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Educação X Economia X Meio Ambiente: o que essa tríade tem em comum?

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Esta frase do líder sul-africano Nelson Mandela resume algo que a maioria das pessoas pensa, mas não pratica. Especialmente as pessoas que são tomadoras de decisão e que podiam, dentro de determinados limites, obviamente, mudar drasticamente o cenário educacional.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançou há cerca de 20 anos atrás o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – o PISA (sigla em inglês) para tentar medir a evolução dos estudantes em uma comparação em nível mundial. O teste consiste em aplicar um instrumental para medir o conhecimento, especialmente a aplicação deste conhecimento nas atividades cotidianas, de adolescentes com 15 anos de idade. Os estudantes são avaliados em três frentes: Matemática, Ciências e Letramento (verificação no idioma pátrio de cada estudante). O resultado do Brasil chega a ser desastroso.

De 2000 para cá, o número de países que realizam o PISA vem crescendo, e os estudantes brasileiros sempre amargando as últimas posições. Quando se fala de estudantes não estamos nos referindo apenas aos que estão nas escolas públicas (a grande maioria). Citamos também estudantes de escolas privadas que, também, são submetidos a mesma prova. Enquanto nossos discentes amargam a posição 59, de um total de 70 (obtiveram a 58ª em letramento, 63ª em Ciências e 65ª em Matemática), estudantes da Finlândia, Coreia do Sul e Japão estão se peitando entre os primeiros da lista, de acordo com o resultado do PISA realizado em 2018. Mas vem a pergunta: como o país que se situa entre as 10 maiores economias do mundo está próximo da posição 60 no ranking da educação?

Se analisarmos a balança comercial brasileira, dos dez produtos que mais exportamos, nove estão muito mais relacionados às nossas riquezas naturais do que a qualquer outra coisa. O bem que mais exportamos e que tem maior valor agregado de conhecimento e desenvolvimento tecnológico são os aviões produzidos pela EMBRAER – que recentemente foi vendida para empresa estrangeira. Os nove produtos restantes ou são alimentos (com algum valor agregado graças às pesquisas relacionada com a produção das culturas em larga escala ou até ao melhoramento genético) ou fruto do extrativismo, principalmente mineral, já que petróleo e ferro estão entre as estrelas da balança comercial brasileira.

Para conseguir essa boa performance, especialmente na produção de alimentos como a soja, o Brasil tem pago um preço muito alto, no que se refere a perda de áreas nativas, consequentemente perda de biodiversidade animal e vegetal, para que estas áreas sejam substituídas por plantios de diferentes culturas. Assim, estamos mantendo a boa posição na balança comercial mundial porque estamos substituindo algumas riquezas ainda não descobertas (estimo que a perda de diversidade pode está jogando fora organismos desconhecidos e que poderiam ter potencial tanto alimentício quanto para produção de substâncias para composição de drogas para o tratamento de muitos dos nossos males) pelo plantio de monoculturas ou pela exploração de minérios para suprir o mundo, com produtos de baixo valor comercial, por ter baixo valor agregado. Com isso quem mais sofre é o meio ambiente.

Apenas para citar um caso mais próximo nosso. Dentre os produtos que o Estado do Piauí vende, de acordo com dados de pesquisa do Comércio Exterior, captado através do sítio eletrônico www.dataviva.info, estão em primeiro lugar a Soja (76%), as Ceras Vegetais (9,2%) e o farelo de soja (6,5%) (veja figura).

Produtos exportados do Piauí (2018). Fonte: DataViva.info

Um produto agrícola (soja) que para ser produzido exige um volume de desmatamento sem precedentes; um produto extraído das nossas matas (ceras vegetais leia-se especialmente o pó da cera de carnaúba) e um produto industrial advindo da maceração de um produto agrícola (farelo de soja), todos produtos de baixíssimo valor agregado.

O ponto mais importante a ser notado é se consequíssemos agregar algum valor para estes produtos conseguiríamos vendê-los por um preço bem melhor> Onde a educação influenciaria? Na formação de pessoas que pudessem pesquisar meios para melhorar o valor agregado para muitos dos nossos produtos. Se acontecesse veríamos as mudanças acontecerem.

Boa semana para todos (as)...

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