A cultura do Piauí sofreu um golpe profundo agora em 2015. Ontem à noite, recebi a notícia de que o Salão do Livro do Piauí- SALIPI não irá acontecer este ano. O motivo é a falta de patrocínio para o evento que já havia se tornado, indiscutivelmente, em um dos mais importantes do calendário do Estado. Segundo os organizadores, até agora, eles não receberam ainda qualquer ajuda dos dois maiores patrocinadores: Estado e Prefeitura de Teresina. No caso da Prefeitura, eles sequer foram recebidos.

É lastimável que, em um Estado tão carente de cultura como o Piauí, o SALIPI seja visto como uma coisa dispensável, descartável. O Salão do Livro nasceu da ideia obstinada de um grupo de professores que insiste, apesar de todas as dificuldades, em promover o conhecimento e incentivar a leitura. E não há outro caminho, que não este, para promover-se o desenvolvimento de um povo. Como diria Monteiro Lobato, um país se faz com homens e livros. Infelizmente, este não é o pensamento que predomina no Piauí. Talvez por isso ainda amarguemos índices vergonhosos de desenvolvimento e analfabetismo.
Ao longo dos anos, a população acostumou-se com a realização do Salão todo mês de junho, oferecendo uma diversidade de livros, palestras, oficinas e bate-papo literário com autores locais e nacionais. Nomes destacados do mundo das letras já passaram pelo SALIPI, como o humorista Ziraldo e o escritor Laurentino Gomes, só para citar alguns. E o melhor, o público tinha acesso a tudo isso gratuitamente, já que o SALÃO nunca teve fins comerciais. O dinheiro arrecadado com os patrocinadores era apenas para pagar os custos de realização do evento.
No entanto, infelizmente, ainda prevalece a mentalidade limitada de que, quando o orçamento aperta, a primeira área a ser sacrificada é a da cultura. O fim do SALIPI é lamentável. Todos sofremos, todos perdemos, mas perde, principalmente, a população de baixa renda que não dispõe de dinheiro para frequentar as feiras literárias realizadas em outros Estados.
O SALIPI era um dos motivos de orgulho para os teresinenses. Uma porta generosa que se abria para a difusão das letras e promoção da educação. Mas educação, ao que parece, ainda não é prioridade por estas bandas. O caminho para a desinformação e a alienação é mais fácil e mais cômodo, porém muito mais danoso para a cidade e seus cidadãos.