de Barcelona. Neymar e Daniel Alves chegariam do recesso de fim de ano no mesmo voo, e meia-dúzia de equipes de TV estavam ali, à espera da dupla de brasileiros
Mesmo com período de 'super contratações', especialistas afirmam que futuro do Barcelona está na base da dupla? Na verdade, não. A expectativa era por Daniel Alves. Quando o lateral-direito apareceu no saguão, os repórteres elegeram um colega para começar o bombardeio de perguntas. "São seus últimos meses no Barcelona?", "Vai renovar o contrato?", "Já está negociando com o clube?", "Há outros times interessados?".
Com o Barcelona impedido de contratar, o desempenho abaixo da média de Martín Montoya e Douglas em meio a lesões, falta de adaptação e desconfiança, a lateral-direita tornou-se uma posição-chave para o futuro. E a renovação de Daniel Alves virou uma guerra nos bastidores do clube.
O técnico Luis Enrique, sem opções que veja como imediatas em seu elenco, é a favor. A diretoria se divide, por uma questão simples: um novo contrato para o brasileiro demandaria valores mais altos do que o clube pretende pagar.
"Quando chegar o momento certo, falaremos a respeito do assunto. Em alguma fase da temporada esse momento vai chegar", disse Luis Enrique na semana passada, em entrevista antes do jogo contra o Granada.
Só que, para o staff do jogador, o momento já chegou. "Estamos perto de assinar com outro time. O Barcelona? Daniel ainda está disponível, mas não vai esperar muito mais", disse na terça-feira a agente do jogador Dinorah Santana, em entrevista à rádio Rac1.
O Barcelona contra-atacou rapidamente. Carles Rexach, ídolo histórico do time e uma das vozes fortes no processo de contratações, afirmou que "o assunto Daniel Alves ainda não foi levado à mesa de discussões".
Um cabo-de-guerra em que o tempo e o dinheiro puxam cada um para um lado. Em meio a essa disputa de bastidores, quem pode se beneficiar é outro brasileiro. O lateral-esquerdo Adriano, reserva de Jordi Alba em sua posição de origem, já se colocou à disposição para brigar por um lugar no outro lado do campo, onde já atuou diversas vezes.
Adriano, que afirmou ao ESPN.com.br que pensa em deixar o clube para ter mais oportunidades de jogar, disse também que reconsideraria sua posição no caso de receber mais chances como lateral-direito. Chances que viriam com a possível saída de Daniel Alves.
Um outro fato que mostra como a relação entre o jogador e o clube mudou nos últimos meses é a disponibilidade de Daniel Alves para contatos com a imprensa, antes e depois dos jogos.
Entre agosto de 2013 e dezembro de 2014, o brasileiro foi o jogador que mais vezes foi escalado para entrevistas coletivas, e também era figura fácil na zona mista - passagem onde geralmente dois ou três atletas falam com os jornalistas após os jogos. Em uma das entrevistas coletivas, disse que seu contrato iria até 2016, um ano a mais do que o acordo que todos conheciam. Dias depois, o presidente do clube, Josep Maria Bartomeu, negou a informação.
Desde aquele 2 de janeiro deste ano, quando falou, meio a contragosto, no aeroporto, Daniel Alves não teve mais nenhum contato com a mídia pelas vias oficiais do clube.
Fonte: ESPN
