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Nódoas na praia

Desde o mês de setembro deste ano moradores e frequentadores de praias da região Nordeste do Brasil reclamam pelo aparecimento de manchas de petróleo ao longo de alguns dos principais cartões postais do país. Já tinha até falado de outros problemas que encontramos nas praias por aqui (reveja aqui), mas a situação é bem mais grave.

A imprensa noticiou que em todos os estados, alguns em maior intensidade, outros em menor, mas sem exceções, o litoral nordestino foi afetado, tanto na sua face setentrional, onde estão os litorais do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, quanto na sua face oriental, onde estão os litorais do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Aqui no Piauí, o Portal Cidadeverde.com já noticiou a existência de manchas de óleo nas praias do Arrombado e Peito de Moça, no município de Luiz Correia. Reveja aqui

Pesquisadores vinculados à Petrobras dão conta de que se trata, pela textura e características do óleo, de material proveniente da Venezuela. Setores do atual governo falam de um possível derramamento criminoso. Na minha humilde opinião prefiro achar que foi algum acidente na hora de transferir petróleo ou naufrágio de alguma embarcação de transporte.

Pelo que li o óleo parece ser bastante espesso, petróleo bruto, com características físico-químicas do produzido em poços da Venezuela e chega até as praias trazido pela maré. Há pesquisas sendo conduzidas pelo IBAMA, Marinha, Petrobrás, e Universidades de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, tanto para determinar a possível origem, quanto para determinar o aparecimento de novas ocorrências de manchas nas praias de referentes regiões do Nordeste. Na última atualização que li praias de 72 municípios teriam sido, de algum modo, afetadas pelas manchas. O que me preocupa, no momento, são as consequências deste derramamento para a biota aquática, principalmente.

Quais são os principais danos?

A grosso modo quem mais sofre são organismos marinhos. Informações dão conta de que tartarugas mortas já foram encontradas, no litoral do Piauí, com vestígios de que foram prejudicadas de algum modo pelo óleo. No litoral de Alagoas foi encontrado um golfinho morto, com manchas de óleo em sua superfície e sinais de morte por afogamento. Mas seria interessante pontuarmos por área.

Nas áreas sempre cobertas pela maré o óleo pode prejudicar esponjas, corais, algas, moluscos, crustáceos, equinodermos de diferentes espécies (estrelas-do-mar, bolachas-da-praia, ouriços-do-mar etc.), além de peixes de diferentes grupos e animais que circulam nesta região como tartarugas, golfinhos e peixes-boi marinhos.

Nas áreas que ficam cobertas na maré alta e descobertas na maré baixa vivem muito grupos de animais como poliquetos, moluscos, crustáceos e alguns peixes. Répteis marinhos como as tartarugas, por exemplo, podem ser prejudicadas no seu trajeto para chegar até a praia onde põem os ovos, no seu processo de reprodução. Aqui podemos também incluir o prejuízo para o ser humano que frequenta as praias e que usa esta área para diversão.

Nas áreas que não são cobertas pelo mar, sendo influenciada apenas pelo spray emanado das marés, a influência maior vem da vizinhança com a parte do litoral que oscila entre maré alta (coberta) e maré baixa (descoberta, onde o óleo vem sendo recolhido.

NOs estuários que são as regiões de encontro do rio com o mar, na qual muitos pesquisadores estão preocupados com a invasão das manchas de óleo, porque nestas regiões existem grandes berçários de espécies de peixes, crustáceos e moluscos. Nos estuários e nas áreas mais rasas do litoral são encontrados mamíferos como o peixe-boi-marinho, uma espécie que ficaria suscetível ao óleo, especialmente na região onde são encontrados os prados marinhos (áreas ricas em espécies de plantas que funcionam como zona de pasto para estas espécies de mamíferos), como ocorrem aqui no Piauí, no município de Cajueiro da Praia.

Manguezais – ecossistemas formados pelo encontro entre o mar, a água doce de mananciais e o ambiente terrestre. É o ambiente de nascimento e sobrevivência de muitas espécies de crustáceos, moluscos e peixes.

Enquanto não se descobre a origem deste vazamento e desta poluição causada pelo petróleo resta trabalhar para recolhimento de resíduos, que já alcança a casa de centenas de toneladas em todo o litoral nordestino. Mãos a obra para corrigir mais este acidente ecológico que já se constitui em um dos maiores do país enquanto esquerdistas e direitista se digladiam nas redes sociais cada um empurrando a culpa para o outro lado, piorando a nódoa nas praias.

Boa semana para todos (as)...

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